O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, encerrou a sessão desta quarta-feira (29) com queda de 0,50%, registrando 123.432,12 pontos. Esse movimento negativo seguiu uma série de incertezas no mercado financeiro, impulsionadas principalmente pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. O mercado reagiu com cautela, refletindo o tom conservador das autoridades monetárias diante de um cenário econômico global incerto.

A “superquarta” foi um dos principais motores para a queda do Ibovespa. Esse termo se refere à simultaneidade de decisões sobre política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, dois fatores que geram reflexos no mercado global. O Federal Reserve (Fed) foi o primeiro a anunciar sua decisão sobre as taxas de juros, seguida pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. A reação do mercado global a essas decisões teve um efeito direto sobre os índices de ações, que sofreram perdas no Brasil e nos EUA.

Cenário cauteloso

Apesar de o mercado já esperar a manutenção das taxas de juros dos EUA, a expectativa gerou um certo nervosismo. O comunicado do Fed, que excluiu a menção de que a inflação “progrediu” para a meta de 2%, mostrou um tom mais cauteloso, destacando que o ritmo de aumento de preços ainda está elevado. Isso gerou preocupações de que o ciclo de juros altos possa se estender por mais tempo, o que afeta diretamente as expectativas dos investidores.

Desempenho do Ibovespa e capital externo

O Ibovespa, que no início da semana havia alcançado sua maior pontuação desde dezembro de 2024, também foi impactado pela incerteza global. Após fechar a 124.861,50 pontos na segunda-feira, o índice acumulou um ganho de 3,8% em 2025, após o tombo de 10% em 2024. No entanto, a segunda queda consecutiva foi provocada pela cautela internacional e pela expectativa de uma continuidade da política monetária restritiva.

Parte do desempenho do índice brasileiro também pode ser explicado pela entrada de capital externo. Até o último dia 27 de janeiro, o saldo positivo foi de R$ 4,3 bilhões em 2025, o que ajudou a impulsionar os índices no início do ano. Contudo, a incerteza sobre os próximos passos do Fed e a instabilidade global geram um ambiente de maior aversão ao risco, afetando a confiança dos investidores e resultando em perdas para a bolsa brasileira.

Perspectivas econômicas e possíveis impactos

O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, comentou que o Fed seguiu o protocolo usual de não oferecer pistas claras sobre os próximos movimentos, mas destacou que o mercado de trabalho nos EUA segue forte, com a inflação permanecendo acima da meta. A expectativa agora é que seja mais difícil continuar o ciclo de afrouxamento monetário, o que implica em uma política monetária mais restritiva por um período mais longo.

Além disso, a conjuntura econômica nos EUA, com um possível governo sob Donald Trump, alimenta a incerteza. O presidente dos Estados Unidos, com propostas como o aumento das tarifas de importação e a redução de impostos, pode contribuir para uma inflação mais alta, o que obrigaria o Fed a adotar uma postura ainda mais cautelosa, com possíveis novas altas de juros.

Maiores altas do Ibovespa hoje (29)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
RADL3+1.90%R$ 21,40
PETZ3+1.66%R$ 4,91
RAIL3+1.54%R$ 17,85
YDUQ3+1.51%R$ 9,44
TOTS3+1.40%R$ 31,22

Maiores quedas do Ibovespa hoje (29)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
RENT3-4.18%R$ 30,06
AMOB3-3.23%R$ 0,30
BRKM5-3.01%R$ 14,16
MGLU3-2.66%R$ 6,58
POMO4-2.40%R$ 8,13

Dólar comercial e volatilidade internacional

O dólar comercial, por sua vez, apresentou uma leve queda de 0,06%, fechando a R$ 5,86. Contudo, a moeda americana experimentou um dia de grande volatilidade. Após a decisão do Fed, o dólar chegou a operar em alta, mas logo recuou, refletindo a cautela do mercado em relação ao impacto das taxas de juros mais altas nos EUA sobre a economia global.

Essa volatilidade também foi registrada no DXY, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas, que teve uma leve alta de 0,14%, fechando a 108,01. O mercado de câmbio reflete a incerteza global, já que investidores aguardam sinais mais claros sobre as próximas movimentações do Fed, especialmente em relação à inflação e ao emprego nos EUA, que continuam sendo pontos de atenção.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa123.432-623-0,50%
🇧🇷 USD/BRL5,8620+0,0064+0,11%
🇺🇸 S&P 5006.039,29-28,41-0,47%

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.