Tesouro IPCA+ registra maior taxa do ano com nova alta nas projeções de inflação
Nesta segunda-feira, 21 de outubro de 2024, as taxas do Tesouro IPCA+ alcançaram novos recordes, refletindo um aumento nas projeções de inflação e incertezas sobre a política fiscal brasileira.
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Nesta segunda-feira, 21 de outubro de 2024, os títulos do Tesouro Direto, especialmente os indexados ao IPCA, atingiram novas máximas em suas taxas, destacando-se com um prêmio de até 6,7% além da inflação. Essa elevação reflete um ambiente de expectativas crescentes em relação à inflação e à política fiscal do Brasil, levantando preocupações sobre a sustentabilidade da recuperação econômica.
Os títulos do Tesouro IPCA+ mostraram um aumento significativo nas taxas, especialmente os com vencimento em 2035, que agora oferecem 6,60% ao ano na parte prefixada. Este valor representa a maior taxa registrada em 2024, superando o recorde anterior de 6,58% alcançado em 2 de julho. O título com vencimento em 2029 também quebrou seu próprio recorde, passando a oferecer 6,74% ao ano em juros reais.
Esse movimento de alta nas taxas é resultado de uma combinação de fatores, incluindo revisões nas projeções de inflação e uma pressão crescente sobre as remunerações do Tesouro Direto. Os analistas têm apontado para um aumento nas expectativas de inflação, refletindo um clima de incerteza econômica e fiscal.
As projeções de inflação para 2024 foram ajustadas, com uma elevação de 4,39% para 4,50%, conforme revelado na última edição do Boletim Focus do Banco Central. Essa é a terceira semana consecutiva de alta nas previsões de inflação. Para 2025, a expectativa também subiu, passando de 3,96% para 3,99%.
Além disso, a Selic, que atualmente está em 11,75%, deve se manter nesse patamar em 2024, mas as previsões para 2025 foram elevadas de 11% para 11,25%. Esses dados ressaltam a preocupação dos investidores com a inflação e a política monetária no Brasil, especialmente em um cenário de incerteza fiscal.
O aumento das taxas dos títulos do Tesouro IPCA+ reflete o pessimismo do mercado em relação à política fiscal brasileira. Muitos analistas duvidam da capacidade do governo de implementar um pacote de cortes de juros que vem sendo defendido pela Fazenda e pelo Planejamento. Esse ceticismo é alimentado pelo aquecimento da economia, que, segundo alguns especialistas, pode estar exagerando nas expectativas de rendimento dos títulos.
Embora os títulos mais curtos tenham sentido o peso das revisões de projeção, os papéis de longo prazo, como o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, também apresentaram uma leve alta nas taxas, subindo de 6,56% na última sexta-feira para 6,58% ao ano nesta segunda-feira (21).
Enquanto os títulos indexados ao IPCA tiveram um desempenho forte, os títulos prefixados apresentaram uma tendência oposta. Após alcançarem máximas na última sexta-feira (18), os juros dos títulos prefixados registraram uma queda. O retorno anual do título com vencimento em 2031 recuou de 13,01% para 12,91%.