Nesta super quarta-feira (31), tanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central quanto o Federal Reserve (Fed) dos EUA decidiram manter suas taxas de juros inalteradas.

O Copom optou por manter a Selic em 10,50% ao ano, mantendo a taxa estável pela segunda reunião consecutiva e registrando o menor nível desde fevereiro de 2022. A decisão segue uma tendência de estabilidade após cortes anteriores que foram interrompidos na última reunião.

Por sua vez, o Fed manteve os juros na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, o maior nível desde 2001, também pela oitava reunião consecutiva. O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que um possível corte na taxa poderá ser considerado na próxima reunião, em setembro, dependendo da evolução dos dados econômicos.

Detalhes da decisão do Copom

Repetindo a movimentação do mês de junho, a decisão do colegiado de diretores do Banco Central foi unânime, com todos os nove membros do Copom votando pela manutenção das taxas de juros. 

Dessa maneira, o Copom considerou que as condições econômicas, tanto no cenário doméstico quanto no internacional, exigem uma postura ainda mais cautelosa na condução da política monetária. 

“Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, afirmou o Comitê, em nota.

De acordo com o comunicado divulgado pelo Copom, a conjuntura atual é caracterizada por um processo de desinflação que tende a ser mais lento, além da ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e de um cenário global desafiador. Essas condições exigem serenidade e moderação na condução da política monetária.

Além disso, o colegiado enfatizou novamente que a política monetária deve permanecer contracionista por um período suficiente para não apenas consolidar o processo de desinflação, mas também assegurar a ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta.

EUA: Fed mantém juros entre 5,25% e 5,5% ao ano

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) decidiu manter as taxas de juros de referência dos Estados Unidos (EUA) nesta quarta-feira, deixando-as no intervalo de 5,25% a 5,50% pela oitava reunião consecutiva.

Para o FOMC, não é apropriado reduzir os juros até ter maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de emprego foram moderados e a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa. A inflação diminuiu no ano passado, mas ainda está um pouco elevada. Nos últimos meses, houve algum progresso adicional em direção à meta de inflação de 2% do Comitê”, afirmou o FOMC.

Nesse cenário, o reajuste da taxa de juros ficou alinhado com as expectativas do mercado. Mais cedo, o CME FedWatch Tool, uma ferramenta que mostra as probabilidades de cortes para as reuniões do Fed, indicava uma probabilidade de 97,9% de manutenção da taxa de juros.

Vale destacar que as apostas para o início da flexibilização da política monetária nos EUA estavam concentradas na reunião de setembro, com uma probabilidade de 89,6%. Além disso, 60% do mercado ainda considera uma redução na reunião de novembro, e 57,8% espera outro corte em dezembro.

Nas decisões recentes, o Fed tem enfatizado que a inflação parece estar se aproximando da meta de 2%, mas ainda são necessários sinais mais claros para justificar cortes nas taxas de juros.

Em junho, os preços ao consumidor surpreenderam com uma queda de 0,1% em relação ao mês anterior. No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou para 3%.

O Comitê também mantém uma postura cautelosa em relação ao mercado de trabalho, que, embora esteja crescendo de forma moderada, continua apertado. A demanda vem se moderando em resposta aos aumentos nas taxas de juros pelo Fed.

O relatório Jolts mostrou uma redução de 46 mil vagas, totalizando 8,184 milhões de postos de trabalho no último dia de junho. De acordo com a ADP, foram criados 122 mil empregos no setor privado norte-americano neste mês. O relatório oficial de emprego (payroll) será divulgado no final desta semana.

Gabryella Mendes

Redatora do Melhor Investimento.