Cade abre inquérito para investigar venda casada no crédito rural do Banco do Brasil
O banco nega as acusações, afirmando que a contratação de produtos é opcional para clientes.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu um inquérito administrativo para apurar possível prática de venda casada no crédito rural oferecido pelo Banco do Brasil (BBAS3). A investigação foi motivada por uma solicitação da Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (Abdagro) e busca esclarecer se o banco condicionava o financiamento rural à contratação de seguros de empresas sob seu controle, prática considerada anticompetitiva pela legislação brasileira.
O que motivou a investigação do Cade
Segundo informações divulgadas pelo Globo Rural, a Abdagro encaminhou uma denúncia ao Cade alegando que produtores rurais poderiam estar sendo obrigados a contratar seguros vinculados ao Banco do Brasil para conseguir acessar linhas de crédito rural. Caso a prática seja confirmada, ela configuraria venda casada no crédito rural, uma prática proibida pelo Código de Defesa do Consumidor e pela legislação de defesa da concorrência.
O inquérito administrativo aberto pelo Cade terá como objetivo coletar informações, analisar documentos e ouvir representantes do Banco do Brasil e de empresas parceiras, para determinar se houve efetivamente a imposição de produtos financeiros aos clientes do banco. Dependendo das evidências, o caso poderá evoluir para um processo administrativo, que pode resultar em sanções ao banco.
Possíveis desdobramentos do inquérito
Se o Cade encontrar elementos que confirmem a prática de venda casada no crédito rural, o Banco do Brasil poderá ser responsabilizado administrativamente. As consequências podem incluir multas, restrições comerciais e até medidas corretivas obrigando o banco a ajustar suas políticas de concessão de crédito.
Por outro lado, se a investigação não identificar indícios suficientes, o inquérito será arquivado, sem qualquer penalidade para a instituição financeira. Até o momento, não há prazo definido para a conclusão do processo, e o Cade deve conduzir a investigação de forma detalhada e criteriosa, considerando tanto os argumentos da Abdagro quanto a defesa do banco.
Posicionamento do Banco do Brasil
O Banco do Brasil se manifestou publicamente e negou as acusações de venda casada no crédito rural, ressaltando que a prática é proibida por lei e que os clientes têm total liberdade para escolher os produtos financeiros que desejarem contratar. Em nota oficial, a instituição afirmou que suas políticas de crédito rural seguem rigorosamente as normas do sistema financeiro e da legislação de defesa do consumidor.
Segundo o BB, o banco oferece diversas linhas de crédito e seguros de forma independente, garantindo que o agricultor ou pecuarista possa optar por contratar apenas o serviço que lhe for mais conveniente, sem qualquer imposição.
Impactos para o agronegócio e mercado financeiro
A abertura do inquérito do Cade reacende o debate sobre práticas comerciais em linhas de crédito voltadas ao agronegócio, setor estratégico para a economia brasileira. A possibilidade de venda casada no crédito rural pode afetar produtores, cooperativas e empresas parceiras, além de gerar discussões sobre transparência e competitividade no mercado financeiro.
Especialistas apontam que o acompanhamento das operações de crédito rural é essencial para garantir concorrência justa, evitando que grandes instituições financeiras utilizem sua posição de mercado para impor produtos a clientes, especialmente em um setor tão relevante quanto o agronegócio.
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