Os principais bancos tradicionais, também conhecidos como incumbentes, provavelmente registrarão uma melhora nos índices de inadimplência e um aumento no apetite ao risco nos balanços do primeiro trimestre deste ano. De acordo com a XP Investimentos, espera-se que o Banco do Brasil (BBAS3) e o Itaú (ITUB4) se destaquem positivamente durante este período.

Historicamente, o primeiro trimestre apresenta um efeito sazonal que geralmente tem impacto negativo nos resultados dos bancos. A XP Investimentos descreve esse período como uma “pindaíba”, caracterizada pelo aumento das taxas de inadimplência relacionadas às despesas recorrentes no início do ano e aos gastos adicionais durante a temporada de festas. No entanto, apesar desse efeito sazonal, a expectativa é que a melhoria observada no quarto trimestre se mantenha.

“Os NPLs (non-performing loans, ou empréstimos inadimplentes) ainda estão em níveis elevados, mas espera-se que continuem em trajetória descendente, assim como o custo do crédito, que também deverá diminuir. Como resultado, prevemos um aumento no apetite ao risco, com alguns bancos oferecendo oportunidades de crescimento em linhas de crédito mais arriscadas”, afirmaram os analistas em seu relatório.

O Santander (SANB11) divulgará seus resultados em 30 de abril, seguido pelo Bradesco (BBDC4) em 2 de maio. Em 6 de maio, será a vez do Itaú, e em 8 de maio, do Banco do Brasil.

Os analistas da XP acreditam que, mesmo o BB e o Itaú, que têm uma base mais sólida e resultados melhores, devem manter a tendência de melhoria e manter a inadimplência estável.

“Em geral, esperamos que os resultados do primeiro trimestre estejam bem alinhados com nossas preferências setoriais, com o Itaú e o Banco do Brasil se destacando como pontos positivos da temporada.”

Quanto ao Bradesco e ao Santander, espera-se uma melhoria na rentabilidade, mas em um ritmo mais lento.

Banco do Brasil

Para o Banco do Brasil, prevê-se um lucro líquido de R$8,7 bilhões no trimestre, representando um crescimento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado. A rentabilidade medida pelo ROE deve permanecer estável em 21,3%.

“Antecipamos mais um trimestre de crescimento robusto na carteira de crédito do Banco do Brasil, provavelmente em consonância com o ponto médio de seu guidance (8% – 12%), apesar das recentes preocupações sobre uma desaceleração mais acentuada do que o esperado no setor do agronegócio”, comenta a XP.

Quanto à inadimplência, espera-se um leve aumento de 0,1 ponto, atingindo 3% (atrasos acima de 90 dias), mas ainda abaixo da média de mercado. A recomendação de compra para o Banco do Brasil permanece, com um preço-alvo do papel em 36,50%.

Bradesco

O Bradesco enfrentará outro trimestre de redução na carteira de crédito. A XP estima uma queda de 1,4% em comparação ao ano anterior, juntamente com um leve aumento na taxa de inadimplência, de 0,1 ponto, atingindo 5,3%. 

Quanto ao lucro líquido recorrente, projeta-se um valor de R$3,78 bilhões no trimestre, representando uma queda de 12%, enquanto o ROE deverá diminuir 1,6 ponto, chegando a 9,5%.

“No entanto, à medida que o ano avança e as novas safras apresentam um melhor desempenho, esperamos que o banco recupere o controle sobre a inadimplência”, comentou a XP.

A recomendação é neutra, com um preço-alvo de R$19.

Santander

No caso do Santander, prevê-se um crescimento de 5% na carteira de crédito, o que reflete o maior apetite ao risco da instituição. Isso deverá contribuir para um aumento de 22% no lucro líquido recorrente, atingindo R$2,612 bilhões no primeiro trimestre, enquanto o ROE apresentará uma pequena alta de 1,8 ponto, alcançando 12%.

A recomendação para o papel é neutra, com um preço-alvo de R$34.

Itaú Unibanco

Para o Itaú Unibanco, espera-se estabilidade na taxa de NPL, permanecendo em 2,8%, e uma tendência decrescente no custo de crédito. “O resultado líquido deverá manter sua tendência positiva e registrar um sólido crescimento de 16,1% em relação ao ano anterior (+4,2% trimestralmente).”

É esperado um lucro líquido de R$9,797 bilhões, representando um aumento de 16% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Quanto ao ROE, estima-se um aumento de 0,8 ponto percentual, atingindo 22%.