O real foi a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar em 2024, com uma queda superior a 20% até o dia 17 de dezembro. Esse desempenho negativo, refletido em uma desvalorização de 24,30% após o pregão de 18 de dezembro, coloca o Brasil em uma situação fiscal desafiadora, e o dólar alcançou seu maior valor nominal histórico no país. Entenda os fatores que explicam essa tendência e o impacto para a economia brasileira.

Desvalorização do real e o contexto fiscal brasileiro

Em 2024, o Brasil viu sua moeda perder valor de forma alarmante, com a desvalorização do real se destacando em relação a outras moedas globais. Até o dia 17 de dezembro, o real já havia acumulado uma queda de 21,52% frente ao dólar. A desvalorização subiu para 24,30% após o fechamento do mercado em 18 de dezembro. Esse desempenho coloca o real no topo do ranking de moedas mais desvalorizadas entre as 20 mais negociadas no mundo.

A desvalorização do real está intimamente ligada ao cenário fiscal do Brasil, que ainda gera incertezas, e ao impacto das decisões econômicas tomadas pelos Estados Unidos. O Federal Open Market Committee (FOMC), que toma decisões sobre a política monetária dos EUA, optou por cortar 25 pontos-base na taxa de juros. Contudo, a instituição sinalizou que o ritmo de corte poderia ser mais gradual no futuro. Isso manteve a tendência de alta do dólar, exacerbando os desafios para economias emergentes como a do Brasil.

Como a decisão do Fed influenciou a desvalorização?

O Federal Reserve, com sua política de juros, tem um impacto direto no câmbio mundial. Apesar da redução de 25 pontos-base nos juros dos EUA, o FOMC indicou uma desaceleração na taxa de corte, o que sustentou a força do dólar. A moeda norte-americana subiu 2,78% no dia 18 de dezembro, alcançando R$ 6,267, renovando seu maior valor nominal histórico. Mesmo com o avanço do pacote fiscal no Congresso brasileiro, os receios fiscais persistem, fazendo com que o real continue enfraquecido frente ao dólar.

Além disso, as incertezas fiscais no Brasil, como a discussão sobre a sustentabilidade da dívida pública e a necessidade de ajustes econômicos, continuam a preocupar investidores. Esse quadro faz com que o real enfrente uma pressão contínua, enquanto o dólar segue sua trajetória ascendente, impulsionado pela política monetária do Fed e pela confiança dos investidores na economia dos EUA.

O ranking das moedas

Apesar de o real ser a moeda que mais perdeu valor em 2024, outras divisas também enfrentaram dificuldades frente ao dólar. O peso mexicano, a lira turca e o rublo russo apresentaram quedas significativas, de 16%, 16% e 15%, respectivamente. O won sul-coreano também sofreu uma desvalorização de 10%. Por outro lado, algumas moedas conseguiram resistir à pressão do dólar, como o dólar de Hong Kong, que se valorizou 0,6%, o rand sul-africano, com alta de 1%, e a libra esterlina, que manteve-se praticamente estável.

O euro, por sua vez, viu sua cotação cair 5% em relação ao dólar. Isso demonstra um cenário global em que, embora o dólar tenha ganhado força, a desvalorização do real se destaca em comparação com outras economias. Confira o ranking de desvalorização das moedas em relação ao dólar:

MoedaDesvalorização Frente ao Dólar
Real-21%
Peso Mexicano-16%
Lira Turca-16%
Rublo Russo-15%
Won Sul-Coreano-10%
Coroa Norueguesa-9%
Dólar Neo-Zelandês-9%
Iene Japonês-8%
Dólar Canadense-8%
Coroa Sueca-8%
Dólar Australiano-7%
Franco Suíço-6%
Euro-5%
Coroa Dinamarquesa-5%
Iuan Chinês-3%
Dólar de Singapura-2%
Rúpia Indiana-2%
Libra Esterlina0%