O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, recuou pelo segundo dia seguido, refletindo as pressões externas e internas, principalmente relacionadas à Petrobras (PETR4). O índice encerrou o dia com uma queda de 0,65%, aos 125.147,42 pontos, em um movimento que também foi impulsionado pela contínua desvalorização do dólar, que fechou a R$ 5,77, marcando sua maior sequência de perdas desde a criação do Real. A notícia destaca os fatores que influenciam o desempenho do mercado e os próximos passos para os investidores.

O que afetou o Ibovespa hoje

A queda no índice foi liderada pelas ações da Petrobras, que continuam a exercer forte influência sobre os movimentos do mercado brasileiro. No 4º trimestre de 2024 (4T24), a companhia registrou uma queda de 10,5% na produção própria de petróleo e gás, comparado ao mesmo período do ano passado. Essa redução impactou negativamente a percepção dos investidores sobre o desempenho da empresa, com as ações da Petrobras (PETR4 e PETR3) registrando uma queda de mais de 1%.

Além disso, a empresa informou que suas vendas de petróleo, gás e combustíveis caíram 3,1% no fechamento de 2024 em comparação ao ano anterior. Esses números, embora esperados por alguns analistas, ainda assim geraram um tom pessimista sobre o futuro de curto prazo da gigante estatal. Contudo, analistas como os do BTG Pactual acreditam que a produção da Petrobras poderá se recuperar em breve, embora, por enquanto, o impacto na cotação das ações tenha sido negativo.

Outro fator importante que impactou o índice foi a ata do Copom divulgada ontem, que revelou um tom mais agressivo (hawkish) em relação à política monetária do Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros para 13,25% ao ano e indicou que novas altas podem ocorrer até março de 2025, quando uma nova elevação de 1 ponto percentual poderá ser implementada. Com isso, os analistas do mercado já projetam que a taxa Selic poderá atingir até 15,75% no fim do ciclo de alta, o que pode afetar a dinâmica de crédito e consumo no Brasil.

Esses movimentos no mercado refletem o que é esperado no cenário atual e destacam a importância das decisões do Copom sobre a economia brasileira. O mercado, por sua vez, reage não apenas ao número divulgado, mas também ao tom e à percepção sobre o futuro da política monetária.

O impacto da desvalorização do dólar no mercado brasileiro

Outro destaque relevante da sessão de hoje foi a queda do dólar à vista, que fechou em R$ 5,77, uma desvalorização de 1,75%. Isso marca a maior sequência de perdas da moeda desde a criação do Real, o que traz implicações importantes para as empresas brasileiras com grande exposição externa, como Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11), BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3). Essas empresas registraram perdas no Ibovespa, reflexo da pressão sobre as exportações e do impacto cambial nas operações internacionais.

Além disso, a desvalorização do dólar pode também ser vista como um movimento de ajuste nas expectativas de juros. A política monetária mais agressiva do Copom tende a fortalecer o real, e isso, de certa forma, alivia a pressão inflacionária, mas pode também reduzir a competitividade de empresas exportadoras. Esse fator é relevante para investidores que devem analisar como o câmbio afetará suas estratégias de investimento, especialmente em setores voltados para o exterior.

Braskem brilha no Ibovespa após avaliação positiva da Fitch

No lado positivo do Ibovespa, a Braskem (BRKM5) se destacou após uma avaliação da Fitch Ratings, que demonstrou otimismo em relação aos impactos financeiros de um evento geológico ocorrido em Alagoas. A agência de classificação de risco apontou que a adição de R$ 1,3 bilhão nas provisões para cobrir possíveis passivos não deverá afetar de forma significativa a liquidez e o fluxo de caixa livre da empresa, o que foi bem recebido pelo mercado e impulsionou suas ações.

Essa avaliação positiva ocorre em um contexto de precificação de risco de crédito, onde empresas com forte estrutura financeira tendem a atrair mais investimentos, especialmente em um cenário de alta dos juros. A Braskem, com sua posição sólida no mercado e uma avaliação favorável das agências, conseguiu se destacar em meio a um dia desafiador para o índice.

Impactos externos: o desempenho das bolsas em Nova York

Enquanto o Ibovespa enfrentava pressões, as bolsas de Nova York mostraram sinais de recuperação após o recuo do dia anterior. O índice Dow Jones avançou 0,30%, o S&P 500 subiu 0,72% e a Nasdaq teve alta de 1,35%. A recuperação foi impulsionada principalmente pelos resultados da Palantir, que viu suas ações subirem 26% após reportar resultados do 4º trimestre de 2024 que superaram as expectativas dos analistas.

Além disso, a disputa tarifária entre os EUA e a China continua sendo monitorada pelos mercados. A China retaliou recentemente com tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, incluindo energia, e as conversas sobre uma possível negociação entre os dois países seguem sendo um tema quente nas discussões de mercado. O presidente Donald Trump, no entanto, indicou que não há pressa para discutir com o presidente chinês, Xi Jinping, apesar das tensões comerciais.

Maiores altas do Ibovespa hoje (04)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRKM5+3.89%R$ 13,62
NTCO3+2.83%R$ 13,08
SBSP3+1.46%R$ 97,59
HYPE3+1.23%R$ 18,98
IGTI11+1.07%R$ 18,84

Maiores quedas do Ibovespa hoje (04)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AMOB3-6.25%R$ 0,30
SUZB3-4.05%R$ 59,92
AZUL4-3.92%R$ 4,17
JBSS3-3.79%R$ 34,29
RAIZ4-3.68%R$ 1,83

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa125.147-584-0,46%
🇧🇷 USD/BRL5,7570-0,0486-0,84%
🇺🇸 S&P 5006.037,83+43,26+0,72%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.