Nos últimos anos, a dolarização dos investimentos tem se tornado um tema cada vez mais discutido entre os brasileiros, especialmente por conta do cenário político mais inflamado e pelas instabilidades em nossa economia.

A prática não só envolve a conversão de parte do patrimônio em dólares, mas também se relaciona com a ideia de diversificar e proteger os investimentos, colocando uma fração do capital em outra jurisdição que seja menos suscetível a mudanças de regra.

Proteção contra riscos Locais

A economia brasileira é caracterizada por sua volatilidade. Fatores como inflação, instabilidade política e flutuações cambiais impactam rotineiramente os investimentos feitos em reais.

Ao dolarizar parte do patrimônio, o investidor dilui parte desses riscos, principalmente por conta do dólar ser considerado a moeda mais forte e dessa forma atuar como um porto seguro em tempos de crise, oferecendo uma camada adicional de proteção para quem o possui na carteira.

Diversificação e acesso a mercados internacionais

Ao dolarizar os investimentos, o investidor também se expande para mercados internacionais. Hoje, o Brasil representa menos de 1% do mercado de renda variável do mundo, e menos de 2% do mercado de renda fixa.

Isso significa que, ao ter parte do patrimônio fora, é possível ter acesso a oportunidades como ações de grandes empresas, títulos e fundos de investimento em economias mais estáveis. Essa diversificação geográfica não só aumenta o potencial de retorno, mas também ajuda a diluir os riscos, garantindo que o portfólio não dependa exclusivamente do desempenho da economia brasileira.

Segurança em outra jurisdição

A ideia de manter dinheiro em outra jurisdição vai além da questão econômica; trata-se também de segurança jurídica. Ter investimentos em uma jurisdição diferente pode servir como uma forma de proteção patrimonial, principalmente se o recurso estiver em um país com histórico de respeito a contratos e de poucas mudanças drásticas de leis.

Além disso, em situações de instabilidade política ou econômica no Brasil, ter ativos no exterior pode proporcionar mais segurança e também acesso a recursos que não seriam facilmente afetados por eventos locais.

Valorização do dólar e oportunidades de crescimento

É verdade que, historicamente, o dólar tende a se valorizar em tempos de crise. Mas a valorização vai além disso, pois quando olhamos para a média de inflação do dólar frente ao real, também é perceptível o potencial de valorização da moeda americana.

Adicionalmente, ao diversificar os investimentos em uma moeda forte, os investidores podem ficar mais bem posicionados para aproveitar oportunidades de crescimento em escala global, tendo em vista que nossa bolsa de valores (B3) possui poucas empresas ligadas aos setores que mais crescem no mundo.

Facilidade de Acesso e Variedade de Produtos

Atualmente, a dolarização de investimentos tornou-se mais acessível. Existem diversas ferramentas e plataformas financeiras que permitem ao investidor brasileiro aplicar em produtos em dólar, como ETFs (Exchange Traded Funds), fundos cambiais e investimentos diretos no exterior. Isso facilita não só o acesso a mercados internacionais, mas também a diversificação dos ativos.

Porém, toda essa facilidade de acesso também pede um nível de estudo maior por conta das regras tributárias em cada uma das jurisdições, além de existirem opções em que o recurso não deixa o Brasil, ou seja, não passa a ter os benefícios de possuir parte do patrimônio fora do alcance de decisões tomadas aqui.

Controlando patrimônio e impostos

Além da proteção e diversificação, ter ativos em outra jurisdição permite um controle mais amplo sobre o patrimônio e estratégias de planejamento tributário. Alguns investidores buscam jurisdições que oferecem benefícios fiscais, o que pode resultar em uma gestão mais eficiente não só do imposto de renda, mas também de transmissão e da sucessão patrimonial.

Conclusão 

A dolarização dos investimentos e a manutenção de ativos em outra jurisdição são estratégias prudentes para quem deseja proteger seu patrimônio, explorar novas oportunidades e rentabilizar melhor todo o seu portfólio. Com um cenário que pode mudar rapidamente e a via do investimento global se tornando mais acessível, adotar essa abordagem pode ser a chave para uma gestão financeira mais segura e eficiente.

Portanto, se você ainda não considerou essa possibilidade, pode ser o momento ideal para explorar as vantagens e dar um passo significativo em direção a um futuro financeiro mais robusto e claro, não posso deixar de dizer que a forma mais segura e inteligente de fazer isso é procurar por profissionais de qualidade que atuem na área para auxiliar nas tomadas de decisão.

Tiago Villas Bôas

Sócio e Superintendente Comercial da Investsmart, possui 16 anos de experiência no mercado financeiro, formação em Economia pela UFRJ e especialista em investimentos pela ANBIMA. Com passagens por grandes instituições financeiras sempre com foco em cuidar de pessoas, hoje atuando na curadoria de unidades de negócios por todo o Brasil e no desenvolvimento de gestores e assessores, sempre com foco em multiplicar a necessidade de um olhar patrimonial e financeiro além dos investimentos.