Bea Aguillar é educadora financeira, analista profissional (CNPI), investidora e criadora de conteúdo. Assim como outros dos ditos finfluencers, ganhou notoriedade no Youtube ao traduzir temas complexos do mercado financeiro com o “Papo de Bolsa” — canal criado, nas palavras dela, voltado para “Bolsa de valores, investimentos e economia sem frescura!”

Formada em Administração, deixou para trás uma carreira tradicional no setor bancário para se dedicar ao universo da renda variável. Conheça a trajetória e as estratégias que consolidaram Bea como uma das principais vozes entre os influenciadores de finanças do país.

Formação financeira desde a infância

A noção de investir e construir patrimônio, segundo Bea, nasce da educação recebida em casa. Filha de pais com ampla experiência no mercado financeiro, ela conta que, junto com a irmã, sempre precisou aprender a lidar com o dinheiro. 

Incentivada desde cedo a cuidar das próprias finanças, ela reconhece que teve privilégios importantes em sua trajetória. Diz se considerar sortuda, primeiro por ter crescido em uma família com condições de oferecer conforto e estabilidade — incluindo uma mesada, algo distante da realidade de grande parte dos brasileiros — e, depois, pela educação financeira que recebeu dentro de casa.

Ainda na adolescência, por volta dos 15 ou 16 anos, começou a trabalhar. Com o privilégio de não precisar contribuir com as despesas da casa, passou a investir seu salário — inicialmente em ativos considerados de menor risco, sobretudo, renda fixa. 

Aos 19 anos, iniciou seus investimentos em renda variável — experiência que culminou em sua convicção de que quanto mais cedo se começa, melhores tendem a ser os resultados ao longo do tempo. Ainda assim, ela faz questão de destacar que o início da jornada depende da realidade financeira de cada pessoa.

“Não é todo mundo que consegue, não é todo mundo que tem esse conhecimento. Mas o tempo joga muito ao nosso favor quando a gente pensa no porquê eu to investindo”, disse a investidora, em entrevista a influenciadora e nutricionista Ariane Turani. 

Carreira no mercado financeiro

Pode-se dizer que a carreira de Bea Aguillar teve início no caminho mais tradicional do mercado financeiro: nos bancos. Foram oito anos de experiência em duas grandes instituições, período no qual acumulou uma sólida bagagem técnica e operacional — algo que já caminhava lado a lado com seus próprios investimentos na Bolsa, que incluíam desde posições de longo prazo até operações de swing trade.

A decisão de sair veio em 2014, motivada pelo desgaste com a pressão constante do ambiente bancário. “Era muito nova pra ficar de cabelo branco”, comenta, lembrando que chegou até a recusar promoções para não permanecer naquele ritmo. “Não queria mais banco. Metade do meu salário ficava em terapia. Que vida é essa?”, disse, em tom bem-humorado.

A saída do meio bancário foi sucedida por sua entrada no mercado de day trade. Nos primeiros anos, enfrentou resultados negativos, até descobrir a técnica de tape reading, aprendida com especialistas da Clear Corretora, que transformou seu desempenho como trader.

Hoje, como investidora, Bea é referência em renda variável, e diversifica suas aplicações entre investimentos de longo prazo, instrumentos voltados à construção de uma reserva de emergência e ativos estrangeiros. 

  • Leia também:

Bea Aguillar e a educação financeira

Paralelamente às suas operações no mercado, Bea conta que a educação financeira, inicialmente vista como um plano B, acabou se tornando seu verdadeiro plano A. Foi esse novo foco que a levou a se consolidar como influenciadora, educadora e palestrante na área.

A, hoje, influencer de finanças, tem uma posição clara sobre a importância da educação financeira. Com frequência, Bea compartilha como sua formação dentro de casa foi fundamental para que, ainda jovem, pudesse tomar decisões conscientes sobre seu dinheiro. Essa base, segundo ela, é algo que falta para boa parte da população brasileira.

Urgência da educação financeira nas escolas

Para Bea, a falta de educação financeira na base escolar contribui para o despreparo dos jovens ao entrarem no mercado de trabalho. Ela observa que, embora o debate sobre a inclusão da educação financeira nas escolas tenha ganhado força nos últimos anos, o desafio esbarra na precariedade do sistema de ensino básico. 

“A gente vive numa realidade em que a nossa educação é muito ruim no Brasil. A gente não consegue ensinar o básico, às vezes, de matemática e português. Imagina você colocar mais educação financeira na grade”, trecho da entrevista à Turani.

Investimento? É ferramenta de autonomia, não de enriquecimento rápido 

Mais do que aprender a investir, ela defende que a educação financeira é uma ferramenta de autonomia — e um “antídoto” contra a cultura do ganho fácil, tão comum no imaginário dos brasileiros. 

Em mais de uma oportunidade, a educadora defendeu a importância de entender que o patrimônio vem principalmente com trabalho e geração de valor, e que os investimentos cumprem um papel complementar nesse processo.

“São raros os casos em que alguém enriquece apenas com os investimentos. Tenho para mim que investimentos é apenas um mecanismo para potencializar aquilo que você ganhou gerando valor para outras pessoas”, disse em entrevista ao Estadão. 

Primeiros passos no Papo de Bolsa

O canal Papo de Bolsa nasceu em 2018, quando Bea Aguillar sentiu que guardar para si tudo o que havia aprendido no mercado financeiro já não fazia sentido. Compartilhar sua experiência era, como ela mesma define, uma forma de retribuir — e não fazê-lo seria quase um ato de egoísmo.

Logo no início, Bea contou com o apoio de nomes já consolidados na internet, como Thiago Nigro, do canal Primo Rico, e Bruno Perini. As colaborações deram a visibilidade e a estrutura necessárias para que o canal ganhasse força e alcançasse um público cada vez maior.

O conteúdo, que no começo era focado em day trade, evoluiu com a demanda da audiência. Aos poucos, temas como investimentos de longo prazo e construção de patrimônio passaram a ocupar espaço central nos vídeos. Hoje, com foco em renda variável, Bea se propõe a compartilhar: 

  • Análises e dicas de investimentos; 
  • Explicações sobre produtos financeiros; 
  • Reflexões sobre comportamento do investidor; 
  • Planejamento financeiro; 
  • Conteúdos sobre economia e investimentos no exterior. 

Atualmente, o termo influenciadora digital se soma ao panteão de alcunhas utilizadas para se referir a Bea Aguillar. O Papo de Bolsa já reúne mais de 368 mil inscritos no Youtube. No Instagram, ela conta com uma base de 148 mil seguidores, enquanto no X (antigo Twitter), já ultrapassa os 14 mil.

Negócios e empreendimentos de Bea Aguillar

Imagem: Instagram @bea_aguillar/Dhaxa Capital (Montagem: MI)

Além do canal Papo de Bolsa e de sua forte presença nas redes sociais, Bea Aguillar atua em diversas frentes no mercado financeiro, consolidando-se como uma referência não apenas em conteúdo educativo, mas também em soluções sofisticadas para investidores. Confira alguns dos principais destaques:

Dhaxa Capital

Fundada por Bea, a Dhaxa Capital é uma gestora de investimentos voltada para clientes que desejam diversificar seu patrimônio de forma estratégica e global. A empresa oferece consultoria personalizada em temas como investimentos internacionais, planejamento tributário e sucessório, estruturação de patrimônio offshore e renda em dólar

Com foco em segurança, performance e governança, a Dhaxa atende um público que busca proteção patrimonial e exposição a mercados globais, contando com a experiência de Bea como analista CNPI (Certificação Nacional do Profissional de Investimento) e investidora com anos de experiência no mercado. 

Cursos

Bea também desenvolve e comercializa cursos online voltados para investidores de diferentes níveis de conhecimento. As formações abrangem temas como renda variável, valuation, investimentos de longo prazo e estratégias de geração de renda com dividendos. 

Os cursos seguem a mesma abordagem prática e acessível que tornou seu conteúdo popular no Youtube, permitindo que mais pessoas aprendam a investir de forma segura, consciente e alinhada com seus objetivos financeiros.

Palestras e eventos

Com sua trajetória inspiradora e domínio técnico sobre o mercado financeiro, Bea Aguillar também é presença frequente em palestras, eventos corporativos e conferências de investimentos. 

Seu conteúdo costuma abordar temas como educação financeira, independência financeira, mulheres investidoras e estratégias para multiplicação de patrimônio.

Dicas e lições de Bea Aguillar para investidores

1. Reconheça o que você ainda não sabe

Um dos pontos que Bea mais enfatiza é a importância da humildade intelectual. Segundo ela, um erro comum entre iniciantes é subestimar a complexidade do mercado financeiro. Muitos chegam movidos por dicas de amigos ou conteúdos rasos da internet e acabam acreditando que já sabem o suficiente para tomar grandes decisões.

“Um dos erros mais comuns dos investidores é não ter consciência do que não sabe.”

Para Bea, reconhecer as próprias limitações é o primeiro passo para uma jornada de investimentos mais sólida e sustentável.

2. Tenha uma reserva de emergência antes de correr riscos

Outra orientação recorrente de Bea diz respeito à importância de construir uma reserva financeira antes de se expor aos riscos do mercado. Segundo ela, o ideal é manter o equivalente a seis meses de despesas fixas investido em ativos de alta liquidez e baixo risco.

“Essa reserva irá servir como um colete salva-vidas.”

Em momentos de instabilidade econômica ou perdas nos investimentos, essa reserva evita o endividamento e garante tranquilidade para manter as estratégias de longo prazo.

3. Invista para o longo prazo — e na sua profissão

Para Bea, o maior retorno financeiro, na maioria das vezes, vem do desenvolvimento profissional, não da especulação no mercado. Ela acredita que investir deve ser uma consequência da geração de valor na carreira ou nos negócios.

“A gente tenta simplificar o máximo a nossa estratégia, porque entende que o mercado é um meio, e não um fim. […] O grande dinheiro mesmo vai estar nas nossas profissões ou nos nossos negócios.”

Com o tempo, percebeu que o grande capital tende a vir da carreira profissional ou dos trabalhos, e que os investimentos devem atuar como ferramenta de preservação e crescimento do patrimônio.

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin

Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.