O mercado financeiro aumentou para quase 90% as apostas de corte de juros nos EUA em setembro, depois do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no Simpósio de Jackson Hole. A análise é de Sara Paixão, especialista em Macroeconomia da InvestSmart.

Powell afirmou que a taxa de juros atual está 1 ponto percentual acima do nível neutro, o que coloca a política monetária em campo contracionista. Esse cenário pode frear a atividade econômica e ampliar o risco de queda no emprego.

De acordo com Sara Paixão, o mercado de trabalho dos EUA mostra sinais de equilíbrio, mas de forma frágil.

“O ajuste aconteceu pela redução na oferta de empregos, resultado direto dos juros, e pela queda na demanda, ligada às novas políticas migratórias e à redução na taxa de participação”, explica. Ela avalia que uma desaceleração mais forte da economia pode reduzir ainda mais a criação de vagas.

Powell ressaltou que o Fed precisa reavaliar em breve a política monetária, o que abriu espaço para cortes já na próxima reunião do FOMC, em setembro. Ele também alertou para os riscos da nova tarifação sobre a inflação. Os efeitos devem aparecer no curto prazo, mas Powell não descartou impactos estruturais sobre as expectativas inflacionárias.

Quais são os impactos do corte de juros nos EUA para o Brasil e para o mundo

Um corte de juros nos EUA tende a mexer com os fluxos globais de capital. Para o Brasil, a decisão pode aumentar a entrada de investimentos estrangeiros na renda fixa e na Bolsa, já que a diferença entre os juros brasileiros e os americanos se amplia, tornando os ativos locais mais atrativos. Isso também pode pressionar para baixo a cotação do dólar e aliviar a inflação importada.

No cenário global, juros mais baixos nos EUA reduzem o custo de financiamento para empresas e governos, estimulam o consumo e favorecem ativos de risco, como ações e commodities.

No entanto, a medida também pode elevar a volatilidade nos mercados emergentes caso os investidores reavaliem suas posições de curto prazo diante de mudanças na política do Fed.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.