Banco do Brasil (BBAS3) vai pagar dividendos hoje? Veja o que esperar
Após reduzir o payout de 40% para 30%, o banco pode distribuir entre R$ 0,14 e R$ 0,17 por ação, segundo analistas.
Foto: Freepik e Canva
O Banco do Brasil (BBAS3) deve divulgar nesta quarta-feira (12), após o fechamento do mercado, o resultado do terceiro trimestre de 2025. O anúncio gera expectativa entre investidores que aguardam uma possível distribuição de dividendos.
Tradicionalmente, o banco estatal costuma divulgar os proventos junto com o balanço trimestral, o que mantém o papel no radar de quem busca ações com bom retorno em dividendos. Entretanto, o cenário atual é mais desafiador e pode limitar o montante pago aos acionistas.
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BBAS3: expectativa de novos dividendos após trimestre sem pagamentos
No trimestre anterior, o Banco do Brasil (BBAS3) não distribuiu dividendos, após revisar sua política de payout, que passou de 40% para 30% do lucro líquido. A decisão faz parte da estratégia da instituição para proteger o capital e enfrentar o aumento da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio.
Os pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP) referentes ao primeiro semestre de 2025 já foram realizados em 21 de março e 12 de junho, conforme cronograma divulgado anteriormente. Com isso, analistas avaliam que o banco pode anunciar uma nova parcela de dividendos neste balanço, embora em valores menores.
De acordo com Flavio Conde, analista da Levante Investimentos, a expectativa é de que o Banco do Brasil destine entre 25% e 30% do lucro líquido aos acionistas. Com base em uma estimativa de R$ 3,2 bilhões de lucro, o pagamento ficaria entre R$ 0,14 e R$ 0,17 por ação, o que representa dividend yield entre 0,59% e 0,71%.
Para o investidor que acompanha o setor financeiro, esses números são modestos, mas refletem a postura mais conservadora do banco diante do cenário econômico atual.
Resultados do 3º trimestre devem mostrar queda acentuada no lucro
O Banco Central divulgou dados recentes que apontam desempenho mais fraco do Banco do Brasil. Em agosto, o banco registrou lucro de R$ 825 milhões, um leve avanço em relação a julho (R$ 780 milhões), totalizando R$ 2,4 bilhões no trimestre.
Considerando itens não recorrentes de aproximadamente R$ 700 milhões, geralmente relacionados a planos econômicos, o JPMorgan estima um lucro ajustado de R$ 3,1 bilhões — o pior desempenho trimestral do ano.
O consenso da Bloomberg projeta um lucro líquido de R$ 4 bilhões, o que representaria queda de 57% frente ao mesmo período de 2024. Já a média de analistas consultados pelo Money Times aponta um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) próximo de 8%, número bem inferior ao custo de capital de 15% e ao desempenho dos grandes bancos privados.
Desafios no agronegócio e alta da inadimplência preocupam o mercado
A carteira de crédito do agronegócio tem sido um dos principais pontos de atenção nos resultados do Banco do Brasil. Segundo relatório da Genial Investimentos, os produtores rurais mais alavancados da região Centro-Oeste representam cerca de um terço da carteira total do banco e têm contribuído para o aumento da inadimplência.
“Os dados do Bacen reforçam o quadro desafiador no agro, com deterioração entre produtores e pequenas e médias empresas”, afirma o documento.
O Banco Safra também projeta um trimestre difícil, com queda de até 64% no lucro e alta de 159 pontos-base nos NPLs (empréstimos com atraso superior a 90 dias). Além disso, há previsão de pressão adicional nas carteiras corporativas, especialmente nas linhas destinadas às PMEs, com aumento de 14 pontos-base.
Esses fatores têm limitado a capacidade do Banco do Brasil de manter o ritmo de crescimento observado em trimestres anteriores e reforçam a importância de uma gestão prudente de capital.
Banco do Brasil (BBAS3) busca estabilidade em meio ao cenário adverso
Mesmo diante da piora do cenário macroeconômico, o Banco do Brasil (BBAS3) segue buscando estabilidade financeira e operacional. O banco tem contado com suporte regulatório da MP 1.314, que amplia a flexibilidade de capital e ajuda a compensar parte das perdas com inadimplência.
No entanto, a instituição ainda deve apresentar o pior resultado do ano, segundo projeções de mercado, com rentabilidade abaixo de dois dígitos. A Genial Investimentos estima um ROE inferior a 10%, reforçando a pressão sobre os indicadores de eficiência e rentabilidade.
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