A Natura (NTCO3) está em uma posição estratégica para potencializar seus dividendos, oferecendo entre 6% e 12% de retorno em dividendos extraordinários. Essa possibilidade está atrelada ao avanço da cisão da Avon Internacional, conforme apontado em um relatório recente do Safra. A análise detalha as condições atuais da empresa e os desafios que ainda precisa enfrentar.

Potencial de retorno em dividendos da Natura

A perspectiva de um retorno significativo em dividendos é animadora para os investidores. De acordo com o relatório do Safra, a cisão da Avon Internacional é vista como um passo crucial para destravar esse potencial. A separação poderia permitir à Natura concentrar seus esforços e recursos em áreas mais rentáveis, resultando em dividendos mais altos e atraentes para os acionistas.

Cisão da Avon internacional

O estudo para dividir a Avon em uma nova empresa teve início no começo de 2024 e visa melhorar a performance da Natura. Essa cisão não apenas tem o potencial de gerar uma nova listagem, mas também de criar uma estrutura corporativa mais eficiente, possibilitando que a Natura se desfaça de ativos que não contribuem para sua lucratividade.

Classificação e preço-alvo

No contexto atual, o Safra atribuiu à Natura uma classificação neutra, com um preço-alvo de R$ 17, que sugere um potencial de valorização de 7%. Essa avaliação reflete uma visão cautelosa sobre os próximos passos da empresa, especialmente considerando os desafios que ainda persistem no cenário operacional.

Desafios financeiros da Avon internacional

Apesar das expectativas positivas, os analistas ressaltam que a Avon Internacional continua a impactar negativamente os resultados da Natura. Com uma queima de caixa estimada em R$ 316 milhões por ano e uma margem Ebitda de apenas 7%, a situação atual requer atenção. A capacidade de reverter essa dinâmica será crucial para o futuro da companhia.

Queda na receita e margens

Os números falam por si: a receita da Avon encolheu drasticamente, passando de R$ 10,8 bilhões em 2020 para R$ 6,8 bilhões esperados em 2024. Essa queda acentuada nas receitas tem gerado margens menores, consequência da alavancagem operacional. A dificuldade em equilibrar despesas e receitas tem sido um desafio constante para a Natura.

Avaliação de mercado

Atualmente, a Natura é negociada a 6,8x o EV/Ebitda de 2025, um múltiplo abaixo de seu nível histórico de 10x e inferior ao de seus pares internacionais, que apresentam negociações na casa de 13x. Essa avaliação sugere que o mercado ainda não está completamente convencido do potencial de recuperação da empresa, o que pode representar uma oportunidade para investidores atentos.

Retorno sobre capital investido

A Natura apresenta um retorno sobre o capital investido (ROIC) próximo de 8%, podendo alcançar 18% ao desconsiderar o goodwill. Esse indicador é fundamental para entender a eficiência da companhia em utilizar seu capital de forma rentável e será crucial nas avaliações futuras, especialmente em um cenário de reestruturação.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.