Por Juliana Magano

Já falamos muito sobre o envelhecimento global e isso reflete no dia a dia. Agora, ao invés de se internar em um asilo, as pessoas estão aproveitando ainda mais a longevidade e vivendo mais experiências intensamente. Isso também quer dizer que as pessoas estão trabalhando por mais tempo. De acordo com o IBGE, em 2019, o Brasil tinha mais de 29 milhões de pessoas com mais de 65 anos no mercado de trabalho.

Mas, o que mais surpreende é que as decisões mais importantes do mundo estão nas mãos de presidentes, primeiros-ministros e outros chefes de estado com idades cada vez mais avançadas. Se você parar para pensar, há uma década, apenas um dos dez países mais populosos do mundo possuía um presidente com mais de 70 anos. Já hoje em dia, podemos contar 8 chefes de estado com 70+ governando quase metade do globo. O mais novo está na flor da idade, com seus 63 anos.

Confira a lista da Geração Casablanca:

1- China (1,426 bilhão): Xi Jinping, com 70 anos, presidente desde 2013.

2- Índia (1,412 bilhão): Narendra Modi, com 73 anos, primeiro-ministro desde 2014.

A Índia possui como presidente Draupadi Murmu, com 65 anos, empossada em julho de 2022.

3- EUA (337 milhões): Joe Biden, com 81 anos, presidente desde 2021.

Sua vice-presidente, Kamala Harris, possui 59 anos, ao passo que seu principal concorrente na corrida presidencial, Donald Trump (ex-presidente dos Estados Unidos), possui 77 anos.

4- Indonésia (275 milhões): Joko Widodo, com 63 anos, presidente em 2014.

5- Paquistão (234 milhões): Asif Ali Zardari, com 68 anos, acaba de ser eleito presidente do país pela segunda vez. Antes, cumpriu mandato entre 2008 e 2013.

O ex-presidente do Paquistão, Arif Alvi, tem 74 anos.

6- Nigéria (216 milhões): Bola Tinubu, com 71 anos, presidente desde 2023.

7- Brasil (203 milhões, segundo IBGE): Luiz Inácio Lula da Silva, com 78 anos, presidente em seu terceiro mandato, de 2003 até 2010 e agora novamente em 2023. Seu principal opositor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, possui 69 anos.

8- Bangladesh (170 milhões): Mohammad Shahabuddin, com 74 anos, presidente desde 2023.

9- Rússia (145 milhões): Vladimir Putin, com 71 anos, presidente em seu terceiro mandato desde 2012.

10- México (127 milhões): Andrés Manuel López Obrador, com 70 anos, presidente desde 2018.

Velhos são os trapos!

A mudança de perfil etário dos líderes globais nos últimos 10 anos, confirma a máxima de que a idade é apenas um número e indica uma tendência política e demográfica internacional. É inegável que com o avanço da medicina e das tecnologias, a população vem envelhecendo e a queda nas taxas de natalidade desequilibra a balança, fazendo-a se inverter. Olhando o lado político por essa ótica, podemos ver que a alternância de poder vem diminuindo.

Um exemplo disso é que, em 2024, Putin (Rússia), Xi Jiping (China) e Narenda Modi (Índia) acabavam de chegar aos postos mais poderosos de seus países, no auge dos 60 anos. Hoje, em 2024, eles ainda ocupam os mesmos cargos de liderança graças a manobras que permitem mandatos extensos. Já no embate da presidência dos Estados Unidos, os candidatos têm 77 e 81 anos.

Há quem defenda a máxima “mais velho, mais experiente”, preferindo políticos que já possuem longas carreiras e presenciaram diversos cenários. Porém, também existem aqueles que defendem que uma idade cada vez maior nos cargos de poder e longos mandatos impedem a renovação e a chegada de políticos mais novos com seu frescor de ideias. Principalmente, em um momento onde o mundo lida com desafios tecnológicos envolvendo a Inteligência Artificial e as mudanças climáticas.

Cadê as mulheres?

Se já é difícil ver políticos com menos de 60 anos ascendendo ao poder, ver mulheres nesses cargos máximos de liderança também é um grande desafio. De acordo com a União Parlamentar Internacional, existe, sim, um avanço mundial no número de mulheres em postos de poder ao longo da última década. Porém, a taxa de participação ainda é muito baixa e está longe de alcançar a paridade.

Os dados da União apontam que 11% dos países contam com uma mulher como chefe de estado. Isso que dizer que, de 151 países que não são dirigidos por monarquias, apenas 17 possuem mulheres no comando. A taxa diminui quando expandimos para chefes de governo. De 193 países, apenas 19 são governados por mulheres. Isso corresponde a menos de 10%.

Comparando com os dados de 10 anos atrás (2013), onde as mulheres representavam 5,3% das posições de chefes de estado e 7,3% de chefes de governo, é possível perceber esse avanço, ainda que de forma muito lenta. 

Em solo brasileiro, também conseguimos alguns avanços. Hoje, o Brasil possui mais mulheres na chefia dos ministérios do que a média mundial, que é 22%. Aqui, 36% das pastas ministeriais são ocupadas por mulheres.

O voto é um ato muito importante e é preciso pensar em diversas variáveis na hora de escolher nossos representantes. Pensamos na economia, o que ele fará pelo povo, se é honesto, se é competente. Mas, será que idade e gênero também deveriam entrar nas ponderações? Queremos saber a sua opinião!

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