Já estamos acostumados com a variação do dólar. Mas você sabe por que o valor da moeda americana oscila tanto e como isso afeta sua vida? Primeiro, esqueça a ideia de que essa oscilação atinge apenas o turismo internacional, como nos custos de viagem.

A alta e baixa do dólar afetam o preço de produtos comprados no dia a dia. Por exemplo, pães, massas e outros itens comuns nos armários de cozinha, que podem subir ou baixar o valor. Afinal, 50% da produção de trigo, matéria-prima presente nesses alimentos, é importada e, normalmente, negociada em dólar, principal moeda mundial.

Além disso, a variação do dólar impacta na rentabilidade de investidores. É o caso de quem investe na Bolsa de Valores, cujo retorno varia conforme o desempenho das empresas investidas, podendo ser influenciado pela moeda americana.

Ou seja, acompanhar a variação do dólar é importante para uma melhor gestão financeira. Assim, continue conosco e saiba o que é essa oscilação, como funciona, o que influencia e quais impactos traz para os investimentos!

O que é a variação do dólar?

Trata-se de mudanças no mercado financeiro que fazem a moeda americana se valorizar ou desvalorizar. É como o clima: ora faz sol, ora chove. As alterações climáticas são influenciadas por umidade, pressão atmosférica e outros fatores.

Do mesmo modo, a variação do dólar é impactada por uma série de aspectos, desenvolvidos adiante. As altas e baixas de qualquer moeda podem ocorrer repentinamente e de maneira natural. Além disso, existem dois principais tipos de dólar americano negociados no Brasil com cotações diferentes. Entenda, a seguir, as características de cada um.

Dólar turismo

É o comprado por pessoas físicas em agências de turismo para viajar para o exterior e usar a moeda americana. Ainda, o dólar turismo pode ser usado sem sair do Brasil, a partir de compras em sites internacionais. Por exemplo, ao mediar as compras com cartão de crédito, o banco automaticamente converte o dólar em real.

Dólar comercial

As empresas e as instituições financeiras usam o dólar comercial (comumente falado em noticiários econômicos) para negociação de itens estrangeiros. Por exemplo, para que produtos à base de trigo cheguem ao supermercado, o dólar comercial medeia a compra.

Logo, o preço da moeda americana fica embutido no valor final dos itens vendidos aos consumidores. O mesmo ocorre ao comprar aparelhos eletrônicos, carros, roupas e qualquer outro produto com matéria-prima estrangeira.

Então, a oscilação do dólar afeta a economia mundial de várias maneiras. Afinal, os Estados Unidos são a maior potência econômica, negociando com diversas outras nações, e o dólar é a moeda mais utilizada.

Como funciona a variação do dólar?

A oscilação da moeda americana, assim como qualquer outra, funciona a partir da lei da oferta e demanda no mercado financeiro. Ou seja, se há muito dólar em circulação no país e menor volume de compras, diminui o valor da moeda.

Em situações contrárias, com o dólar menos disponível e mais pessoas comprando, o preço sobe. É como se em um playground infantil nenhum brinquedo sobrasse, sinalizando o quanto eles são atrativos ao público. Logo, o valor cobrado para usar o serviço pode até subir de modo a elevar os lucros, entende?

Por outro lado, se os brinquedos do playground sobram, é indício que eles não são tão interessantes. Então, não faz sentido aumentar o preço do playground infantil, pelo contrário: baixá-lo pode ser mais estratégico.

O que influencia na variação do dólar?

A demanda pela moeda americana pode aumentar ou diminuir, variando a cotação do dólar (definição de preço em um momento específico), influenciado por diversos motivos. A seguir, conheça algumas das razões que elevam o preço do dólar!

Saldo negativo da balança comercial brasileira

A balança comercial é um instrumento que registra os valores das importações e exportações dos itens. Ela pode ficar em déficit (negativa) se o custo para trazer produtos e serviços dos EUA para o Brasil for superior ao da exportação.

Isso significa que sai mais dólar do Brasil para os Estados Unidos do que ao contrário. Então, conforme a lei de oferta e demanda, há menos moeda americana disponível aqui, encarecendo seu valor no país.

Gastos dos turistas brasileiros no exterior

Imagine que 100% dos brasileiros façam apenas gastos no exterior, como compras em sites, viagens internacionais e por aí vai. Novamente, muitos dólares serão jogados do Brasil para fora, o que pode elevar o preço da moeda.

Mas calma! Isso não significa que viagens e compras no exterior devem ser canceladas para evitar problemas para a economia. É necessário também que o governo brasileiro incentive gastos de estrangeiros no Brasil — elevando a disponibilidade do dólar — e consumos nacionais por parte dos brasileiros.

Juros dos Estados Unidos

Se o governo dos EUA subir a taxa de juros, alguns investimentos podem ficar mais atrativos. Afinal, a rentabilidade de parte dos ativos está atrelada à taxa de juros. Ainda, o país americano é referência em economia global, passando confiança e incentivando investimentos no local.

Logo, é provável que eles tirem o dólar aplicado em outro país (como no Brasil) para investir nos EUA, caso os juros aumentem. Assim, os investidores aproveitam uma possível maior rentabilidade e segurança. Em outras palavras, é como se os Estados Unidos fossem o ‘’líder da turminha de amigos’’, com influência nas decisões financeiras das demais nações.

O cenário também pode ser o oposto do apresentado e levar à desvalorização do dólar. Entenda mais a seguir!

Saldo positivo da balança comercial brasileira

O superávit (resultado positivo) ocorre quando o valor das exportações supera o das importações. Ou seja, vendemos mais para os estrangeiros — aumentado a circulação de dólar no Brasil — do que compramos. Logo, a reserva da moeda americana cresce no país e o preço dela tende a cair.

Gastos de estrangeiros

Se os estrangeiros que usam dólar gastam bastante no Brasil, a oferta da moeda tende a crescer em nosso país. É o que ocorre, especialmente, em períodos sazonais que atraem turistas internacionais, como o Carnaval.

Juros do Brasil

O governo brasileiro também pode elevar a taxa de juros, o que torna alguns investimentos no Brasil mais rentáveis. Então, os investidores estrangeiros atentos às notícias econômicas percebem que vale a pena investir em nosso país, deixando mais dólar aqui.

O que significa dólar alto e dólar baixo?

O dólar em alta significa que o valor dele é maior que o do real, moeda brasileira. Ou seja, tem mais dinheiro saindo do Brasil para fora do que o contrário. Isso pode ser negativo para uns, como quem cogita viajar ao exterior — devendo trocar o real pelo dólar — e aos que compram produtos importados.

Entretanto, é possível ocorrer o movimento inverso, com a maior entrada de dólar no país, o que o torna inferior ao real. Isso pode acontecer com a melhoria das relações internacionais e o fortalecimento da economia nacional, tornando o país mais atraente para os gringos.

Assim, o dólar baixo é positivo para a economia brasileira, certo? Não necessariamente. A desvalorização da moeda americana tem um lado bom por reduzir o custo de viagens exteriores e de importação, afetando o bolso dos brasileiros.

Contudo, o dólar baixo, comparado ao real, pode prejudicar alguns setores econômicos, como exportações de soja, produtos de minério, papel e celulose, entre outros. Isso porque ao converter o dólar (ganho nas negociações de itens exportados) para o real, o lucro é menor. Resumindo: dólar alto ou baixo pode ser bom para uns e ruim para outros.

Como a variação do dólar impacta os investimentos?

A valorização ou desvalorização da moeda americana pode impactar a rentabilidade dos seus investimentos. Tudo depende das suas escolhas financeiras, mas sempre existem riscos, em maior ou menor grau.

Por exemplo, investidores brasileiros podem se beneficiar com investimento de longo prazo no exterior se o dólar estiver alto. É o que ocorre ao comprar ativos de empresas americanas ou brasileiras, cuja lucratividade se relacione com a performance do dólar.

No entanto, a queda da moeda americana tende a tornar os investimentos nacionais (aceitos em real e exigindo o uso dessa moeda) mais atrativos. É o caso dos títulos de renda fixa, com regras de remuneração pré-definidas. De qualquer maneira, ainda existe muito o que analisar antes de investir. Por exemplo, perfil de investidor, objetivos, prazos etc.

Ou seja, acompanhar a variação do dólar para investir é como formar um paredão no Big Brother Brasil. Isto é, o contexto muda frequentemente, há muito o que analisar e sempre existem riscos. Contudo, não acompanhar as oscilações do jogo dificulta escolhas estratégicas.

Então, entendeu o que é a variação do dólar, como funciona e os possíveis impactos nos investimentos? Como visto, trata-se de uma oscilação natural e comum, mas que pode afetar o seu bolso, positiva ou negativamente, em maior ou menor intensidade.

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.