A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) formalizou, neste domingo, 19 de janeiro, um pedido à Polícia Federal para a abertura de um inquérito criminal. A solicitação está diretamente relacionada às ameaças de morte que a parlamentar recebeu após a divulgação de um vídeo nas redes sociais, no qual ela rebate declarações feitas pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o Pix. O caso gerou repercussão imediata e levanta questões sobre a segurança e os limites da liberdade de expressão na internet.

O pedido à Polícia Federal:

Em um cenário crescente de ataques e ameaças a figuras públicas, Hilton, que também é líder do PSOL na Câmara, procurou as autoridades após mensagens violentas e ameaçadoras circularem nas redes sociais. Em uma ação formal, os advogados da deputada encaminharam à Polícia Federal informações sobre os perfis responsáveis pelas ameaças, incluindo mensagens que incitavam violência, como sugestões de que ela deveria ser fuzilada ou que pistoleiros seriam contratados para atacá-la. Além disso, as ameaças faziam referência ao assassinato da vereadora Marielle Franco, mencionando o nome de Ronnie Lessa, condenado pelo crime.

A natureza das ameaças:

As ameaças, que ganharam força na plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter), foram explícitas e de cunho grave. Alguns internautas foram tão longe ao se referir à deputada como alvo de violência, com uma frase que aludia ao “Projeto Ronnie Lessa 2.0” como uma metáfora para a violência que já vitimou Marielle Franco. De acordo com a assessoria de Hilton, as ameaças também afetaram diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, implicando-o de maneira similar. Tais declarações podem ser interpretadas como uma tentativa de intimidar a atuação política da deputada, além de representar uma violação dos direitos humanos e da liberdade de expressão.

A resposta de Erika Hilton:

A deputada, por meio de uma nota oficial, afirmou que não cederá às ameaças e reafirmou seu compromisso com a luta política e a defesa de seus posicionamentos. Ela declarou que está tomando as medidas legais cabíveis, junto a sua equipe de segurança e advogados, para responsabilizar os autores dessas ameaças. “Não recuarei. Estou, junto de meus advogados e equipe de segurança, tomando as medidas cabíveis para responsabilizar quem comete crimes, mas, acima de tudo, não podemos perder o foco, que é espalhar a verdade sobre os fatos”, disse a parlamentar.

O vídeo e a polêmica do Pix:

A origem das ameaças está relacionada a um vídeo publicado por Erika Hilton no sábado, 18 de janeiro. No conteúdo, a deputada faz um discurso em que rebate as declarações do deputado Nikolas Ferreira sobre a taxação do Pix. Hilton utilizou um formato de vídeo semelhante ao do parlamentar, mas com um cenário diferente — ela estava vestida de branco, enquanto Ferreira usou o fundo preto para suas postagens.

Hilton refutou a acusação de que o governo Lula estivesse defendendo a taxação do Pix. A deputada afirmou que quem realmente apoiou a medida foi o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, durante o governo Bolsonaro. Essa declaração gerou forte repercussão nas redes sociais e ajudou a intensificar a crise em torno da regulamentação do sistema de pagamentos instantâneos no Brasil, o Pix.

O impacto do vídeo nas redes sociais:

O vídeo de Hilton teve uma enorme repercussão na internet. Segundo sua assessoria, em apenas 12 horas de veiculação, o conteúdo alcançou 80 milhões de visualizações, o que demonstra o impacto político e social das declarações. A rapidez com que a mensagem se espalhou nas redes sociais evidenciou a relevância do tema e a polarização política que envolve a discussão sobre o Pix e a tributação de sistemas financeiros no Brasil.

Contexto da “Crise do Pix” e a revogação da instrução normativa:

O vídeo de Erika Hilton ocorreu em meio à “crise do Pix”, que foi desencadeada pela Instrução Normativa da Receita Federal, publicada em setembro de 2024. A medida, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, ampliava a fiscalização da Receita sobre as movimentações financeiras realizadas por meio do sistema Pix, o que gerou controvérsias e levou a uma série de informações erradas sendo disseminadas nas redes.

Em resposta ao alarde causado pela Instrução Normativa, o governo revogou a medida, alegando que o aumento da fiscalização sobre o Pix havia sido baseado em uma interpretação equivocada das intenções do governo e no efeito da disseminação de informações falsas. A revogação foi vista como uma tentativa de acalmar os ânimos e restabelecer a confiança no sistema de pagamentos do país.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.