Por Fabi Mariano

Transferências de R$0,01 aumentaram 43% em 2023 mostrando criatividade do brasileiro para driblar foras

Toma aqui seus R$50! Essa época já se foi, agora para terminar – ou tentar continuar – relacionamentos, o brasileiro usa o Pix. Dados fornecidos pelo Banco Central revelam que R$35,3 milhões de transações do PIX no ano passado foram no valor mínimo de R$0,01. O que explica esse fenômeno? A chance de poder escrever uma mensagem de 140 caracteres para quem recebe a quantia. Então quando o temido Block acontece nas ferramentas oficiais de comunicação, como Instagram, WhatsApp e Facebook, os brasileiros tem recorrido ao Pix para mandar seus pedidos de desculpas, desaforos e pedidos de reconciliação. Por ser um meio de pagamento instantâneo, a mensagem chega segundos após o envio, atendendo com eficaz o propósito extra encontrado pelo brasileiro. Além de se comunicar com o custo de R$0,01, outro motivo que justifica tantos envios com o valor é para teste da ferramenta e recebimento. Antes de enviar a quantia correta, o envio do centavo serve para segurança que os dados do recebedor estejam realmente corretos.

Mas, pode isso, Banco Central?

O BC não se pronunciou sobre o uso inusitado que a população encontrou para o revolucionário Pix, no entanto, especialistas alertam para o perigo da ferramenta se tornar uma maneira de assédio e importunação, já que se a pessoa foi bloqueada, quer dizer que aquele contato já não é mais bem visto pela outra parte. Para esses profissionais, o órgão responsável pela ferramenta pode pensar em soluções simples, como, por exemplo, o limite de pagamentos baixos e restrições a contatos específicos. Será que o Block vem aí também no Pix?

Queridinho do brasileiro: inimigo dos bancões

Se o amor dos brasileiros pelo Pix transcende o de meio de pagamento preferido, para os bancos ele têm sido um pesadelo. Em comparativo com os lucros de 2022 e 2023, os cinco maiores bancos do país perderam, juntos, R$5 bilhões em receita de tarifas. Taxas como “serviços de contas correntes”, TEDs e “pacotes de serviços” perderam sua funções com a chegada e ascensão do Pix. A perda acontece mesmo com o crescimento dos clientes das instituições que foi de 27,2% no ano passado. A quantia de R$5 bilhões a menos ainda desconsidera a correção da inflação. Se tivessem sido mantidas, as taxas acompanhadas pelo índice IPCA, o montante chegaria a incríveis R$14 bilhões a menos.

Em 2023 não teve pra ninguém, no total foram R$17,18 trilhões movimentados através do Pix, um crescimento de 75% em relação a 2022. Os dados são do Banco Central, Febraban e Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs).

E 2024 promete ser ainda melhor. Neste mês, na quarta feira da primeira semana, dia 07/03 o Banco Central anunciou o recorde de transações diárias: foram 178,686 milhões de operações em um único dia! E ele vai evoluir, a intenção do BC é lançar ainda esse ano um nova modalidade para o queridinho do país: o Pix automático. Nada mais é que a função de débito automático, para a programação de contas regulares como luz, água, academia, condomínio. Ou seja, novos recordes estão por vir.

Enquanto isso, o brasileiro parcela o textão em Pix de R$0,01 para tentar ter o mozão de volta. Será que com um valor mais alto o cupido Pix seria mais efetivo?

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