A Cielo (CIEL3) está se preparando para uma nova fase, ao se despedir da Bolsa de Valores após 15 anos de listagem. Com uma participação de mercado abaixo de 20%, a empresa está pronta para fechar seu capital, permitindo que Bradesco e Banco do Brasil, seus controladores, ajustem a estratégia da companhia e fortaleçam sua presença junto às pequenas e médias empresas (PMEs). 

A Cielo, uma das principais operadoras de maquininhas de cartão no Brasil, está deixando a B3 após um período de desafios significativos. Com a deslistagem, a empresa terá a oportunidade de implementar uma nova estratégia, livre das restrições e exigências do mercado acionário. O objetivo é reverter a perda de participação de mercado e facilitar a expansão dos serviços direcionados às PMEs. Essa mudança de foco é vista como crucial para os bancos controladores, Bradesco e Banco do Brasil, que buscam consolidar sua presença no segmento de pequenas empresas.

No dia 14 de agosto, Bradesco e Banco do Brasil conduziram a oferta pública de aquisição (OPA) para deslistar a Cielo. O leilão resultou na compra de 736,9 milhões de ações da empresa, totalizando R$ 4,3 bilhões. Com esse montante, os bancos atingiram o quórum necessário para solicitar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a conversão do registro da Cielo, viabilizando a sua saída da Bolsa. A liquidação do leilão está marcada para o dia 16 de agosto, e a Cielo será removida do Novo Mercado da B3, passando a negociar no segmento “Básico”.

A Cielo enfrentou uma diminuição significativa em sua participação de mercado nos últimos tempos. No segundo trimestre de 2024, a empresa viu sua fatia do mercado cair para 19,9%, uma redução em relação aos 22,3% registrados no mesmo período do ano anterior. A liderança do mercado foi assumida pela rival Rede, que alcançou 22,8% de participação. A competição crescente, com novas ofertas integradas e estratégias agressivas de concorrentes como Stone e PagBank, pressionou ainda mais a posição da Cielo.

Desde sua entrada na Bolsa em 2009, a Cielo, então conhecida como Visanet, dividiu o mercado com a Rede (anteriormente Redecard). A regulamentação do Banco Central que permitiu a aceitação de múltiplas bandeiras de cartões alterou o panorama competitivo, abrindo espaço para novas empresas no setor. Com o crescimento de empresas como PagSeguro (hoje PagBank) e Stone, e a expansão agressiva da Rede, a Cielo viu sua posição de liderança desafiar. 

A deslistagem da Cielo permitirá que Bradesco e Banco do Brasil integrem mais eficazmente os serviços da empresa com suas operações, oferecendo propostas mais atraentes para PMEs. A empresa tem reforçado sua equipe comercial para focar melhor no segmento de pequenas e médias empresas, um mercado que é visto como crucial para seu sucesso futuro. A mudança deve proporcionar uma flexibilidade maior na adaptação às novas demandas do mercado e na implementação de estratégias que visam recuperar e expandir a presença da Cielo no setor.

Durante o leilão da oferta pública de aquisição, foram adquiridas 736.857.044 ações ordinárias da Cielo, correspondendo a 27,1% do capital social da empresa, a um preço unitário de R$ 5,82. Após a deslistagem, as ações da Cielo foram transferidas do Novo Mercado para o segmento “Básico” da B3. Acionistas que optaram por não vender suas ações durante o leilão ainda têm a oportunidade de negociar suas ações até 14 de novembro de 2024.