Como funciona o FIES 2025? Conheça tudo sobre o financiamento estudantil
O FIES oferecerá 112.168 novas vagas em 2025, distribuídas em dois processos seletivos: 67.301 no primeiro semestre e 44.867 no segundo.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou a abertura de 112.168 novas vagas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) em 2025. Visando viabilizar o ingresso de jovens de baixa renda em instituições privadas de ensino, o órgão planeja destinar um investimento expressivo de R$ 774 milhões.
Neste ano, o programa segue como uma das principais iniciativas para facilitar o acesso ao ensino superior. Contudo, apesar de sua ampla divulgação, muitas pessoas ainda reúnem dúvidas sobre o financiamento e seus critérios de elegibilidade.
Afinal, como o FIES realmente funciona? Quem pode se candidatar? Quais são os benefícios e os passos para garantir uma vaga? Neste guia completo, esclarecemos essas e outras questões para aqueles que cogitam acessar a faculdade por meio do FIES em 2025.
Quando e por que o FIES foi criado?
O Fundo de Financiamento Estudantil, popularmente conhecido pela sua sigla FIES, foi criado pelo MEC em 1999, e formalizado pela Lei n.º 10.260, de 12 de julho de 2001. O fundo foi desenvolvido para substituir o antigo Programa de Crédito Educativo (Creduc), criado em 1971.
Originariamente financiado por um fundo assistencial, por sua vez, sustentado por recursos de loterias, o Crédito Educativo passou por uma reestruturação com a nova Constituição de 1988, sendo transferido para a gestão do MEC. Contudo, a falta de recursos e a inflação desencadearam uma crise no início dos anos 1990, o que desembocou no desenvolvimento do FIES no final da década.
A razão principal para a criação do FIES foi democratizar o acesso à educação superior, oferecendo condições de financiamento para quem não possui condições financeiras de pagar uma universidade particular. Outras finalidades do programa incluem, reduzir as desigualdades sociais e econômicas, promover a formação de profissionais qualificados e incentivar a continuidade dos estudos.
Características principais do FIES
É comum haver confusões sobre o FIES, especialmente quanto ao seu funcionamento e benefícios. Muitas pessoas confundem o FIES com programas de bolsas de estudo ou acreditam que é um programa de subsídio direto.
Na verdade, o FIES é um financiamento, o que significa que o estudante terá que pagar o valor emprestado após concluir o curso. Entenda os principais aspectos que caracterizam o programa:
- Financiamento: o FIES é um programa de financiamento estudantil, ou seja, os recursos fornecidos são emprestados ao estudante e deverão ser pagos futuramente – geralmente após a conclusão do curso.
- Acesso: estudantes de baixa renda têm prioridade no programa. A seleção dos candidatos é feita principalmente com base na renda familiar e no desempenho do estudante. Essa abordagem visa garantir que as vagas sejam destinadas àqueles que mais necessitam do apoio financeiro para acessar o ensino superior.
- Condições especiais: dependendo da renda familiar do estudante, o FIES pode oferecer juros reduzidos ou até mesmo nulos, tornando o financiamento mais acessível.
- Processo seletivo: no início de cada semestre letivo, o FIES abre inscrições para os estudantes interessados em firmar o contrato de financiamento para seus estudos.
Tais questões, relacionadas ao acesso e às condições do financiamento, serão abordadas em detalhes ao longo deste artigo. De todo modo, é importante entender os conceitos básicos que definem o FIES e seus principais fundamentos.
FIES x ProUni: quais as diferenças?
O FIES e o ProUni (Programa Universidade para Todos) são programas do governo brasileiro destinados a ampliar o acesso ao ensino superior, mas diferem significativamente em suas abordagens.
Enquanto o FIES é um programa de financiamento, permitindo que os estudantes paguem suas mensalidades após a conclusão do curso, o ProUni oferece bolsas de estudo parciais ou integrais em instituições privadas. Uma semelhança entre ambos é que utilizam o desempenho no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) como critério de seleção.
No entanto, uma diferença crucial é que, no FIES, o estudante deve pagar o valor financiado posteriormente, enquanto no ProUni, as bolsas não exigem reembolso. Além disso, o ProUni foca mais em alunos de baixa renda, que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas ou como bolsistas em escolas privadas, enquanto o FIES, embora também atenda a estudantes de baixa renda, oferece financiamento com juros baixos ou zero, e um período de carência após a formatura.
Em resumo, o ProUni é uma bolsa que não precisa ser reembolsada, enquanto o FIES é um empréstimo a ser pago após a graduação.
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Quem é elegível ao FIES
Assim como outros programas governamentais, o FIES dispõe de regras que definem a elegibilidade dos potenciais participantes. Em outras palavras, para contratar o financiamento é necessário cumprir com determinados requisitos.
Os critérios gerais para participar do FIES são:
- Participação no Enem: é preciso ter feito o Enem a partir da edição de 2010.
- Desempenho no exame: a nota final no Enem deve ser igual ou superior a 450 pontos, e a redação não pode ter sido zerada.
- Condição de inscrição: não pode ter participado do Enem como treineiro – participantes que ainda não estão aptos para entrar no ensino superior.
- Renda familiar: a renda mensal total da família, dividida pelo número de pessoas (renda per capita), deve ser de no máximo 3 salários mínimos.
- Seleção: É necessário ser aprovado na seleção do FIES, realizada pelo MEC.
O candidato deve ler atentamente o edital do FIES e garantir que preenche todos os critérios nele especificados para participar. Conforme informa no site do programa, “compete, exclusivamente, ao candidato certificar-se de que cumpre os requisitos estabelecidos para concorrer ao referido processo seletivo”.
Modalidades: FIES, FIES Social e P-FIES
As regras previamente elencadas competem aos critérios gerais do FIES, ou seja, aos requisitos exigidos para participar do programa em seu formato tradicional. Entretanto, essas diretrizes podem variar quando se trata de outras modalidades de financiamento estudantil, como o FIES Social e o P-FIES, que possuem características e requisitos específicos.
Fies Social
Instituído em 2024, o FIES Social foi regulamentado pela Portaria n.º 167/2024. Em síntese, ele amplia o acesso ao ensino superior para estudantes com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, desde que estejam cadastrados no CadÚnico.
A modalidade garante financiamento de até 100% dos custos educacionais e reserva cotas específicas para pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. A adesão ao FIES Social foi expressiva, com quase 40 mil estudantes migrando para essa modalidade em seu primeiro semestre em vigor.
Em 2025, o programa destina 50% das 112.168 vagas do FIES a estudantes que se encaixam no perfil do FIES Social.
P-FIES
O P-FIES, por sua vez, é uma modalidade voltada para estudantes com renda familiar bruta mensal per capita mais elevada (entre 3 e 5 salários mínimos), ou seja, aqueles que não se enquadram nos critérios do FIES tradicional.
Diferentemente das demais modalidades, que são exclusivamente geridas pelo poder público, no P-FIES, o Governo Federal opera em parceria com instituições financeiras e certas universidades privadas. Nesse formato, as taxas de juros são estabelecidas pelas instituições financeiras parceiras e, geralmente, podem ser superiores às praticadas normalmente no FIES.
Cálculo e condições do financiamento

O cálculo do valor a ser financiado pelo FIES é realizado de forma individualizada, considerando diversos fatores. Dentre eles, destacam-se a renda familiar bruta per capita do estudante, que determina o percentual máximo de financiamento, e o valor da mensalidade do curso escolhido.
Além disso, o sistema avalia o nível de comprometimento da renda familiar com a mensalidade, visando garantir que o estudante consiga arcar com as parcelas sem comprometer significativamente seu orçamento.
Em 2018, o programa foi reestruturado para oferecer três modalidades de financiamento (Novo Fies), incluindo a opção com juros zero, que visa atender a estudantes com maior vulnerabilidade socioeconômica.
- Faixa I: para estudantes de todo o Brasil com renda familiar de até 3 salários mínimos per capita. Financiamento de 100% do valor do curso, com início do pagamento das mensalidades após a conclusão. Oferece vagas com juros zero, financiadas com recursos da União.
- Faixa II: exclusiva para estudantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste com renda familiar de entre 3 e 5 salários mínimos per capita. Taxa de juros variável.
- Faixa III (P-FIES): estudantes de todo o Brasil com renda familiar de até 5 salários mínimos per capita. Tem taxa de juros variável, financiado e foco em estudantes com renda um acima do limite da Modalidade I.
Inscrição no Programa de financiamento estudantil
As inscrições para o FIES são realizadas exclusivamente pelo Portal Acesso Único do MEC, através do sistema FIES Seleção. Os candidatos devem acessar o portal com CPF e senha da conta Gov.br e seguir os passos indicados para concluir a inscrição.
Em seguida, o estudante será redirecionado para o sistema FIES Seleção para concluir a inscrição. Lembrando que o processo exige o preenchimento de dados pessoais como CPF e e-mail válido, além de exigências requeridas no âmbito do FiesSeleção.
Documentos necessários
A formalização do contrato do FIES exige a apresentação de diversos documentos, incluindo os exigidos pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e documentos pessoais:
- De âmbito pessoal: CPF próprio ou do representante legal (se menor e não emancipado); Documento de Identificação com foto (RG ou CNH); Certidão de casamento e identificação do cônjuge (se for o caso); Comprovante de residência.
- Outros documentos: Documento de Regularidade de Inscrição (DRI); Termo de concessão ou atualização do usufruto de uma bolsa parcial pelo ProUni (se for o caso).
Instituições que oferecem vagas financiadas pelo FIES
Diversas instituições de ensino superior espalhadas por todo Brasil disponibilizam vagas por meio do financiamento estudantil. Alguns exemplos conhecidos são:
- Universidade Estácio de Sá
- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
- Universidade São Judas Tadeu
- Centro Universitário Barão de Mauá
- Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)
Vantagens e Desvantagens do FIES
Entre as vantagens relacionadas ao financiamento do FIES se pode destacar:
- Acesso ao Ensino Superior: o FIES possibilita que estudantes de baixa renda ingressem em universidades privadas, superando barreiras financeiras. Tal aspecto se mostra vantajoso especialmente em cursos mais caros como o de Medicina;
- Juros Reduzidos: em algumas modalidades, o programa oferece taxas de juros baixas ou até mesmo inexistentes, tornando o financiamento mais acessível.
- Parcelamento Facilitado: há casos em que o saldo devedor pode ser pago em condições especiais, com parcelas que respeitam a capacidade financeira do beneficiário.
- Impacto Social: o programa contribui para a redução das desigualdades sociais e econômicas, promovendo formação de profissionais qualificados.
Ao se tratar de desvantagens se pode considerar:
- Endividamento a Longo Prazo: mesmo com condições facilitadas, o financiamento gera uma dívida que pode levar anos para ser quitada.
- Taxas de Juros Variáveis: no caso do P-FIES, os juros são definidos por instituições financeiras e podem ser mais altos, aumentando o custo total.
- Sistema Complexo e Burocrático: para acessar o benefício, é necessário comprovar baixa renda por meio de inúmeros documentos, tornando o processo longo e detalhado.
- Risco de Inadimplência: caso o estudante não consiga se estabilizar financeiramente após a formatura, há o risco de inadimplência. Não há mais o antigo período de carência, assim quem não consegue uma fonte de renda logo após a conclusão do curso, pode começar sua carreira com o nome sujo.
Como funciona o FIES 2025?
Assim, como nos anos anteriores, estudantes de todo país poderão contratar o financiamento para seus estudos em universidades particulares. Conforme o divulgado pelo MEC, o FIES terá 112.168 novas vagas em 2025, com processos seletivos separados para o primeiro e segundo semestres. Serão ofertadas 67.301 vagas no primeiro semestre e 44.867 no segundo.
Inscrição ao programa
As inscrições para o FIES são realizadas semestralmente, antes do início das aulas. Para se inscrever, acesse http://fies.mec.gov.br, clique em “Minha Inscrição” e faça login com sua conta gov.br.
Classificação
A classificação no FIES é tradicionalmente feita com base no desempenho no Exame Nacional ENEM e na renda familiar. Os candidatos com melhores notas e atendam aos critérios de renda têm prioridade na seleção. Candidatos que ainda não concluíram a graduação tem preferência. A ordem de preferência completa ainda será divulgada pelo edital de 2025.
Quando abre o FIES 2025?
No momento da produção deste artigo, o MEC ainda não divulgou as datas para a abertura das inscrições do FIES em 2025. Nos anos anteriores, esse período ocorreu entre os dias 8 e 12 de março.
Com base nesse padrão, é provável que as inscrições tenham início na primeira metade de março de 2025. Após a abertura, os estudantes contarão com um prazo de sete dias para efetivar sua participação.
Fui pré-selecionado, quais são os próximos passos?
SisFies
Candidatos aprovados no Fies devem acessar o SisFIES, a plataforma online do programa, para finalizar a inscrição. É fundamental que todas as informações sejam preenchidas corretamente e dentro do prazo estipulado pelo MEC – normalmente de 5 dias a partir da divulgação da pré-seleção.
Processo de validação
Ao finalizar a inscrição no SisFIES, o estudante deverá se dirigir à Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento (CPSA) presente na instituição de ensino na qual ele pretende cursar o ensino superior. A CPSA é responsável por verificar a autenticidade das informações fornecidas durante a inscrição. Esse procedimento deve ser concluído em até 10 dias após a inscrição.
Contratação do financiamento
No momento da inscrição no SisFIES, o estudante deve selecionar a instituição bancária e a agência de sua preferência. Esse processo é fundamental para a etapa final: o comparecimento ao agente financeiro do FIES (banco autorizado). Tanto o estudante quanto, se necessário, seu(s) fiador(es) têm até 10 dias, contados a partir do terceiro dia útil após a validação da inscrição pela CPSA, para formalizar a contratação do financiamento.
Pagamentos
O pagamento do FIES inicia-se no mês seguinte à conclusão do curso. Se o formado tiver emprego formal, as parcelas serão descontadas automaticamente. Caso contrário, o pagamento mínimo estabelecido pelo CG-FIES (Comitê Gestor do Fies) deverá ser efetuado mensalmente.
Até 2018, o programa previa um período de carência para o início do pagamento das parcelas. No entanto, essa condição foi eliminada com a reestruturação que originou o Novo FIES. Atualmente, o governo projeta um prazo máximo de 14 anos para a quitação da dívida.
Em resumo, vale a pena fazer um financiamento do FIES?
Como é de se imaginar, não há uma resposta definitiva que sirva para todos os casos. A decisão de aderir ou não ao FIES deve ser baseada em uma avaliação criteriosa de cada candidato, levando em consideração sua situação financeira e seus objetivos acadêmicos e profissionais.
Entre os aspectos que tornam o FIES atrativo está a possibilidade de juros zero. Isso significa que, mesmo assumindo a dívida, o estudante devolverá ao governo exatamente o valor recebido, desde que o pagamento seja realizado dentro do prazo estipulado.
Essa condição reduz consideravelmente o impacto financeiro do financiamento e pode representar uma oportunidade acessível para quem precisa de apoio para alcançar a formação superior. Ainda sim, é fundamental ponderar se contrair uma dívida para custear os estudos será, de fato, uma escolha vantajosa no longo prazo.
Desde 2018, o FIES deixou de oferecer um período de carência para o início do pagamento das parcelas. Assim, o estudante passa a assumir o débito imediatamente após a conclusão do curso. A mudança pode representar um desafio significativo, especialmente para aqueles que enfrentam dificuldades para se inserir no mercado de trabalho logo após a formatura.