Banco Central reforça política monetária e prioriza inflação, mas ajusta postura em cenário incerto
O Banco Central do Brasil está adotando uma postura mais cautelosa em 2025, priorizando o controle da inflação e ajustando suas políticas monetárias diante das incertezas econômicas.

O Banco Central (BC) do Brasil tem adotado medidas cautelosas em sua política monetária para enfrentar um cenário de incerteza econômica crescente. Recentemente, Nilton David, diretor de Política Monetária do BC, destacou a necessidade de uma abordagem mais robusta no controle da inflação, sem abrir mão da meta de 3%. As medidas, porém, devem ser ajustadas conforme o comportamento do mercado e da economia, como explicado em sua última fala sobre a estratégia do Banco Central.
Mudança no cenário
Com a economia enfrentando altos níveis de volatilidade, o Banco Central se viu forçado a revisar suas projeções. Nilton David usou uma metáfora para explicar a nova realidade: “Antes, estávamos em um gol de 7 metros, agora o gol tem 12 metros.” Isso significa que a política monetária precisa se adaptar a novos desafios, ampliando a cautela no ajuste das taxas de juros e considerando um risco superior ao usual.
David explicou que, enquanto a meta de inflação permanece em 3%, o ambiente econômico exige uma postura mais conservadora, com o BC se esforçando para garantir a estabilidade e o controle das expectativas de preços. O diretor ainda afirmou que as condições do mercado, especialmente os choques econômicos e as oscilações no câmbio, exigem um nível adicional de segurança nas decisões, com possíveis ajustes na taxa de juros nos próximos meses.
A política monetária e o impacto das decisões do BC
Em janeiro deste ano, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano, um ajuste necessário, segundo David, para enfrentar as incertezas do cenário econômico. Durante essa intervenção, o BC sinalizou uma possível nova alta para março, reforçando a preocupação com a inflação e com o prêmio de risco presente no mercado.
Ainda assim, o BC reconhece que os efeitos da alta das taxas não têm sido igualmente distribuídos entre todos os setores. O crédito, especialmente o rotativo do cartão de crédito, tem registrado taxas muito acima da Selic, gerando desigualdade no impacto da política monetária. David defendeu que é fundamental repensar a estrutura do crédito no Brasil, tornando-o mais sensível às flutuações da taxa básica de juros, o que ajudaria a mitigar as distorções atuais.
O papel do câmbio e o prêmio de risco
David também destacou que, no final de 2024, o câmbio foi fortemente influenciado pela incerteza política e econômica, o que gerou uma elevação no prêmio de risco do Brasil. Isso provocou uma reação negativa nos mercados financeiros, que, em sua visão, exageraram em suas avaliações. Contudo, desde janeiro, ele observou que a situação começou a se estabilizar, permitindo que o risco fosse mais adequadamente precificado.
Com o retorno de um cenário de maior controle, o BC continua trabalhando para manter a inflação sob controle, enquanto analisa com cuidado os movimentos do mercado. O diretor do BC apontou que, em 2025, o ambiente de risco deve seguir mais controlado, mas não sem desafios.
O futuro das taxas de juros no Brasil
A política monetária do Banco Central, especialmente com a taxa de juros elevada, continua sendo um tema central nas discussões econômicas. Para 2025, a expectativa é de que o BC continue priorizando o controle da inflação, mas com maior flexibilidade para reagir a mudanças inesperadas. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e sua equipe têm se mostrado dispostos a ajustar as taxas conforme necessário, visando manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo governo.
A expectativa é que, apesar de uma possível desaceleração na alta da Selic, o controle da inflação seja mantido com a prudência necessária para enfrentar as incertezas de um mercado global ainda instável.