Como funciona a amortização é uma pergunta recorrente quando o assunto é educação financeira. Se você já esteve diante de um contrato de empréstimo ou financiamento, é provável que tenha pensado em algumas estratégias para reduzir o peso das parcelas pendentes e liquidar sua dívida de maneira mais rápida e menos custosa, não é mesmo? 

A boa notícia é que existe uma solução ao seu alcance: a amortização. Neste artigo, vamos entender em detalhes o que é, como funciona e como você pode empregar a amortização para aliviar as parcelas do seu contrato de empréstimo ou financiamento.

A princípio, podemos dizer que amortizar uma dívida, seja ela proveniente de um empréstimo ou financiamento, consiste em reduzir o montante total devido por meio de um ou mais pagamentos adicionais. Independentemente de seu débito se estender por 30, 100 ou até 360 parcelas, é possível adiantar pagamentos e encurtar significativamente o prazo da dívida. Além disso, em muitos casos, essa prática pode render atraentes descontos nos juros acumulados ao longo do tempo.

Portanto, se você está em busca de maneiras eficazes de gerenciar suas dívidas e ganhar liberdade financeira, este artigo foi feito para você. Vamos descobrir como utilizar a amortização a seu favor e conquistar um caminho mais tranquilo rumo à quitação de suas obrigações financeiras.

O que é amortização?

A amortização é basicamente desmembrar o pagamento de uma grande despesa em partes menores ao longo do tempo. É como se você estivesse desmontando o custo total em parcelas gerenciáveis e pagando uma parte a cada intervalo de tempo definido.

Vamos imaginar que você comprou um apartamento novo. Em vez de desembolsar toda a quantia de uma vez, você opta por dividir o custo em pequenos pagamentos periódicos, digamos, semanais ou mensais.

A cada pagamento, você está reduzindo o montante total que deve até eventualmente quitar toda a dívida, tornando o apartamento oficialmente seu. Essa estratégia é similar à amortização de um empréstimo ou financiamento, onde você deve uma quantia fixa e, em vez de pagar tudo de uma vez, distribui os pagamentos em parcelas menores ao longo do tempo.

Cada pagamento que você faz é dividido entre abater parte do valor principal, ou seja, a quantia original que você pegou emprestado, e cobrir os juros acumulados, que são uma taxa extra pelo empréstimo.

O propósito principal da amortização é tornar mais acessível e gerenciável o pagamento de grandes dívidas. Ao pagar uma fração em cada período, você progride gradualmente na quitação da dívida até que, no final do período acordado, tenha pago integralmente o que devia e esteja livre da obrigação financeira.

Essa prática é comumente utilizada em financiamentos imobiliários, empréstimos com garantia de imóvel, financiamentos de veículos, entre outros tipos de transações financeiras.

Como funciona uma amortização financeira?

Como vimos anteriormente, amortizar um financiamento significa liquidá-lo integralmente, ou seja, pagar toda a dívida. Isso pode ser feito antecipando o pagamento de algumas parcelas e honrando o restante de acordo com o tipo de amortização estipulado no contrato, seja ele pelo Sistema PRICE, SAC, SAM, SAA ou outro método definido. 

A parcela de um empréstimo ou financiamento é composta por diversos elementos, que podem ser categorizados em três principais componentes: o principal, os juros e outros custos associados.

1. Principal:

  • O valor inicialmente emprestado pela instituição financeira.
  • Representa a quantia que deve ser devolvida ao longo do período do empréstimo.
  • É o montante sobre o qual os juros são calculados.
  • Ao longo do tempo, conforme as parcelas são pagas, o saldo devedor do principal é reduzido.

2. Juros:

  • Custos associados ao uso do dinheiro emprestado pela instituição financeira.
  • Calculados com base na taxa de juros acordada no contrato.
  • O valor dos juros pagos em cada parcela pode variar dependendo do saldo devedor remanescente.
  • Nos primeiros períodos do empréstimo, uma parcela maior da parcela mensal é destinada ao pagamento de juros, enquanto a parte referente à amortização do principal é menor. Conforme o saldo devedor diminui, a proporção de juros na parcela diminui e a de amortização aumenta.

3. Outros custos:

  • Depende do tipo específico de empréstimo ou financiamento.
  • Pode incluir taxas administrativas, seguros e outras despesas relacionadas à operação de crédito.
  • Em financiamentos imobiliários, por exemplo, os custos adicionais podem incluir seguros de vida, invalidez e danos físicos no imóvel.
  • Esses custos são geralmente incorporados às parcelas de pagamento, aumentando o valor total a ser pago ao longo do tempo.


Por exemplo, em um financiamento imobiliário, além dos juros, podem haver custos adicionais relacionados a seguros, como seguros de vida, invalidez e danos físicos no imóvel, que são incorporados às parcelas. A forma como esses pagamentos são estruturados impacta diretamente no valor total pago ao longo do tempo e na distribuição entre a amortização do principal e o pagamento de juros.

Tipos mais comuns de amortização

1. Sistema PRICE

O Sistema PRICE, também conhecido como Sistema Francês de Amortização, é um dos métodos mais comuns de amortização, especialmente em financiamentos imobiliários. Ele é caracterizado por pagamentos periódicos de igual valor, compostos por uma parcela de amortização do principal e outra de juros.

No Sistema PRICE, o valor total da parcela permanece constante ao longo do período de pagamento, porém a proporção entre a parte referente à amortização e a parte referente aos juros se altera. Inicialmente, a maior parte da parcela é destinada ao pagamento de juros, enquanto a parte destinada à amortização do principal é menor. Com o passar do tempo, essa situação se inverte, com a parcela destinada à amortização aumentando gradualmente e a parte referente aos juros diminuindo.

Por exemplo, suponha que você contraiu um empréstimo de R$ 100.000,00 a uma taxa de juros de 10% ao ano, com prazo de pagamento de 10 anos, utilizando o Sistema PRICE. A parcela mensal seria calculada para cobrir os juros e a amortização do principal de maneira que o valor total seja o mesmo todos os meses. No início, a maior parte dessa parcela será para pagar os juros, mas ao longo do tempo a proporção da parcela referente à amortização aumentará.

2. Sistema de Amortização Constante (SAC)

No Sistema de Amortização Constante, os pagamentos são compostos por uma parte fixa destinada à amortização do principal e outra parte variável referente aos juros. Isso significa que, ao longo do tempo, a parcela total diminui, pois o valor referente à amortização permanece constante e o valor dos juros é calculado sobre o saldo devedor remanescente.

Exemplo:  Se você contraiu o mesmo empréstimo de R$ 100.000,00 com uma taxa de juros de 10% ao ano e um prazo de 10 anos utilizando o Sistema SAC, a parcela mensal seria dividida em uma parte fixa de amortização do principal e outra parte variável de juros, onde a parte fixa seria de R$ 10.000,00 dividida pelo número de períodos (meses, no caso de um empréstimo mensal).

3. Sistema de Amortização Misto (SAM)

O Sistema de Amortização Misto combina características dos sistemas PRICE e SAC. Ele inicia com parcelas fixas, como no Sistema PRICE, mas em algum ponto ao longo do tempo as parcelas tornam-se constantes, como no SAC.

Por exemplo, você pode começar com parcelas que seguem o padrão do Sistema PRICE nos primeiros anos do empréstimo e, em seguida, passar para parcelas constantes como no SAC. Isso pode ser vantajoso para quem busca uma redução gradual das parcelas ao longo do tempo.

4. Sistema Americano de Amortização (SAA)

O Sistema Americano de Amortização, também conhecido como “interest-only”, é caracterizado pelo pagamento de apenas juros durante um período inicial, seguido pelo pagamento do principal e dos juros restantes em parcelas maiores posteriormente.

Exemplo: Ao pegar um empréstimo de R$ 100.000,00 com uma taxa de juros de 10% ao ano e um prazo de 10 anos utilizando o Sistema Americano, durante os primeiros anos você pagará apenas os juros sobre o saldo devedor, e ao final do período determinado começará a pagar o principal em parcelas maiores.

5. Sistema de Pagamento Variável

No Sistema de Pagamento Variável, as parcelas de amortização e juros são ajustadas periodicamente com base em determinados critérios, como variações na taxa de juros ou no saldo devedor.

Por exemplo, se a taxa de juros variar ao longo do tempo, as parcelas mensais podem ser ajustadas para refletir essa mudança, mantendo o prazo de pagamento original do empréstimo.

Cada um desses sistemas de amortização tem suas próprias vantagens e desvantagens, e a escolha do mais adequado depende das necessidades e objetivos individuais do mutuário. Antes de optar por qualquer sistema, é essencial entender completamente suas características e o impacto que terão nas finanças pessoais a longo prazo.

O que é amortização de financiamento imobiliário?

Amortizar um financiamento imobiliário refere-se ao processo de reduzir o saldo devedor de um empréstimo destinado à compra ou construção de um imóvel. Essa prática permite aos mutuários gradualmente liquidar sua dívida e, eventualmente, tornarem-se proprietários plenos de suas propriedades.

Como amortizar o financiamento imobiliário através do FGTS

O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) pode ser uma ferramenta valiosa para quem busca amortizar seu financiamento imobiliário. Aqui está um guia passo a passo sobre como fazer isso:

  • Verifique os requisitos de elegibilidade: Antes de usar o FGTS para amortizar seu financiamento, certifique-se de atender aos critérios estabelecidos pela Caixa Econômica Federal (CEF) ou pelo órgão regulador relevante. Estes incluem:
  1. Ter pelo menos dois anos desde a última utilização do FGTS para esse fim.
  2. Cumprir os critérios específicos para compradores e imóveis, como tempo mínimo de trabalho sob o regime do FGTS, valor máximo de avaliação do imóvel, entre outros.
  • Decida sobre a abordagem: Você pode optar por usar o FGTS para quitar parte ou a totalidade de seu financiamento imobiliário. Existem duas opções principais:
  1. Liquidação total: Use o saldo do FGTS para quitar completamente o financiamento. Isso pode ser vantajoso para reduzir sua dívida total e os encargos financeiros associados.
  2. Amortização parcial: Use o FGTS para pagar uma parte das prestações mensais do financiamento. Isso pode ajudar a reduzir seus pagamentos mensais e aliviar a pressão sobre seu orçamento.
  • Calcule o impacto financeiro: Antes de prosseguir, é essencial entender como o uso do FGTS afetará suas finanças. Use ferramentas de cálculo ou consulte seu agente financeiro para determinar quanto você poderia economizar em pagamentos mensais ou em termos totais de empréstimo.

    Siga os procedimentos definidos: Uma vez decidido, entre em contato com seu agente financeiro ou a instituição responsável pelo seu financiamento imobiliário. Eles irão guiá-lo através do processo de aplicação do FGTS para amortização.
  • Acompanhe as restrições e limitações: Esteja ciente das restrições e limitações associadas ao uso do FGTS. Por exemplo, existe um limite máximo de redução das parcelas mensais (geralmente até 80% do valor) e um período máximo de amortização (geralmente até 12 meses consecutivos).

Seguindo essas etapas e compreendendo as nuances envolvidas, você pode aproveitar ao máximo o FGTS para amortizar seu financiamento imobiliário e alcançar uma maior estabilidade financeira em relação à sua propriedade.

Como amortizar um empréstimo?

A amortização de um empréstimo não se difere dos outros métodos para financiamento, visto que também significa pagar parte ou o total da dívida antes do prazo estabelecido. Isso pode ser feito de várias maneiras, dependendo das condições do contrato de empréstimo e da capacidade financeira do devedor. Aqui estão algumas maneiras comuns de amortizar um empréstimo:

  • Pagamento antecipado: O devedor pode optar por fazer pagamentos extras além das parcelas regulares, reduzindo assim o saldo devedor e os custos totais do empréstimo.
  • Refinanciamento: Uma opção é refinanciar o empréstimo, substituindo-o por um novo empréstimo com condições mais favoráveis, como uma taxa de juros mais baixa ou um prazo de pagamento mais curto.
  • Utilização de recursos extras: Recursos extras, como bônus, herança ou economias adicionais, podem ser destinados para amortizar a dívida mais rapidamente.

Amortização de empréstimo consignado

O empréstimo consignado é uma modalidade na qual as parcelas são descontadas diretamente do salário ou benefício do mutuário. Para amortizar um empréstimo consignado, o mutuário pode considerar as mesmas opções mencionadas anteriormente, como pagamento antecipado ou refinanciamento. Entretanto, é importante estar ciente das regras específicas relacionadas aos empréstimos consignados, que podem ter limitações quanto à antecipação de pagamentos ou outras restrições.

Em resumo, qual é o melhor sistema de amortização financeira?

Não há uma resposta definitiva para qual sistema de amortização financeira é o melhor, pois isso depende das circunstâncias individuais de cada mutuário. Cada sistema tem suas próprias vantagens e desvantagens, e a escolha do mais adequado deve levar em consideração fatores como prazo de pagamento desejado, capacidade financeira, volatilidade das taxas de juros e preferências pessoais. Por isso, avalie cuidadosamente cada uma das opções apresentadas neste texto e tome sua decisão com sabedoria e responsabilidade.

Recomendações gerais para amortizar empréstimos e financiamentos

  • Avalie suas finanças: Antes de tomar qualquer decisão, é importante avaliar sua situação financeira atual e determinar quanto você pode pagar extra em direção à amortização do empréstimo.
  • Priorize os empréstimos com taxas de juros mais altas: Se você possui múltiplos empréstimos, considere amortizar primeiro aqueles com taxas de juros mais altas, pois isso pode resultar em economia de custos a longo prazo.
  • Conheça as condições do contrato: Certifique-se de entender completamente as condições do seu contrato de empréstimo, incluindo quaisquer penalidades por pagamento antecipado ou restrições relacionadas à amortização.
  • Busque orientação profissional: Se estiver em dúvida sobre a melhor estratégia para amortizar seus empréstimos, considere buscar aconselhamento de um profissional financeiro, que pode ajudá-lo a elaborar um plano de pagamento adequado às suas necessidades e objetivos financeiros.
Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.