Moeda fiduciária: o que é, como funciona e quando surgiu
Entenda o conceito de moeda fiduciária, sua história e como impacta a economia. Saiba o que garante seu valor e sua diferença para outras moedas.

A moeda fiduciária é um conceito fundamental no sistema financeiro moderno e é a forma de moeda mais utilizada globalmente. Mas, você sabe o que significa moeda fiduciária e como ela funciona? A seguir, o Melhor Investimento explica tudo sobre o que são moedas fiduciárias, desde o surgimento até suas implicações na economia.
Vamos também comparar com outros tipos de moedas e entender as vantagens e desvantagens desse sistema que tem sido a base das transações econômicas por séculos. Confira!
O que é moeda fiduciária?
A moeda fiduciária é um tipo de moeda cujo valor não é baseado em um ativo físico, como o ouro ou a prata, mas sim na confiança que as pessoas têm no governo ou na instituição que a emite.
Em outras palavras, o dinheiro fiduciário é uma forma de dinheiro que possui valor por decreto, ou seja, não tem lastro em recursos tangíveis. Seu valor é aceito pela sociedade devido à confiança que as pessoas têm nas autoridades governamentais que o emitem.
Diferente da moeda lastreada (como o ouro), que tem um valor intrínseco, a moeda fiduciária é simplesmente aceita como meio de troca. Esse tipo de moeda é regulamentado e emitido pelos governos e bancos centrais, que determinam sua quantidade e controlam sua circulação.
Como funciona a moeda fiduciária?
A moeda fiduciária funciona como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor, funções que são fundamentais para a economia.
Quando você paga por algo com dinheiro fiduciário, você está trocando um pedaço de papel ou uma moeda metálica por bens ou serviços. O valor desse dinheiro é determinado pela quantidade disponível e pela confiança nas instituições que o emitem.
Esse sistema traz flexibilidade para os governos, pois permite ajustar a quantidade de dinheiro em circulação conforme as necessidades econômicas, como a política monetária e a gestão da inflação.
Por exemplo, se o governo precisar de mais dinheiro para estimular a economia, ele pode imprimir mais moeda fiduciária. No entanto, isso também tem seus riscos, como o aumento da inflação, que veremos mais à frente.
Quando e como surgiu a moeda fiduciária?
A moeda fiduciária surgiu no contexto da evolução dos sistemas de troca e das moedas ao longo da história. Inicialmente, as pessoas utilizavam bens físicos, como ouro e prata, como moeda de troca, uma vez que esses materiais possuíam valor intrínseco.
Contudo, com o crescimento do comércio e das economias, transportar grandes quantidades de metais preciosos se tornou impraticável, criando a necessidade de uma forma mais leve e prática de dinheiro.
Embora não existam documentos que comprovem a origem exata das moedas fiduciárias, acredita-se que elas tenham surgido na China, durante a dinastia Song, entre os anos de 960 e 1279, quando foi emitida a primeira moeda fiduciária de papel.
A ideia de moeda fiduciária, no entanto, remonta ao século VII, quando a dinastia Tang começou a emitir notas de papel para facilitar o comércio. Essas notas inicialmente eram lastreadas em metais preciosos, mas, com o tempo, os governos passaram a emitir moedas fiduciárias sem qualquer lastro físico, confiando exclusivamente na fé pública nas instituições que as emitiam.
No ocidente, a moeda fiduciária começou a ganhar popularidade de forma mais ampla apenas no século XX, após a abolição do padrão-ouro em diversos países. A prática foi consolidada em 1933, quando os Estados Unidos extinguiram a conversão do papel-moeda em ouro.
Porém, foi somente em 1972 que o governo americano abandonou completamente o padrão ouro, estabelecendo o sistema de moeda fiduciária. Desde então, esse tipo de moeda tem se espalhado pelo mundo, se tornando a forma predominante de troca em muitas economias.
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O que garante o valor de uma moeda fiduciária?
A moeda fiduciária não tem um valor intrínseco, o que significa que seu valor não é determinado por recursos físicos como ouro ou prata. Em vez disso, o valor de uma moeda fiduciária é garantido por uma série de fatores que estão relacionados à confiança e à autoridade das instituições que a emitem.
Autoridade
A autoridade que emite a moeda fiduciária é um dos principais fatores que garante seu valor. No caso das moedas fiduciárias, essa autoridade é geralmente um banco central ou o governo de um país.
Quando um governo emite uma moeda, ele garante que ela será aceita em transações dentro da economia nacional e, em muitos casos, em transações internacionais. Isso é essencial para o funcionamento do sistema financeiro global.
Confiança
A confiança da população na estabilidade econômica e política do país é outro fator fundamental que garante o valor da moeda fiduciária.
As pessoas aceitam a moeda fiduciária como forma de pagamento porque acreditam que ela manterá seu valor ao longo do tempo e poderá ser utilizada para comprar bens e serviços. Essa confiança é alimentada pela política fiscal e monetária adotada pelo governo, que deve buscar garantir estabilidade econômica.
Utilização
A utilização generalizada da moeda fiduciária também garante seu valor. Quanto mais amplamente a moeda for utilizada nas transações diárias, maior será sua demanda, o que mantém seu valor. Esse é um dos motivos pelos quais as moedas fiduciárias têm um impacto significativo no comércio internacional e nas economias globais.
Diferenças entre moedas fiduciárias e criptomoedas
Embora as moedas fiduciárias sejam amplamente usadas no mundo todo, as criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum, têm ganhado popularidade nos últimos anos. Mas qual a principal diferença entre elas?
As criptomoedas são uma forma de moeda digital descentralizada que não depende de um banco central ou governo para ser emitida ou regulamentada. Elas funcionam em redes blockchain, que são sistemas de registro público que garantem a segurança e a autenticidade das transações.
Ao contrário das moedas fiduciárias, as criptomoedas não são emitidas por uma autoridade central, mas por meio de um processo de mineração ou por pessoas que compram ou trocam.
Enquanto as moedas fiduciárias são baseadas na confiança nas instituições governamentais, as criptomoedas dependem de um modelo descentralizado e de tecnologias que garantem sua segurança. Embora a moeda fiduciária seja amplamente aceita por governos e estabelecimentos comerciais, as criptomoedas ainda são um meio de troca relativamente novo e seu valor é muito mais volátil.
Diferenças entre moeda fiduciária e moeda lastreada

A moeda fiduciária se diferencia da moeda lastreada, como o ouro ou a prata, em vários aspectos. A principal diferença é que a moeda fiduciária não tem valor intrínseco e depende da confiança nas instituições que a emitem, enquanto a moeda lastreada tem valor porque é respaldada por um ativo físico, como metais preciosos.
Antes de 1971, muitas moedas eram lastreadas em ouro, o que significava que o valor da moeda estava diretamente relacionado à quantidade de ouro que o país possuía.
No entanto, com a adoção de sistemas monetários baseados em moeda fiduciária, os países puderam abandonar o lastro físico e adotar um sistema mais flexível.
Como a moeda fiduciária impacta a inflação?
A moeda fiduciária tem um impacto direto na inflação, que é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia. A inflação ocorre quando a quantidade de moeda em circulação cresce mais rapidamente do que a oferta de bens e serviços.
Se um governo emite mais moeda fiduciária sem um aumento correspondente na produção de bens e serviços, o valor da moeda pode diminuir, levando ao aumento dos preços.
O controle da inflação é uma das funções mais importantes dos bancos centrais, que utilizam políticas monetárias, como o ajuste das taxas de juros e a compra e venda de títulos, para regular a quantidade de moeda em circulação e evitar a inflação descontrolada.
Vantagens da moeda fiduciária
A moeda fiduciária tem várias vantagens que a tornam essencial nas economias modernas. Entre os principais benefícios estão a flexibilidade, a praticidade e a estabilidade. Vamos explorar com mais detalhes:
Flexibilidade
Uma das maiores vantagens da moeda fiduciária é a flexibilidade que oferece. Como não é vinculada a um ativo físico, os governos podem ajustar a quantidade de moeda em circulação para controlar a inflação, estimular o crescimento ou enfrentar recessões.
O banco central pode tomar medidas como reduzir as taxas de juros para estimular a economia ou aumentar a oferta de moeda para incentivar o consumo.
Praticidade
A moeda fiduciária é fácil de usar e amplamente aceita, o que facilita as transações diárias. Além disso, ela é cada vez mais integrada a sistemas digitais de pagamento, tornando as transações rápidas e convenientes, tanto para indivíduos quanto para empresas.
Estabilidade
Quando bem administrada, a moeda fiduciária pode ser uma fonte de estabilidade econômica. O banco central controla a emissão de moeda, ajustando as taxas de juros e usando outras ferramentas para manter o valor da moeda estável. Isso permite que as pessoas planejem suas finanças de forma mais confiável, sem grandes flutuações no valor da moeda.
Desvantagens do dinheiro fiduciário
Apesar das vantagens, a moeda fiduciária tem suas desvantagens, como a vulnerabilidade à inflação, a desvalorização e a dependência do governo:
Inflação
A inflação é uma das maiores desvantagens da moeda fiduciária. Se os governos emitem moeda em excesso, isso pode causar uma queda no valor da moeda, resultando em preços mais altos para bens e serviços. Em casos extremos, como em países com hiperinflação, o poder de compra pode ser drasticamente reduzido.
Desvalorização
O valor da moeda fiduciária pode ser afetado por fatores políticos e econômicos. Mudanças nas políticas governamentais ou crises financeiras podem levar a uma desvalorização da moeda, o que prejudica o poder de compra da população e pode afetar a economia.
Dependência do governo
O valor da moeda fiduciária depende da confiança nas autoridades monetárias do país. Se a confiança no governo ou nas políticas econômicas diminuir, a moeda pode se tornar instável.
Além disso, como os governos têm o poder de emitir mais moeda, isso pode levar a decisões erradas, como a criação excessiva de moeda para financiar déficits, o que pode resultar em inflação descontrolada.
Em resumo, enquanto a moeda fiduciária oferece flexibilidade e estabilidade para a economia, ela também apresenta riscos, como a inflação e a desvalorização, que precisam ser gerenciados com cuidado pelos governos e bancos centrais.
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Exemplos de moedas fiduciárias
As moedas fiduciárias podem assumir várias formas e são usadas em diversos contextos. Alguns exemplos incluem:
Saldo bancário
O saldo bancário é uma forma de moeda fiduciária representada digitalmente. Ele consiste na quantia de dinheiro registrada em uma conta bancária, que pode ser movimentada por meio de transferências, pagamentos ou saques.
Esse tipo de moeda fiduciária não tem uma representação física imediata, mas sua aceitação no sistema financeiro é garantida pela confiança nas instituições bancárias e no governo.
Títulos de crédito
Os títulos de crédito, como as dívidas corporativas ou do governo (como os títulos públicos), também são considerados formas de moeda fiduciária. Eles representam uma promessa de pagamento futuro e são aceitos como meio de pagamento ou como garantia de transações financeiras. O valor desses títulos depende da confiança no emissor, seja uma empresa, um banco ou o governo.
Notas promissórias
As notas promissórias são documentos financeiros em que uma parte promete pagar uma quantia específica de dinheiro a outra parte em uma data futura. Elas funcionam como uma forma de moeda fiduciária no contexto de transações de crédito.
Embora não envolvam uma troca imediata de dinheiro, elas são aceitas devido à confiança de que o pagamento será realizado conforme acordado.
Cheques
Os cheques são uma forma tradicional de moeda fiduciária que permite ao titular de uma conta bancária autorizar seu banco a transferir uma quantia específica de dinheiro para outra pessoa ou instituição.
O valor do cheque é garantido pelo saldo da conta bancária do emitente, e a aceitação do cheque como meio de pagamento depende da confiança no emissor e na instituição financeira.
Moedas
As moedas físicas, como os centavos e as moedas de valor maior (por exemplo, os reais no Brasil), são exemplos comuns de moeda fiduciária. Elas são utilizadas em transações cotidianas, sendo amplamente aceitas para pagamentos de bens e serviços. O valor das moedas físicas é determinado pela confiança no sistema monetário e na autoridade governamental que as emite.
Cédulas de dinheiro
As cédulas de dinheiro, como as notas de 10, 20 ou 100 reais, são talvez as formas mais tradicionais e amplamente reconhecidas de moeda fiduciária. Elas são emitidas por bancos centrais e têm um valor determinado pelo governo, mas não são lastreadas em metais preciosos ou bens físicos.
Sua aceitação universal como meio de troca depende da confiança pública na estabilidade econômica do país e na autoridade que as emite. As cédulas facilitam as trocas comerciais ao longo do dia a dia.
A moeda fiduciária é, portanto, uma parte essencial da economia moderna. Embora tenha algumas desvantagens, seu papel nas transações diárias e sua flexibilidade a tornam uma ferramenta indispensável para o comércio e a gestão econômica de um país.
Ao entender seu funcionamento e sua importância, podemos avaliar melhor seu impacto na economia global e em nossas vidas cotidianas.
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