Quais são as alternativas para os investimentos em renda variável?
Investidores estão reduzindo a exposição em renda variável com a Selic em alta, segundo pesquisa da XP. Em entrevista ao Portal Melhor Investimento, Bruno Lage, Head de Alocação da Três Invest, analisa essa tendência.
Os ativos de renda variável têm sido menos procurados diante da Selic em alta e da perspectiva de um prolongamento no ciclo de aperto monetário. Uma pesquisa recente da XP com escritórios credenciados destacou essa mudança no comportamento dos investidores, trazendo dados e evidenciando a queda no interesse por renda variável.
Em entrevista exclusiva ao Portal Melhor Investimento, Bruno Lage, assessor de investimentos e Head de Alocação da Três Invest, filial da InvestSmart em Minas Gerais, compartilhou suas perspectivas sobre o cenário atual dos investimentos neste segmento.
Com 15 anos de experiência no mercado de investimentos e formação em Administração de Empresas pela PUC Minas, além de um Global MBA em Gestão de Negócios e Finanças pelo Ibmec, Lage trouxe insights sobre as alternativas disponíveis e como os investidores podem posicionar suas carteiras diante das incertezas do mercado.
Pesquisa da XP revela queda no interesse por Renda Variável
Divulgada na terça-feira, 15 de outubro, a pesquisa realizada pela XP com escritórios credenciados, revelou revelou uma forte queda na intenção de aumentar a exposição em renda variável. De acordo com os dados coletados no início do mês, a intenção dos investidores de ampliar suas posições nessa classe caiu de 29% em setembro para 19% em outubro. Paralelamente, o desejo de reduzir a exposição em renda variável cresceu de 8% para 15%.
Os percentuais de alocação nas carteiras também recuaram, refletindo um cenário de cautela. O aumento da taxa Selic e a possibilidade de um prolongamento no ciclo de aperto monetário têm levado os investidores a focarem em alternativas mais seguras, como renda fixa e fundos de renda fixa, que atraíram 74% e 72% da preferência, respectivamente.
Além disso, a busca por Fundos Imobiliários (FIIs) sofreu uma queda expressiva, de 56% em setembro para 40% em outubro. O interesse em ações também diminuiu consideravelmente, caindo de 40% para 28% no mesmo período.
Em quais ativos os investidores estão interessados?
Bruno Lage analisa a mudança no perfil dos investidores e comenta sobre a tendência dos investidores de se basearem na rentabilidade passada para tomar decisões de curto prazo.
“Os investidores costumam olhar para a rentabilidade passada e acreditar que os resultados se repetirão. No entanto, o futuro é imprevisível e, sem uma estratégia diversificada, os riscos aumentam”, destaca.
Ele ainda faz referência a um estudo publicado na revista Nature, que aponta que investidores expostos a resultados positivos tendem a assumir riscos excessivos, concentrando seus investimentos em determinados ativos. Esse comportamento, segundo Lage, é reforçado pela baixa compreensão sobre a dinâmica de uma carteira diversificada e a aversão ao incerto.
“o baixo conhecimento sobre como funciona uma carteira de investimentos, somado à aversão à incerteza e ao rendimento baixo recente das ações, justifica o desinteresse por essa classe de ativos.
A diversificação como estratégia
Para Lage, a diversificação é fundamental para o sucesso no longo prazo. “Uma boa carteira é aquela que você consegue manter por um longo período sem grandes mudanças ou desconfortos”, afirma. O foco deve estar na consistência dos resultados, e não na tentativa de ajustar os investimentos constantemente para surfar as melhores ondas do mercado.
“As maiores rentabilidades atualmente estão em renda fixa digital pós-fixada de curto prazo, com prazos de 2 a 3 anos”, aconselha o assessor.
Lage reforça, contudo, que tentar ajustar os investimentos a cada nova onda do mercado pode ser perigoso. “Inevitavelmente, em algum momento, erros serão cometidos, e as perdas podem anular ganhos anteriores”, completa.
O custo de capital e o impacto nas empresas brasileiras
Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas no Brasil, segundo Lage, é o alto custo de capital. Isso se deve à incerteza em relação às contas públicas e ao receio de um aumento na inflação, o que poderia levar a novas elevações nos juros. Apesar do cenário desafiador, Lage é otimista em relação à recuperação econômica do Brasil, ressaltando que o país já enfrentou crises piores no passado.
“À medida que a taxa básica de juros cai, as empresas ficam mais incentivadas a investir. Isso melhora seus resultados e, por consequência, os preços dos ativos”, explica.
Com os juros atualmente bem acima da média histórica, Lage acredita que uma reversão para a média é esperada, ainda que não seja possível prever quando isso ocorrerá.
A importância de investir em renda variável de forma gradual
Para Bruno Lage, mesmo diante das incertezas, o investimento em renda variável continua sendo uma opção viável, desde que feito de forma gradual e considerando o perfil do investidor.
“O ideal é começar a investir em renda variável desde já, sem pressa, e sempre levando em conta o horizonte de longo prazo”, orienta.
Com essas considerações, Lage enfatiza que o caminho para o sucesso nos investimentos é a diversificação e a paciência, evitando ajustes bruscos com base nas oscilações de curto prazo.
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