Boletim Focus: projeções econômicas para 2024 sobem e indicam inflação maior e dólar mais forte
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, trouxe revisões nas previsões econômicas para 2024.

O Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (11), trouxe novas revisões nas previsões econômicas para 2024. Entre os ajustes mais relevantes estão as expectativas mais altas para a inflação e a taxa de câmbio, que impactam diretamente o cenário macroeconômico brasileiro. Os analistas aumentaram a projeção do dólar para R$ 5,55 no final de 2024, além de uma leve elevação na previsão do IPCA, que subiu para 4,62%.
Ajuste nas projeções econômicas: o que muda para o Brasil em 2024
De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, analistas elevaram a previsão para a taxa de câmbio, com o dólar chegando a R$ 5,55 ao fim de 2024, o que representa um aumento em relação aos R$ 5,50 projetados anteriormente. A projeção para os anos seguintes também sofreu ajustes. Para 2025, a expectativa do dólar subiu para R$ 5,48, e para 2026 e 2027, a previsão é de que a moeda americana se estabilize em torno de R$ 5,40.
Esse ajuste nas previsões para o câmbio reflete um cenário mais desafiador para o Brasil, especialmente no que diz respeito à balança comercial e aos fluxos de capital estrangeiro. A elevação na expectativa do dólar pode impactar diretamente os custos de importação e a inflação, um fator que já está sendo observado nas revisões da expectativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Inflação em alta: previsão para o IPCA em 2024 sobe para 4,62%
Os economistas também ajustaram para cima a previsão do IPCA, o principal indicador da inflação no Brasil, que passou de 4,59% para 4,62%. Este é o sexto aumento consecutivo na projeção do índice, o que indica uma pressão inflacionária persistente no país. O aumento reflete o impacto de custos mais elevados em diversos setores, especialmente no mercado de combustíveis, alimentos e energia, o que tem pressionado os preços para os consumidores brasileiros.
A expectativa para a inflação de 2025 também foi revisada para 4,10%, em comparação com a previsão anterior de 4,03%. Esse cenário de inflação mais alta pode trazer desafios para a política monetária, com possíveis impactos sobre a taxa de juros e o poder de compra das famílias.
Crescimento do PIB em 2024 e expectativas para os próximos anos
Apesar da revisão para cima na inflação, a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 se manteve inalterada em 3,10%. Esse crescimento deve ser impulsionado por setores como serviços, comércio e a recuperação gradual da indústria. No entanto, para 2025, a expectativa é que o crescimento do PIB desacelere ligeiramente, passando de 1,93% para 1,94%. Já as estimativas para 2026 e 2027 permanecem estáveis em 2,0%, indicando uma projeção de recuperação econômica mais gradual nos próximos anos.
Essas previsões refletem um cenário misto para a economia brasileira, com desafios inflacionários sendo contrapostos por um crescimento moderado da atividade econômica.
Taxa de juros (Selic) se mantém alta, impactando o crédito e o consumo
A taxa básica de juros (Selic), um dos principais instrumentos da política monetária, também permaneceu estável nas projeções para 2024. Os analistas mantiveram a previsão para a Selic em 11,75%, nível que já persiste há seis semanas. A taxa elevada tem sido utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, mas também tem gerado custos mais altos para o crédito e, consequentemente, desafiado o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
As expectativas para 2025 indicam uma leve redução da Selic para 11,50%, mas a projeção para 2026 e 2027 aponta que a taxa continuará em níveis elevados, de 10% e 9,25%, respectivamente, o que pode afetar a recuperação econômica no longo prazo.
Balança comercial e dívida pública: ajustes nas projeções de resultados
No que diz respeito à balança comercial, a previsão para 2024 foi ajustada para um superávit de US$ 77,59 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 77,78 bilhões projetados anteriormente. Para os próximos anos, as estimativas de superávit se mantiveram relativamente estáveis, com projeções de US$ 76,65 bilhões para 2025 e US$ 78,68 bilhões para 2026. Já a previsão para 2027 caiu de US$ 80,11 bilhões para US$ 80,10 bilhões.
Em relação à dívida pública, as estimativas para 2024 permaneceram em 63,50% do PIB, sem mudanças significativas. No entanto, a previsão para a dívida líquida do setor público foi revista para baixo nos anos seguintes, passando de 66,66% do PIB para 66,64% em 2025 e de 69,22% para 69,11% em 2026. Essas projeções refletem uma expectativa de estabilização nas contas públicas ao longo dos próximos anos.