A Natura (NTCO3) anunciou nesta segunda-feira (17) a aprovação de um programa de recompra de ações ordinárias, em resposta à forte queda de 30% registrada na última sexta-feira (14) após a divulgação do seu balanço do quarto trimestre de 2024. A medida busca valorizar os acionistas e sinaliza a confiança da companhia no seu potencial de recuperação.

O plano prevê a recompra de até 52.631.578 ações ordinárias, o que representa 3,8% do total de papéis emitidos pela empresa e 6,2% das ações em circulação. Segundo a Natura, o prazo máximo para execução da recompra é de 12 meses, com encerramento previsto para 17 de março de 2026.

Essa decisão chega em um momento desafiador para a empresa de cosméticos, que reportou um prejuízo bilionário e viu o valor de mercado encolher drasticamente. A recompra é uma estratégia comum adotada por companhias para sustentar o preço das ações, aumentar a remuneração dos investidores e demonstrar confiança na operação.

Natura (NTCO3) busca valorizar acionistas com recompra de ações

O programa de recompra aprovado pelo conselho de administração da Natura poderá ser utilizado para manter as ações em tesouraria, efetuar bonificações ou até mesmo realizar o cancelamento dos papéis, tudo isso sem reduzir o capital social da companhia.

Segundo o fato relevante enviado ao mercado, o principal objetivo da recompra é maximizar a geração de valor para os acionistas, especialmente após a forte desvalorização dos papéis na B3. Atualmente, a empresa possui 852,2 milhões de ações ordinárias em circulação e 298,5 mil papéis em tesouraria.

Esse tipo de movimento costuma ocorrer quando a administração da companhia entende que o preço das ações está abaixo do valor justo, o que parece ser o caso da Natura após o resultado do quarto trimestre.

Vale destacar que, além de reforçar o compromisso com o investidor, o programa também pode ser utilizado para remuneração de executivos sem a necessidade de novas emissões, uma prática comum entre grandes empresas listadas. Saiba mais sobre programas de recompra de ações e como eles impactam o mercado.

Balanço do 4T24: Natura amarga prejuízo, mas melhora frente a 2023

O anúncio da recompra acontece após a Natura reportar um prejuízo líquido de R$ 438,5 milhões no quarto trimestre de 2024, número que apesar de elevado, representa uma melhora de 83,5% em relação ao prejuízo de R$ 2,7 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia ficou negativo em R$ 139,6 milhões, revertendo o Ebitda positivo de R$ 466 milhões de 2023. Porém, o Ebitda recorrente somou R$ 703,3 milhões, com margem de 9,1%, o que representa uma queda de 70 pontos-base na comparação anual.

Entre os principais impactos nos números, a Natura destacou ajustes não operacionais de -R$ 843 milhões relacionados ao suporte à Avon Products Inc., que está em recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos. Além disso, houve um impacto de -R$ 114 milhões por conta de operações descontinuadas.

Mesmo com os prejuízos, a receita líquida consolidada da companhia apresentou crescimento, somando R$ 7,7 bilhões no trimestre — um avanço de 16,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Estratégia visa recuperar a confiança do mercado

A forte reação negativa do mercado ao balanço pressionou as ações da Natura (NTCO3), levando a companhia a adotar medidas para conter a desvalorização e reconquistar a confiança dos investidores.

Programas de recompra, como o anunciado, são frequentemente utilizados por empresas para corrigir distorções de preço e dar suporte às cotações no mercado, especialmente quando o cenário financeiro apresenta desafios.

Além disso, o movimento reforça o comprometimento da Natura em manter o equilíbrio financeiro e otimizar a estrutura de capital, mesmo diante de adversidades como o impacto da crise da Avon e o aumento das despesas com reestruturação.

A expectativa agora é de que o programa de recompra traga maior estabilidade para os papéis da companhia na Bolsa, ao mesmo tempo em que sinaliza o alinhamento da gestão com os interesses dos acionistas.