Presente no Brasil desde maio de 2024, a Temu chegou ao mercado nacional já sendo vista como uma forte concorrente no e-commerce. Embora ainda pouco conhecida por aqui naquele momento, a gigante chinesa já acumulava um retrospecto impressionante no cenário internacional. 

Na época, a plataforma já operava em 18 países espalhados pelo globo. Em seu ano de estreia, se apresentou como uma campeã de vendas em diversas regiões e se tornou o 5º aplicativo mais baixado do mundo, atrás apenas de redes sociais como TikTok e Instagram. 

Passado pouco menos de um ano do início das operações, a Temu já é líder no mercado nacional, em número de usuários. Segundo levantamento do banco americano Citi, com base em dados da SimilarWeb, o aplicativo da plataforma registrou 58 milhões de acessos, superando a Shopee — até então a maior nesse quesito —, que contabilizou 56 milhões no mesmo período.

Origem recente: quando surgiu e de onde vem a Temu? 

Assim como suas concorrentes diretas, Shein e Shopee, a Temu é mais uma gigante do e-commerce com origem na China. Em suas configurações internacionais, a plataforma surgiu em setembro de 2022, mas pode-se dizer que suas bases nasceram ainda em 2015. 

A Temu pertence à PDD Holdings, responsável pela Pinduoduo, plataforma fundada naquele ano por Colin Huang, um ex-executivo do Google na China, com passagem anterior pela Microsoft. A plataforma foi criada para atender a uma demanda latente, oferecendo um catálogo diversificado e focado em nichos pouco explorados pelos e-commerces chineses da época.

Mas o que realmente fez a empresa estourar foi o modelo de compras em grupo, aliado a uma experiência de compra com foco social. Essa estratégia permitiu à plataforma ganhar escala rapidamente e, consequentemente, oferecer preços mais competitivos.

Em síntese, a Temu pode ser vista como uma versão da Pinduoduo voltada ao mercado global, enquanto esta última opera exclusivamente na China. O nome Temu vem da expressão “Team Up, Price Down”, algo como “juntos para economizar”, o que resume bem o lema da empresa.

Leia também:

Crescimento “meteórico” 

Um dos pontos mais interessantes na história da Temu é seu crescimento extraordinariamente rápido.. Lançada nos Estados Unidos em 2022 e, posteriormente, no resto do mundo, a plataforma se consolidou como um fenômeno global. A plataforma tem liderado de forma consistente os rankings mundiais de downloads de aplicativos, batendo recordes de vendas e conquistando uma base ampla de usuários. 

São vendas bilionárias desde o início 

  • Durante seu primeiro ano no mercado, a varejista já atingiu US$ 2,3 bilhões em vendas. 
  • Em 2023, a Temu registrou vendas estimadas em US$ 18 bilhões. 
  • Esse número mais que triplicou em 2024, alcançando cerca de US$ 70,8 bilhões. 
  • Com dados da SimilarWeb divulgados pela Tech Buzz China. 

Temu no topo entre os downloads mundiais

Conforme o relatório Mobile App Trends 2025, a Temu lidera o ranking de aplicativos de e-commerce mais baixados, superando a Shein, que aparece na segunda posição. 

  • Em 2023, o app atingiu 344,01 milhões de downloads nas lojas App Store e Google Play em todo o mundo. 
  • Desde seu lançamento até outubro de 2024, esse número saltou para 484,31 milhões de downloads globais; 
  • segundo dados do Statistica. 

Brasil adere à novata: Temu x Shopee x Amazon 

Em apenas nove meses de atuação no Brasil, a Temu desbancou concorrentes já consolidados e, em 2025, alcançou a liderança como o marketplace mais acessado do país.

O aplicativo de Colin Huang  iniciou oficialmente suas operações no Brasil em junho de 2024. Já no final de agosto, com 19 milhões de acessos em apenas dois meses de presença no mercado nacional, a Temu havia ultrapassado em número de acessos marcas tradicionais como Casas Bahia e até mesmo a gigante norte-americana Amazon, de Jeff Bezos.

Em dezembro, a Temu Brasil chegou a vice-liderança no e-commerce, deixando para trás o Mercado Livre. Naquele mês, a plataforma atingiu a marca de 39 milhões de usuários ativos, ultrapassando a empresa argentina que registrou 35 milhões de visitas. 

Mais recentemente, em março de 2025, foi a vez da Shopee dar espaço ao trem desenfreado da Temu. Foram 58 milhões de acessos no aplicativo, frente aos 56 milhões da antiga líder do mercado. As informações, divulgadas pelo banco americano Citi, são da SimilarWeb. 

Com esse retrospecto — que não se restringe ao Brasil —, a Temu já recebeu diversos codinomes, como “Amazon turbinada”, “nova Shopee” ou uma espécie de “mistura de Shopee e Shein”.

Estratégias e diferenciais da Temu 

Diante de tamanha robustez, é natural que surja o interesse pelas estratégias que catapultaram a Temu para o grupo das maiores empresas do e-commerce global — especialmente entre aqueles que estudam o ecossistema do empreendedorismo.

Assim como outras gigantes chinesas, a plataforma adota o modelo de marketplace online, com foco em preços extremamente competitivos, frete grátis e promoções agressivas. Entretanto, a Temu conta com alguns diferenciais em relação aos seus concorrentes diretos. 

“Mais barata que a Shein? Mais rápida que a Shopee?” 

Temu Brasil
Imagem: Divulgação

Quando iniciou suas operações no Brasil, em 2024, a Temu adotou uma estratégia agressiva para conquistar o público: ofereceu descontos de até 90%, além de cupons promocionais para compras acima de determinados valores. Com isso, reacendeu-se o debate sobre qual e-commerce chinês oferece a melhor combinação entre preço e prazo de entrega.

No quesito preço, a Temu leva vantagem nos descontos promocionais iniciais. No entanto, análises indicam que, em categorias como vestuário, utensílios domésticos e eletrônicos, Shopee e Shein costumam praticar preços mais baixos — embora isso possa variar bastante ao longo do tempo.

Em relação ao tempo de entrega, a Shopee tende a ter um desempenho superior. Conforme divulgado pelo portal UOL, seus prazos variam entre 8 e 21 dias, enquanto a Temu realiza entregas entre 15 e 30 dias, podendo em alguns casos ultrapassar esse intervalo. Mas o que nos interessa, de fato, são os diferenciais da Temu, enquanto modelo de negócio. 

Modelo de negócios da Temu

Entre os principais diferenciais do modelo adotado pela Temu, cabe destaque para os seguintes elementos: 

  • Intermediação direta com fornecedores:
    • A plataforma adota um modelo de negócios que elimina intermediários, permitindo que os consumidores comprem diretamente dos fabricantes. 
    • Os produtos vendidos são comercializados sem a participação de varejistas e, em alguns casos, nem mesmo das marcas, garantindo preços mais competitivos e maior controle sobre a cadeia de suprimentos.
  • Foco em experiência e viralização:
    • A Temu aposta fortemente no engajamento social como motor de crescimento. Os usuários são incentivados a convidar novos clientes, promovendo uma dinâmica viral baseada na interação entre consumidores. 
    • Para sustentar essa estratégia, a empresa investe pesadamente em marketing digital: só em 2023, estima-se que a PDD destinou cerca de USD 2 bilhões em publicidade nas plataformas da Meta (Instagram e Facebook).

Leia também: Starbucks no Brasil: entenda cenário econômico atual

Temu está na Bolsa de Valores?

A Temu, por si só, não está listada na Bolsa de Valores, mas sua controladora, a PDD Holdings Inc., sim. A multinacional do comércio eletrônico negocia ações na Nasdaq, nos Estados Unidos, sob o ticker PDD.

No Brasil, os investidores também podem ter acesso indireto à empresa por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que representam ações estrangeiras na B3, a bolsa brasileira. Por aqui os papéis são negociados por meio do código P1DD34.

Em suma, embora a Temu não esteja diretamente na Bolsa, é possível investir na “empresa-mãe”, que inclui tanto a Temu quanto a plataforma Pinduoduo, através de ações listadas nos EUA ou via BDRs no Brasil.

Mas, na perspectiva do consumidor, a Temu é confiável?

A Temu, da mesma forma que suas conterrâneas quando chegaram no Brasil, está enfrentando os receios do consumidor. Afinal, estamos falando de um vasto leque de produtos a um preço extremamente competitivo. Por aqui, temos até um ditado que descreve bem esse fenômeno: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. 

De maneira geral, a Temu apresenta bons indícios de confiabilidade, oferecendo uma plataforma segura e operando com sucesso em diversos países. De todo modo, no Brasil, o consumidor possui ferramentas para avaliar uma loja, antes de efetuar a compra. Os mais conhecidos são o “Reclame aqui” e o “Consumidor.gov”. 

No momento da publicação deste artigo, não há registros da empresa no Consumidor.gov. No Reclame Aqui, a Temu tem nota  4,7 de 10. De acordo com o sistema de classificação do portal, a plataforma é considerada “Não Recomendada”. A principal queixa dos consumidores (39,18%) está relacionada à “propaganda enganosa”.

Segundo o portal, 98.1% das reclamações recebidas foram respondidas pela empresa. Vale destacar que essa avaliação pode variar, portanto, recomenda-se consultar a nota diretamente no site para obter informações atualizadas.

Gostou do conteúdo?  Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin

Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.