As insurtechs vieram como uma nova tendência tecnológica para o ramo dos Seguros, antes burocrático e cheio de papelada. Elas prometem trazer mais eficiência ao setor, com espírito inovador.

Com a combinação entre seguradoras e tecnologia, as insurtechs visam simplificar procedimentos, reduzir custos e oferecer uma experiência mais ágil e satisfatória aos clientes.

Assim como outras startups disruptivas que desafiaram setores tradicionais, como a Uber no transporte urbano e o Airbnb no mercado imobiliário, as insurtechs representam uma mudança de paradigma no universo dos seguros. 

Neste contexto, é fundamental compreender não apenas o que são as insurtechs, mas também como funcionam seus modelos de negócios e qual é a relação delas com as fintechs, outro setor em ascensão. Este artigo explora, portanto, o que são as insurtechs e o papel na revolução do mercado de seguros, destacando suas práticas inovadoras, os benefícios e as tendências que moldarão o setor nos próximos anos. Acompanhe:

O que são Insurtechs?

Insurtechs são empresas inovadoras que surgiram da convergência entre o setor de seguros e a tecnologia. Elas representam uma resposta à demanda global por serviços mais eficientes e acessíveis, seguindo a tendência de digitalização que tem transformado diversos setores. Assim como empresas disruptivas como Uber, bancos digitais e plataformas imobiliárias como Airbnb e Quinto Andar, as insurtechs buscam modernizar um setor tradicionalmente burocrático e moroso.

Ao automatizar processos e simplificar procedimentos, essas startups visam oferecer uma experiência mais ágil e econômica aos clientes, preenchendo uma lacuna no mercado de seguros e agregando valor à indústria como um todo.

Como funciona o modelo de negócios das Insurtech?

Após impulsionar um aumento nos investimentos de aproximadamente 77% entre 2019 e 2020, as Insurtechs continuaram a remodelar o mercado de forma inovadora. Em sua maioria compostas por startups, essas empresas têm se empenhado em simplificar a aquisição de seguros por meio da tecnologia.

Essa abordagem não apenas resulta em um incremento nas vendas, mas também oferece uma série de vantagens para o cliente ao adotar completamente a transformação digital. Utilizando automação de processos e o desenvolvimento de ferramentas, incluindo aplicativos para smartphones, o objetivo principal é proporcionar uma experiência altamente personalizada.

Esses avanços são viabilizados por tecnologias já estabelecidas, como Inteligência Artificial (IA), Big Data e Internet das Coisas (IoT), bem como estratégias digitais focadas em CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) e Mídias Sociais. Em essência, as insurtechs conseguem coletar e analisar vastos conjuntos de dados para oferecer serviços mais eficientes.

Além disso, a IA pode orientar os atributos do negócio, agilizando a assistência, tornando-a mais prática e precisa, além de garantir benefícios exclusivos para o cliente e muito mais.

Qual a relação entre Fintech e Insurtech?

Segundo a Global Insurtech Industry Report, a digitalização dos processos de seguros deve movimentar US$ 158,9 bilhões em todo o mundo até 2030. Algo semelhante ocorre com o cenário de fintechs, já que esse mercado global pode alcançar o valor de US$ 698.48 bilhões até o início da próxima década, segundo a Allied Market Research. 

No Brasil, esse cenário é igualmente otimista, embora proporcional ao mercado local, e com desafios diferentes. Em 2022, as captações de investimentos para insurtechs e fintechs bateram US$ 8 bilhões e US$ 1,6 bilhão, respectivamente. Até 2030, espera-se que esses números continuem a crescer ano a ano. 

Para exemplificar o efeito da tecnologia nesses setores, podemos citar o Open Insurance e o Open Finance, iniciativas que estão em vigor no Brasil, e que têm como objetivo digitalizar informações e ampliar o acesso a serviços, sejam eles de seguros ou financeiros. 

Vale ressaltar que cada um desses setores tem suas particularidades e objetivos específicos. 

No entanto, a coexistência de ambos permite que insurtechs e fintechs atuem em parcerias estratégicas, unindo esforços para oferecer soluções mais adequadas e personalizadas aos consumidores. 

Portanto, considerando que são setores em sinergia com grandes investimentos em inovação, podemos afirmar que essas parcerias são uma estratégia de posicionamento excelente no mercado

Relação da Insurtech no mercado de Seguros

As insurtechs estão revolucionando o mercado de seguros, em um movimento que espelha o impacto das fintechs no setor bancário. O cerne das insurtechs reside na utilização da tecnologia para otimizar as operações de seguros, proporcionando agilidade em todos os aspectos do processo, desde a contratação até a resolução de sinistros e o pagamento de prêmios.

Essas empresas se destacam pela digitalização dos procedimentos de seguros, incorporando práticas como assinaturas digitais de contratos e a automatização de tarefas repetitivas e manuais. Além disso, almejam alcançar maior eficiência na análise de dados, identificação e correção de falhas nos processos internos das seguradoras, bem como facilitar o fluxo de informações dos segurados. Por meio de ferramentas como dashboards e inteligência artificial, as insurtechs oferecem uma gestão estratégica dos dados, promovendo uma sinergia entre eficiência operacional, redução de custos para os consumidores e aumento dos lucros para as seguradoras.

Embora o mercado de seguros no Brasil seja tradicionalmente conservador, dada a natureza dos riscos envolvidos e a responsabilidade na gestão dos recursos dos segurados, ele está se adaptando às demandas da era digital. Essa adaptação não é apenas uma preparação para o futuro, mas uma resposta à realidade tecnológica e inovadora presente na sociedade contemporânea.

Qual o impacto com o mercado de seguros auto

O surgimento das insurtechs no mercado de seguros auto trouxe um impacto significativo, transformando a dinâmica tradicional dominada pelas seguradoras regulamentadas pela Susep. Anteriormente, a proteção para automóveis era predominantemente oferecida por essas seguradoras tradicionais, deixando uma grande parcela da frota brasileira desprotegida, como aponta a CNseg, com 70% sem cobertura de seguro.

As insurtechs neste segmento priorizam a experiência do cliente e criar ofertas de produtos mais personalizadas e alinhadas às necessidades individuais. Essa abordagem centrada no cliente tem sido um diferencial marcante, permitindo identificar lacunas no mercado e desenvolver soluções mais acessíveis e flexíveis.

Ao oferecerem produtos diferenciados e adaptados às demandas específicas dos clientes, as insurtechs têm potencializado a inclusão no mercado de seguros auto, alcançando segmentos anteriormente negligenciados pelas seguradoras tradicionais. Essa diversificação de opções beneficia não apenas os consumidores, mas também promove uma maior competição no setor, incentivando as seguradoras tradicionais a se adaptarem e inovarem para acompanhar as mudanças do mercado. Assim, o surgimento das insurtechs tem impulsionado uma evolução positiva no mercado de seguros auto, proporcionando maior acesso a proteção veicular e estimulando a melhoria contínua dos serviços oferecidos.

Quais são os benefícios das Insurtechs?

As insurtechs oferecem uma série de benefícios para os utilitários, tais como:

  1. Agilidade nos processos de seguro, tornando a contratação, gestão e resolução de sinistros mais rápidos e eficientes.
  2. Utilização de dados para análise de apólices e coberturas, proporcionando uma melhor compreensão dos riscos e necessidades dos clientes.
  3. Registro e acompanhamento automatizado de sinistros internos, agilizando os procedimentos de reclamação e ressarcimento.
  4. Garantia da segurança de colaboradores e equipamentos por meio de soluções tecnológicas que permitem monitoramento em tempo real de eventos críticos.
  5. Possibilidade de gestão integrada de seguros para uma ampla gama de ativos, como equipamentos, veículos, instalações e pessoal, proporcionando uma visão abrangente dos riscos e oportunidades de mitigação.
  6. Utilização da tecnologia 4.0 para monitorar eventos críticos em tempo real, o que pode resultar na redução de perdas, otimização de gastos e até mesmo na prevenção de acidentes, contribuindo para a segurança e eficiência das operações.

Top Insurtechs brasileiras

Desde 2018, as insurtechs brasileiras, startups especializadas no setor de seguros, acumularam um total de US$ 553,8 milhões em investimentos, conforme indicado pelo relatório InsurTech Report 2024. Esse montante contribui significativamente para o panorama latino-americano, que viu um total de US$ 667 milhões levantados durante o mesmo período.

O Brasil lidera essa tendência na região, abrigando a maioria das empresas do segmento, com uma participação de 57,2% das 250 identificadas em toda a América Latina pelo Distrito. Em seguida, estão o México, com 18,4%, e a Argentina, com 9,2%.

Confira as principais insurtechs do Brasil por total de investimento

  • Azos — US$ 18,3 milhões
  • Pitzi — US$ 29,8 milhões 
  • 180° Seguros — US$ 39,6 milhões 
  • Pier — US$ 42,1 milhões
  • Justos — US$ 44,6 milhões 
  • Minuto Seguros — US$ 60 milhões
  • Alice — US$ 178,3 milhões

Tendências das insurtechs para 2025

Vamos explorar a seguir algumas das principais tendências que moldarão o futuro das insurtechs nos próximos anos: 

Inteligência Artificial

    A integração da inteligência artificial (IA) e do aprendizado de máquina (ML) está revolucionando os processos de subscrição nas insurtechs. Essas tecnologias permitem uma análise mais detalhada de dados, identificação de padrões e avaliações de risco personalizadas. Como resultado, o processo de subscrição se torna mais eficiente e preciso, beneficiando tanto as seguradoras quanto os segurados.

    Blockchain para maior segurança e transparência

      O Blockchain está emergindo como uma solução promissora para aumentar a segurança e a transparência em todo o setor de seguros. Desde a emissão de apólices até o processamento de sinistros, essa tecnologia garante registros imutáveis, reduzindo fraudes e promovendo a confiança entre todas as partes envolvidas.

      Experiências Digitais Centradas no Cliente

      As insurtechs estão cada vez mais focadas em oferecer experiências digitais centradas no cliente. Com o desenvolvimento de aplicativos móveis e interfaces intuitivas, os segurados podem gerenciar seus seguros de forma simples e conveniente. Essa abordagem visa melhorar o envolvimento do cliente, construindo confiança e fidelidade em um mercado competitivo.

      Análise de dados

      A vasta quantidade de dados disponíveis é um recurso valioso para as insurtechs. Ferramentas avançadas de análise de dados permitem que as seguradoras extraiam insights significativos, melhorando a previsão e prevenção de riscos, além da otimização de modelos de preços.

      Segurança Cibernética em Destaque

      Com o aumento das transações online, a segurança cibernética se tornou uma prioridade crucial para as insurtechs em 2025. Inovações nesse campo são essenciais para proteger as informações dos clientes e manter a confiança no setor.

      Modelos de seguro sob demanda

      O surgimento de serviços sob demanda está influenciando os modelos de seguro, levando as insurtechs a explorar soluções que oferecem cobertura personalizada para eventos específicos ou períodos de tempo determinados.

      Colaborações e parcerias

      A colaboração entre insurtechs, seguradoras tradicionais e empresas de tecnologia está se tornando mais comum, impulsionando a inovação e facilitando o desenvolvimento de soluções mais eficazes e abrangentes.

      Mitigação de riscos climáticos e integração de ESG

      As insurtechs estão cada vez mais focadas em lidar com os riscos climáticos e incorporar considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) em suas operações, reconhecendo o papel crucial do setor de seguros na sustentabilidade e na adaptação às mudanças climáticas.

      À medida que avançamos em direção a 2025, essas tendências continuarão a desempenhar um papel fundamental na transformação do setor de seguros, impulsionando a inovação e proporcionando benefícios significativos tanto para as empresas quanto para os consumidores.

      Pedro Gomes

      Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.