Renda fixa digital no Brasil cresce 3x em 2024: oportunidades e riscos para investidores
A renda fixa digital no Brasil tem se expandido rapidamente em 2024, com crescimento significativo em emissões reguladas de tokens de renda fixa via crowdfunding.
A renda fixa digital tem emergido como uma das opções mais atrativas para investidores no Brasil, especialmente com a alta dos juros e a popularidade das criptomoedas. Em 2024, esse segmento viu um crescimento significativo, refletindo uma tendência global de digitalização dos investimentos. Esse tipo de investimento, que utiliza tokens emitidos por meio de blockchain, tem se destacado devido à sua rentabilidade e acessibilidade. Mas, como funciona e por que essa nova modalidade está conquistando tanto espaço no mercado financeiro brasileiro?
O crescimento da renda fixa digital no Brasil
No primeiro semestre de 2024, mais de R$ 7 trilhões foram investidos por pessoas físicas no Brasil, e uma parte significativa desses recursos foi direcionada para a renda fixa. Isso é um reflexo do cenário econômico, com taxas de juros ainda elevadas, o que tem levado o brasileiro a buscar aplicações seguras e previsíveis. Porém, a grande novidade é a crescente adesão à renda fixa digital, uma modalidade que mescla a segurança da renda fixa tradicional com a inovação das tecnologias de blockchain.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da resolução 88, trouxe um marco importante para a regulação desse mercado. Desde abril de 2023, as empresas do setor cripto de pequeno porte podem emitir criptoativos de renda fixa dentro do conceito de investimento coletivo (crowdfunding), o que facilita a emissão e amplia o acesso dos investidores. Esse movimento fez com que as ofertas de tokens de renda fixa disparassem em 2024.
De acordo com dados da CVM, as ofertas realizadas através de crowdfunding já somam R$ 1,1 bilhão em 2024, três vezes o valor de 2023. Esse crescimento demonstra o potencial de uma nova forma de captação de recursos para empresas, especialmente para aquelas de menor porte, que antes enfrentavam dificuldades devido à burocracia e altos custos dos financiamentos tradicionais.
Como funciona a renda fixa digital?
A renda fixa digital é baseada em criptoativos, como tokens e certificados de recebíveis, que são emitidos por meio de blockchain, a mesma tecnologia por trás do Bitcoin. A principal diferença é que, ao invés de transações com criptomoedas, são criados títulos que representam uma promessa de pagamento com rendimentos definidos.
Esses tokens, que podem ser emitidos por empresas de diversos setores, têm atraído o interesse de investidores que buscam diversificar sua carteira com investimentos de maior rentabilidade. As ofertas de debêntures, por exemplo, podem pagar até IPCA + 16% ao ano, ou até CDI + 7% ao ano, no caso de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que são isentos de Imposto de Renda. Isso coloca esses investimentos como alternativas atraentes para quem deseja rentabilidades mais elevadas do que as oferecidas pelos produtos de renda fixa tradicionais.
As vantagens da renda fixa digital
O principal apelo da renda fixa digital é a possibilidade de acessar investimentos com rendimentos elevados, ao mesmo tempo em que se mantém a segurança da renda fixa. Além disso, a emissão via blockchain oferece maior transparência, agilidade e redução de custos operacionais, o que é um grande atrativo para pequenos investidores.
Um exemplo disso é a PeerBR, uma das líderes no mercado de tokenização e investimentos alternativos. Em 2024, a empresa foi responsável por 30% das emissões de tokens no Brasil e tem grandes expectativas para 2025, com metas de alcançar R$ 1 bilhão em emissões. Marcos Barros, CEO da PeerBR, destaca que a nova resolução da CVM tem ajudado a democratizar o acesso ao crédito, especialmente para as pequenas e médias empresas, além de permitir que investidores acessem ativos com rendimentos mais altos, com menos intermediários e burocracia.
Riscos e cuidados com a renda fixa digital
Apesar das vantagens, a renda fixa digital envolve riscos que devem ser cuidadosamente analisados pelos investidores. Diferente dos produtos tradicionais de renda fixa, como CDBs e debêntures, que são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), os tokens de renda fixa não possuem essa garantia, o que significa que, caso o emissor não cumpra com suas obrigações, o investidor pode perder o valor investido.
Além disso, o risco de crédito é outro fator importante a ser considerado. Cada emissão tem suas próprias regras e especificações, e é essencial que os investidores leiam com atenção todos os detalhes do produto antes de investir. Como alerta Rodrigo Caldas de Carvalho Borges, sócio do Carvalho Borges Araujo Advogados, “cada oferta possui regras próprias sendo recomendável aos investidores analisarem detalhadamente todas as informações relativas a cada oferta antes de investirem seus recursos”.