Ações em tesouraria: veja como funciona a recompra de ações
Ações em tesouraria são ações que uma empresa comprou de volta e mantém em seu próprio portfólio, sem direitos a voto ou dividendos. Saiba mais sobre a recompra de ações!
A recompra de ações, também conhecida como ações em tesouraria, é uma prática comum entre empresas de capital aberto e pode ser uma estratégia interessante tanto para as próprias companhias quanto para os investidores.
Essa ação envolve a compra, pela própria empresa, de suas ações no mercado, retirando-as temporariamente de circulação. Mas por que uma empresa faria isso? Quais são os benefícios e os riscos envolvidos?
A seguir, o Melhor Investimento explora o funcionamento das ações em tesouraria, seus objetivos, regras, vantagens e até mesmo exemplos práticos. Confira!
O que são ações em tesouraria?
Ações em tesouraria são aquelas que uma empresa de capital aberto adquire de volta no mercado e que passam a ser de sua própria titularidade. Ou seja, quando uma companhia decide recomprar suas próprias ações, elas são mantidas em tesouraria, o que significa que estão fora de circulação no mercado.
Essa prática não anula as ações compradas, apenas as retira de circulação temporariamente, podendo, posteriormente, ser revendidas ou até mesmo canceladas. A recompra pode ser feita por diversos motivos, como parte de uma estratégia de valorização das ações, ajuste de capital, ou até para atender compromissos futuros.
O que é uma recompra de ações?
A recompra de ações é um processo em que uma empresa adquire suas próprias ações que estão disponíveis no mercado. Isso é feito usando recursos financeiros da empresa, e as ações compradas são mantidas em tesouraria.
Essa prática é utilizada por diversas razões, incluindo a tentativa de aumentar o valor das ações remanescentes, sinalizar confiança da administração na companhia e ajustar indicadores financeiros, como o lucro por ação (LPA).
As ações em tesouraria não têm direito a voto e não recebem dividendos enquanto estiverem nessa condição. A recompra pode ser uma estratégia eficaz, mas é essencial que a empresa a implemente com uma visão clara de longo prazo.
Finalidades da recompra de ações
Existem diferentes razões que podem motivar uma empresa a realizar a recompra de suas ações. Abaixo, destacamos algumas das principais finalidades:
Valorização das ações em circulação
Um dos principais motivos para a recompra de ações é a tentativa de valorizar as ações que permanecem em circulação. Quando uma empresa retira parte de suas ações do mercado, a oferta dessas ações diminui.
Se a demanda permanecer constante ou aumentar, é provável que o preço das ações restantes suba. Esse movimento pode ser um sinal positivo para o mercado, já que demonstra que a própria empresa acredita que suas ações estão subvalorizadas.
Distribuição futura
A recompra de ações também pode ser feita com a intenção de distribuí-las futuramente. Por exemplo, a empresa pode decidir realizar uma recompra com o objetivo de utilizá-las em programas de incentivos para funcionários, como planos de opções de ações. Dessa forma, as ações são usadas como uma forma de bonificação, motivando a equipe e alinhando seus interesses aos da companhia.
Melhoraria nos índices financeiros
A recompra de ações pode ajudar a melhorar certos índices financeiros, como o lucro por ação (LPA). Quando uma empresa retira ações de circulação, o número total de ações em que os lucros são divididos diminui, o que eleva o LPA. Esse indicador pode ser um atrativo para investidores, pois sugere um melhor desempenho financeiro da empresa, mesmo que o lucro total não tenha mudado.
Distribuição de dividendos
Em vez de pagar dividendos diretamente, algumas empresas preferem recompensar seus acionistas indiretamente por meio da recompra de ações. Isso pode ser vantajoso em alguns casos, já que os acionistas podem ter um ganho de capital com a valorização das ações. Além disso, ao recomprar ações, a empresa pode evitar o pagamento de impostos sobre os dividendos, dependendo da legislação do país.
Como a recompra de ações impacta os acionistas minoritários?
E o que isso significa para os acionistas minoritários, aqueles que têm uma fatia menor da empresa? Quando uma empresa recompra suas ações, o número total de ações no mercado diminui. Com isso, cada acionista que fica vê sua participação proporcional aumentar. Isso é ótimo, pois pode significar que o lucro por ação vai subir, elevando o preço das ações que você possui.
Mas atenção! Se a recompra for uma forma de a administração esconder problemas, isso pode ser um sinal de alerta. Os acionistas precisam ficar de olho nas motivações por trás da recompra e entender se a empresa realmente está caminhando na direção certa ou se está apenas tentando “tapar o sol com a peneira”.
Quais são os tipos de recompra de ações?
Agora, você deve estar se perguntando: “mas existem diferentes jeitos de recomprar ações?” E a resposta é sim! Aqui estão alguns tipos comuns:
- Recompra direta: a empresa compra suas ações diretamente no mercado.
- Recompra por meio de leilão: nesse caso, a empresa oferece um preço fixo por ação para os acionistas que querem vender suas ações de volta. É uma oportunidade para quem quer um preço garantido.
- Recompra programada: aqui, a empresa faz um plano e compra ações ao longo do tempo. Isso ajuda a evitar que a compra cause grandes oscilações no preço das ações.
Cada tipo tem seus prós e contras, e a escolha vai depender do que a empresa está buscando no momento.
Como a recompra de ações pode influenciar a percepção do mercado?
A forma como o mercado percebe uma empresa pode mudar bastante quando ela decide fazer uma recompra de ações. Quando uma empresa anuncia que vai recomprar suas ações, isso pode ser visto como um sinal de que a administração está confiante no futuro da companhia. E isso, geralmente, atrai mais investidores, ajudando a aumentar o preço das ações.
Por outro lado, se a recompra for vista como uma tentativa de mascarar problemas reais, a confiança pode ir para o ralo. O mercado pode pensar: “O que está acontecendo aqui? Por que a empresa não está investindo em crescimento?”. Por isso, é importante que a empresa comunique bem suas intenções e que o mercado entenda o que está por trás dessa decisão.
Limitações e regras para ações em tesouraria no Brasil
No Brasil, a recompra de ações está sujeita a regulamentações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que visa proteger o mercado e os investidores. As empresas que desejam realizar um programa de recompra precisam divulgar uma série de informações ao mercado, como a quantidade de ações que será adquirida, o prazo para a recompra e os recursos que serão utilizados.
Entre as principais limitações, está o fato de que uma empresa não pode recomprar mais do que 10% das ações em circulação, de acordo com a legislação vigente. Além disso, as ações recompradas não têm direito a voto ou a recebimento de dividendos enquanto estiverem em tesouraria.
Essas regras garantem que o processo de recompra seja transparente e justo, evitando que as empresas manipulem o mercado e prejudiquem os investidores.
Aspectos contábeis da recompra de ações
Agora, vamos falar um pouco sobre os aspectos contábeis da recompra de ações. Quando a empresa recompra suas ações, o valor pago por elas entra como um ativo, as chamadas ações em tesouraria, e isso acaba reduzindo o patrimônio líquido da companhia. É como se a empresa dissesse: “Estou gastando dinheiro para comprar uma parte de mim mesma”.
O que isso significa? Que, apesar de ter dinheiro no caixa, a empresa pode parecer ter menos capital disponível. E as ações em tesouraria não geram dividendos, então os acionistas não recebem nada enquanto elas estiverem lá. Os investidores precisam prestar atenção em como a recompra impacta os números da empresa a longo prazo, pois isso pode influenciar a saúde financeira dela.
Vantagens para a empresa que recompra ações
A recompra de ações pode trazer uma série de vantagens para a empresa, dependendo do contexto e dos objetivos estratégicos. Algumas das principais vantagens incluem:
- Valorização do preço das ações: como mencionado anteriormente, a redução na quantidade de ações em circulação pode aumentar a valorização das ações restantes.
- Flexibilidade na gestão de capital: a empresa pode ajustar seu capital social de forma mais eficiente, comprando ações quando estão subvalorizadas e vendendo quando alcançam um preço mais atrativo.
- Sinalização de confiança: quando a empresa decide recomprar suas ações, pode sinalizar ao mercado que acredita no seu próprio valor, o que pode ser visto de forma positiva pelos investidores.
- Recompensa para acionistas: a valorização das ações e a possível futura venda a preços maiores beneficiam os acionistas de longo prazo, que podem ver suas ações se valorizarem.
Quais os riscos de recomprar ações?
Embora a recompra de ações possa trazer benefícios, ela também apresenta riscos que precisam ser considerados. Um dos principais riscos é a má alocação de recursos. Se uma empresa decide recomprar suas ações quando elas estão supervalorizadas, pode acabar gastando muito dinheiro para comprar ações que, posteriormente, podem cair de valor.
Além disso, o uso de caixa da empresa para recomprar ações pode reduzir sua liquidez, tornando-a menos preparada para lidar com imprevistos financeiros ou para investir em novas oportunidades de crescimento. Isso pode ser visto de forma negativa pelos investidores, que podem preferir que a empresa utilize seus recursos para investir em inovação ou expansão, em vez de reduzir o número de ações em circulação.
Outro risco é o impacto que a recompra pode ter sobre a percepção do mercado. Em alguns casos, a recompra pode ser vista como uma forma de a empresa mascarar uma falta de crescimento nos seus negócios, desviando a atenção do mercado para uma ação de curto prazo.
Exemplos de uso na prática
Na prática, várias empresas de grande porte realizam programas de recompra de ações como parte de sua estratégia financeira. No Brasil, grandes companhias como Petrobras, Ambev e Vale já utilizaram a recompra de ações como parte de suas estratégias financeiras para valorizar os papéis ou distribuir ações em programas de incentivo.
Esses programas são frequentemente anunciados em períodos de crise, quando as ações estão subvalorizadas, ou em momentos de forte geração de caixa, quando a empresa tem recursos disponíveis para reinvestir na compra de suas próprias ações.
Considerações para investidores
Para investidores, é importante analisar com atenção os programas de recompra de ações anunciados pelas empresas em que investem. Um programa de recompra pode ser um bom indicativo de confiança da administração na empresa, mas é essencial que o investidor avalie o impacto que essa decisão tem no caixa e na estratégia de longo prazo da companhia.
A avaliação de todos os aspectos envolvidos permite que o investidor tome decisões mais informadas, considerando tanto o potencial de valorização das ações quanto a sustentabilidade financeira da empresa ao longo do tempo.
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