CVM abre consulta para reformar Resolução 88 e traz clareza para tokenização e crowdfunding
A proposta aumenta limites de captação, amplia emissores elegíveis e traz mais clareza para ofertas em blockchain, incluindo a possibilidade de tokens de renda fixa.

A CVM abriu consulta pública para reformar a Resolução 88, um marco regulatório que orienta o crowdfunding e a tokenização de ativos no Brasil. A proposta visa modernizar o regime de captação de recursos para pequenas e médias empresas e criar regras mais claras para ofertas em blockchain, fortalecendo a segurança jurídica do mercado de capitais.
Por que a reforma da Resolução 88 é importante?
A Resolução 88, criada em abril de 2022, permitiu que empresas de pequeno e médio porte acessassem um novo mecanismo de captação coletiva de recursos, o crowdfunding de investimentos. Além disso, abriu espaço para que dívidas e outros ativos fossem tokenizados, mas a falta de clareza regulatória gerou incertezas para investidores e emissores.
Segundo levantamento da CVM, as emissões realizadas pelo regime da Resolução 88 já somam mais de R$ 2,2 bilhões no segundo trimestre de 2025, demonstrando o potencial de crescimento desse modelo de investimento. A reforma pretende atualizar o marco regulatório e proporcionar maior transparência e segurança jurídica para todos os participantes do mercado.
“A proposta de reforma do regime aplicável ao crowdfunding de investimentos faz parte do compromisso da CVM de modernizar a regulação do mercado de capitais em sintonia com sua missão de estimular o desenvolvimento do mercado e do Brasil”, afirmou Otto Lobo, presidente interino da CVM.
Principais mudanças da CVM para tokenização e crowdfunding
A proposta de reforma da CVM traz novas regras que impactam diretamente o mercado de criptoativos e crowdfunding:
- Ampliação de emissores e instrumentos elegíveis
O texto inclui companhias securitizadoras registradas na CVM, produtores rurais pessoas físicas e cooperativas agropecuárias. Também remove o limite de faturamento para sociedades empresárias não registradas, ampliando o acesso ao regime. - Novos limites de captação
O teto para sociedades empresárias e cooperativas agropecuárias passa de R$ 15 milhões para R$ 25 milhões, enquanto securitizadoras podem captar até R$ 50 milhões. Produtores rurais terão limite de R$ 2,5 milhões por safra, incentivando projetos de maior escala. - Flexibilidade nos investimentos
Os limites globais de investimento serão convertidos em limites por plataforma. Além disso, valores reinvestidos no mesmo ano-calendário não serão computados para o limite anual, permitindo maior liberdade para investidores ativos. - Adaptações nos procedimentos das ofertas
A CVM propõe ajustes nas regras de lock-up, definição de valores mínimos e máximos de captação e flexibilização do lote adicional em determinadas ofertas, garantindo maior agilidade e adaptabilidade nas emissões. - Integração com sistemas tradicionais de distribuição
Plataformas de crowdfunding poderão se integrar a instituições do sistema de distribuição de valores mobiliários, ampliando o alcance das ofertas. - Transações subsequentes mais avançadas
A proposta prevê a possibilidade de recompra de valores mobiliários pelos emissores e revisa o conceito de “investidor ativo”, permitindo maior dinamismo no mercado secundário. - Transparência e informação ao investidor
Serão criados anexos informacionais específicos para cada tipo de emissor e exigidos indicadores de desempenho das plataformas, reforçando a confiança no sistema. - Diversificação dos investimentos de varejo
O fortalecimento do sindicato de investimento participativo permitirá comprometimento prévio de recursos em projetos liderados por investidores qualificados. - Período de adaptação
Companhias securitizadoras já atuantes terão prazo para requerer registro junto à CVM sem interrupção das ofertas, garantindo continuidade dos negócios.
Impacto para o mercado de criptoativos
A reforma é especialmente relevante para o setor de criptomoedas, que historicamente enfrentou lacunas regulatórias em tokenizações. O aumento do teto de captação e a definição clara de regras para ofertas em blockchain permitem que projetos de tokens de renda fixa e outros ativos digitais sejam lançados com maior segurança jurídica.
O diretor-presidente da CVM, João Accioly, destacou no DAC 2025, evento do Mercado Bitcoin, a necessidade de modernizar a regulação e eliminar gargalos que prejudicam o crescimento do setor.
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