Empreendedorismo feminino: conheça a Friga, que fatura R$15 milhões
Friga Store: como Gisele Gomes construiu um negócio de R$15 milhões focado em mulheres 35+. Cases, expansão e aprendizados para investidores.

O mercado de moda feminina sempre foi competitivo, mas também terreno fértil para mulheres empreendedoras que buscam unir propósito, estilo e estratégia de negócio. Entre os nomes que se destacam nesse cenário está Gisele Gomes, criadora da Friga Store, marca voltada para mulheres acima dos 35 anos que conquistou um faturamento de R$ 15 milhões e segue em expansão internacional.
Mais do que um case de sucesso, a história da Friga é um retrato do empreendedorismo feminino no Brasil, mostrando como visão de mercado, resiliência e foco em um público negligenciado podem transformar uma ideia em uma empresa consolidada.
A seguir, o Melhor Investimento conta a trajetória de Gisele Gomes e revela as estratégias, desafios e aprendizados por trás da marca que vem ganhando espaço entre consumidoras e investidores.
Moda feminina para mulheres 35+: como surgiu a Friga
O ponto de partida da Friga Store foi a percepção de uma lacuna no mercado. Enquanto o setor de moda frequentemente mira o público jovem, Gisele enxergou um espaço subaproveitado: mulheres maduras, acima dos 35 anos, que buscam roupas confortáveis, elegantes e com bom caimento.
Esse insight foi o alicerce da marca. A empreendedora entendeu que esse público queria mais do que tendências passageiras: desejava autenticidade, praticidade e qualidade.
Assim, a Friga nasceu com um posicionamento claro: criar peças atemporais, com design sofisticado, tecidos de qualidade e um toque moderno.
E-commerce e relacionamento digital com o público
Desde o início, a marca optou por operar 100% no e-commerce, o que permitiu um contato mais direto com as consumidoras.
Além do site, a Friga investiu em canais complementares, como WhatsApp e Instagram, reforçando a presença digital e o relacionamento personalizado, um dos grandes diferenciais da empresa.
Ao contrário de muitas marcas de moda rápida, a Friga aposta na longevidade das peças. Cada coleção é pensada para durar, priorizando conforto e elegância em vez de modismos.
Esse cuidado conquistou a confiança de um público fiel, que se identifica com a proposta da marca e contribuiu para o crescimento consistente do negócio.
Gisele Gomes: biografia da criadora da marca
A trajetória de Gisele Gomes reflete o espírito do empreendedorismo feminino contemporâneo: coragem para recomeçar e capacidade de aprender com os próprios erros.
Paulistana, hoje com 41 anos, Gisele construiu sua carreira inicial em uma das maiores multinacionais do mundo; a Whirlpool, onde atuou como gerente júnior na área de qualidade de produto.
Com apenas 28 anos, ela já traçava um caminho promissor rumo à diretoria.
No entanto, o ritmo intenso do ambiente corporativo cobrou seu preço. As longas jornadas e a pressão constante resultaram em níveis elevados de estresse e gastrite, levando Gisele a repensar sua trajetória profissional.
Primeiros passos no empreendedorismo: a experiência com a marca Manola
Em 2013, decidiu empreender, mesmo sem experiência no setor têxtil. Junto a uma amiga, fundou a marca Manola, voltada para o público feminino.
O começo foi desafiador: as duas compravam roupas prontas no Brás e no Bom Retiro, mas as margens apertadas logo mostraram que o modelo precisava mudar.
Determinada a aprender, Gisele contratou uma consultora e mergulhou no processo de criação de coleções, seleção de tecidos e modelagem.
O aprendizado foi intenso e, embora o sucesso não tenha vindo de imediato, a experiência foi essencial para moldar a empresária que mais tarde criaria a Friga.
Quando a sociedade se desfez, Gisele seguiu sozinha, com uma visão mais clara de negócio e a certeza de que precisava de um propósito mais definido.
Foi dessa transição que nasceu a Friga Store, em 2021, um projeto que uniu paixão por moda, propósito e foco estratégico.
Da fundação ao faturamento de R$ 15 milhões: trajetória de crescimento
A consolidação da Friga não aconteceu da noite para o dia. Nos primeiros meses, a marca ainda convivia com desafios operacionais, logísticos e financeiros. Gisele precisou equilibrar o investimento em produção com a construção da identidade da marca.
O diferencial começou a se consolidar quando a empresária decidiu investir em e-commerce próprio, em vez de depender dos marketplaces. Canais que, embora oferecessem visibilidade, tinham altas comissões e baixas margens.
Ao controlar diretamente a operação, a Friga passou a conhecer melhor seu público, entender as preferências das consumidoras e ajustar as coleções conforme os feedbacks recebidos. Essa proximidade gerou uma comunidade fiel e engajada, o que impulsionou o crescimento das vendas.
Em 2024, a marca alcançou R$ 15 milhões de faturamento e projeta um crescimento de até 30% em 2025.
O resultado é fruto de uma gestão focada, do investimento em tecnologia e da humanização no atendimento, pilares que tornaram a Friga uma referência no segmento de moda feminina.
Estratégias empreendedoras que alavancaram o sucesso
A história da Friga é também um manual prático de estratégias empreendedoras bem executadas. Entre as principais decisões que impulsionaram o negócio, destacam-se:
- Posicionamento de nicho: em vez de competir com marcas generalistas, Gisele mirou um público específico e pouco explorado. Essa segmentação ajudou a Friga a construir uma identidade autêntica.
- Digitalização inteligente: o e-commerce próprio não só reduziu custos, como também permitiu o controle total da jornada do cliente.
- Relacionamento humanizado: o atendimento via WhatsApp e redes sociais reforçou a confiança e aproximou a marca das consumidoras.
- Produção nacional: manter a fabricação no Brasil garantiu qualidade e flexibilidade na criação das coleções.
- Análise de dados: a empresa utiliza ferramentas de CRM e relatórios de comportamento de compra para ajustar campanhas e lançamentos.
Além disso, Gisele Gomes entende que autenticidade e propósito são ativos valiosos. Em um mercado saturado por modismos, a Friga aposta em coerência: roupas que traduzem conforto e confiança, refletindo a maturidade e a força das mulheres que as vestem.
Principais desafios enfrentados pela Friga Store
Nenhum crescimento vem sem obstáculos. A Friga enfrentou, ao longo de sua trajetória, desafios que testaram a resiliência de Gisele e sua equipe.
Entre os maiores, está a dependência inicial de marketplaces, que limitava a rentabilidade e a identidade da marca. A transição para o e-commerce próprio exigiu investimento e paciência, mas foi decisiva para o futuro da empresa.
Outro desafio relevante foi a gestão logística. Manter o estoque ajustado, garantir entregas rápidas e lidar com a sazonalidade da moda exigiram uma estrutura eficiente.
Em 2025, a marca ainda precisou lidar com o chamado “tarifaço” dos Estados Unidos, que aplicou uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros. Gisele, entretanto, se antecipou, levando um estoque de 6 mil peças para Miami antes da mudança e garantindo operação estável por meses.
Apesar das adversidades, a marca não recuou. Pelo contrário, cada obstáculo foi encarado como uma oportunidade de aprimorar processos e reforçar a estratégia de expansão.
Expansão internacional
Com a base sólida no Brasil, a Friga Store iniciou em 2025 sua expansão para os Estados Unidos, abrindo uma operação em Miami.
A escolha não foi aleatória. Além de residir na Flórida, Gisele percebeu o potencial de levar o estilo e a qualidade da moda brasileira para consumidoras norte-americanas. O projeto começou com um estoque local e campanhas de marketing digital direcionadas ao público americano.
Mesmo com as tarifas de importação, a conversão do dólar para o real torna o negócio rentável. A empreendedora estima que a operação internacional alcance a lucratividade plena em até dois anos.
Paralelamente, a Friga se prepara para abrir sua primeira loja física no Brasil, no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo. Um passo importante para atender à demanda de clientes que desejam experimentar as peças pessoalmente.
A expansão física e internacional simboliza a maturidade da marca e a visão de longo prazo da fundadora.
O que investidores podem aprender com o case Friga
O sucesso da Friga oferece lições valiosas para empreendedores e investidores que desejam entender o que torna uma marca de moda sustentável e escalável.
- Foco em nicho é força, não limitação: escolher um público específico pode ser mais estratégico do que tentar agradar a todos.
- Dados e empatia andam juntos: conhecer profundamente o consumidor é tão importante quanto ter números sólidos.
- Gestão enxuta e digital: o controle direto das vendas e da comunicação é um diferencial competitivo.
- Resiliência em tempos de crise: da ruptura societária ao tarifaço americano, a Friga mostrou que adaptação é chave.
- Marca com propósito é investimento de valor: consumidores buscam identificação, e marcas autênticas constroem valor de longo prazo.
Para investidores atentos, a Friga representa um exemplo de marca independente com potencial de internacionalização e modelo de gestão escalável, atributos cada vez mais valorizados em startups e empresas de moda digital.
Investir em moda feminina: vale a pena?
O setor de moda feminina é dinâmico, mas competitivo. Ainda assim, quando há clareza de propósito, identidade de marca e gestão profissional, o retorno pode ser significativo.
Segundo dados da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o mercado de moda no Brasil movimenta mais de R$ 200 bilhões por ano e vem crescendo impulsionado pelo e-commerce e pela valorização da produção nacional.
Casos como o da Friga Store mostram que há espaço para marcas que se diferenciam pela autenticidade e pelo relacionamento com o público.
Para o investidor, é essencial avaliar três pontos antes de apostar nesse setor:
- Modelo de negócio digitalmente maduro (com base de clientes própria);
- Controle de produção e margem;
- Capacidade de expansão sem diluir identidade.
A Friga se destaca justamente por atender a esses critérios. Seu sucesso é um lembrete de que o empreendedorismo feminino não apenas impulsiona negócios, mas também gera inovação, empregos e representatividade, pilares fundamentais para o crescimento econômico sustentável.
Com uma base fiel de clientes, planos de expansão física e internacional e um faturamento em ascensão, a Friga simboliza o novo momento do empreendedorismo feminino brasileiro: moderno, digital e global.
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