O recente decreto do governo dos Estados Unidos, assinado pelo presidente Donald Trump, que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, gerou apreensão inicial entre empresários e economistas. No entanto, estimativas realizadas por bancos e gestoras de investimentos apontam que o impacto do tarifaço no PIB brasileiro será moderado, com projeções que variam entre 0,10 e 0,30 ponto percentual de redução no crescimento econômico.

Com uma lista extensa de produtos isentos da nova tributação, o Brasil conseguiu preservar parte significativa de suas exportações, o que contribuiu para suavizar os possíveis danos econômicos. A medida passa a valer ainda este ano e afeta setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria de bens de consumo, com repercussões limitadas graças às isenções negociadas.

Tarifa de 50% foi suavizada por isenções que protegem setores-chave

Apesar da elevação tarifária anunciada pelos EUA, o impacto do tarifaço no PIB brasileiro não será tão severo quanto se previa inicialmente. Isso se deve à inclusão de 565 produtos em uma lista de exceções, que abrange cerca de 42% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, segundo estimativa da XP Investimentos.

Entre os itens isentos, destacam-se produtos ligados à aviação civil, energia, fertilizantes, metais preciosos, estanho, madeira e determinados tipos de alumina. Essa exclusão foi crucial para preservar setores com peso relevante no comércio bilateral, além de garantir certa estabilidade nas relações comerciais.

Outro ponto de destaque foi a exclusão de parte das exportações do agronegócio, especialmente o suco de laranja, um dos principais produtos brasileiros vendidos ao mercado americano. Segundo a corretora Monte Bravo, embora importantes cadeias tenham sido poupadas, outros itens agroindustriais como carne, frutas, café, cacau, calçados, vestuário, açúcar e etanol sofrerão os efeitos da sobretaxa.

Setores mais afetados e possibilidades de redirecionamento

Mesmo com a proteção parcial de segmentos relevantes, o tarifaço imposto por Trump deve impactar negativamente as exportações de alguns setores brasileiros. Produtos como café, carne bovina e frutas agora enfrentam a nova tarifa de 50%, o que pode comprometer sua competitividade no mercado americano.

Entretanto, economistas veem alternativas viáveis. De acordo com Daniela Lima, da gestora Kinea, alguns desses produtos podem ser redirecionados para outros mercados internacionais, especialmente aqueles com forte demanda, como é o caso do café. Já o Banco Daycoval ressaltou que no grupo de combustíveis e lubrificantes, quase todas as exportações brasileiras foram poupadas das tarifas, neutralizando o impacto neste segmento específico.

Estimativas de impacto no PIB variam, mas todas indicam perdas limitadas

Instituições financeiras divulgaram projeções com base nos efeitos esperados do tarifaço. As estimativas indicam que o impacto do tarifaço no PIB brasileiro será moderado, reforçando a percepção de que as isenções foram eficazes. Confira abaixo a projeção de cada instituição:

InstituiçãoQueda estimada no PIB
Monte Bravo0,10 p.p. a 0,20 p.p.
Daycoval0,13 p.p.
XP Investimentos0,15 p.p.
Kinea0,20 p.p.
Goldman Sachs0,25 p.p.
Bradesco0,30 p.p.

De acordo com a XP, a queda nas exportações brasileiras para os EUA em 2025 pode alcançar US$ 3,5 bilhões. Esse volume representa uma redução de cerca de 0,15 ponto percentual no PIB brasileiro, abaixo da estimativa inicial de 0,30 p.p. sem as isenções.

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