O lucro do Banco do Brasi (BBAS3) l caiu 60% no terceiro trimestre de 2025, reflexo direto do aumento das falências no setor do agronegócio — responsável por cerca de um terço da carteira de crédito da instituição. O banco estatal também reduziu suas projeções de lucro para o ano, após registrar forte alta nas provisões para perdas com empréstimos. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (12), em meio a um cenário de desaceleração econômica e dificuldades enfrentadas por produtores rurais.

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Banco do Brasil reduz estimativas e alerta para aumento de provisões

Com os custos de crédito crescendo acima do previsto, o Banco do Brasil revisou para baixo sua meta de lucro líquido ajustado para 2025. A nova projeção aponta para um intervalo entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, abaixo da faixa anterior de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões.

Segundo o diretor financeiro da instituição, Geovanne Tobias, o aumento das provisões para perdas foi influenciado por casos pontuais que não estavam no radar da equipe de risco. “Conseguimos entregar um resultado com menor rentabilidade, mas, ainda assim, entregamos rentabilidade”, afirmou o executivo em vídeo divulgado pelo banco.

O recuo das projeções indica uma postura mais conservadora da instituição diante do crescimento das inadimplências, principalmente em segmentos corporativos e do agronegócio.

Lucro do Banco do Brasil sofre impacto do agronegócio

As provisões para perdas com crédito atingiram R$ 17,9 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 78% em comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento foi impulsionado pelo agravamento das dificuldades financeiras no campo e pelo impacto de novas regras contábeis, que exigem maior reforço de provisões para empréstimos de risco.

O banco prevê que as provisões totais de 2025 devem alcançar entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões, refletindo o esforço para cobrir eventuais perdas nas carteiras de grandes empresas e produtores rurais.

Apesar do aumento expressivo nas provisões, o lucro líquido ajustado ficou em R$ 3,79 bilhões, superando as estimativas médias de analistas consultados pela Bloomberg. O resultado representa uma queda de 60% na comparação anual, mas se manteve estável em relação ao segundo trimestre deste ano.

Inadimplência e rentabilidade seguem pressionadas

O cenário de elevação da inadimplência continua sendo um desafio para o banco. O índice de atrasos acima de 90 dias atingiu 4,9% no trimestre encerrado em setembro, um avanço de 1,6 ponto percentual em 12 meses. No segmento do agronegócio, a taxa foi ainda mais elevada, chegando a 5,3%.

Esses números explicam parte da redução do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), que caiu para 8,4%, uma retração de 13 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2024.

Além das falências no setor agrícola, a implementação de novas normas contábeis para o sistema financeiro brasileiro também contribuiu para pressionar o resultado, exigindo ajustes mais rigorosos nos critérios de reconhecimento de perdas.

Analistas veem trimestre como ponto mais fraco do ano

Mesmo com a expressiva queda do lucro, analistas acreditam que o terceiro trimestre pode representar o ponto mais baixo do desempenho do Banco do Brasil em 2025.
Para Gustavo Schroden, analista do Citigroup, o banco tende a apresentar melhora gradual nos próximos trimestres, conforme as provisões se estabilizem e as condições de crédito rural sejam reestruturadas.

Antes da divulgação do balanço, já havia a expectativa de que esse seria o período mais fraco do ano, devido à combinação de aumento das provisões e desaceleração no crédito corporativo.

Ações do Banco do Brasil reagem e governo anuncia apoio ao crédito rural

No mercado financeiro, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda de 5,7% no ano, desempenho inferior ao de seus principais concorrentes privados. Contudo, os papéis registram uma alta de 8% desde setembro, após o governo federal anunciar uma medida provisória criando uma nova linha de crédito para a renegociação de dívidas de produtores rurais.

O banco passou a oferecer essa linha no final de outubro, o que trouxe algum alívio ao setor e otimismo pontual entre investidores. Analistas avaliam que o programa pode contribuir para reduzir a inadimplência e melhorar a recuperação da carteira de crédito ao longo de 2026.

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