Embora ainda possam parecer distantes para alguns, os condomínios sustentáveis já são uma realidade concreta no mercado imobiliário brasileiro. Contrariando a ideia de que as cidades são sinônimos de concreto e poluição, diversos empreendimentos têm apostado em soluções ecológicas. 

Desde pequenas iniciativas de plantio até projetos de grande escala com sistemas de energia renovável, a busca por um futuro mais verde se intensifica. Além de contribuírem para a preservação ambiental, esses condomínios oferecem um estilo de vida mais saudável e econômico para seus moradores, agregando valor tanto ao imóvel quanto ao meio ambiente. 

Neste artigo, exploraremos as principais características desses empreendimentos inovadores e as oportunidades de investimento no setor. 

O que são empreendimentos sustentáveis?

Essencialmente, empreendimentos sustentáveis são projetos de construção que buscam minimizar os impactos ambientais e promover o uso eficiente de recursos naturais ao longo de todo o ciclo de vida do projeto — desde a concepção até a operação e manutenção. 

Esses empreendimentos costumam adotar práticas e tecnologias que reduzem o consumo de energia, água e materiais, além de priorizar a utilização de fontes renováveis, como a energia solar e sistemas de captação de água da chuva. 

Eles também consideram aspectos como gestão de resíduos, redução de emissões de gases poluentes e criação de áreas verdes, integrando-se de forma mais harmoniosa com o meio ambiente.

A moda dos condomínios ecológicos

No escopo dos empreendimentos sustentáveis, emergem os tidos condomínios ecológicos, projetos habitacionais concebidos, construídos e operados com o objetivo de minimizar seu impacto ambiental. 

O Brasil já dispõe de um histórico de destaque no segmento, com um número significativo de empreendimentos certificados por padrões internacionais de sustentabilidade, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O sistema internacional é o mais utilizado do mundo, e classifica edificações segundo critérios como eficiência energética, uso racional de água, qualidade ambiental interna e escolha de materiais 

A presença de edifícios, condomínios, e casas sustentáveis, inclusive, Em 2019, o país já figurava entre os quatro maiores mercados do mundo para essa certificação. Até 2020, mais de 1.300 projetos foram registrados, e mais de 500 construções já haviam conquistado a certificação verde. 

Em 2021, um edifício brasileiro conquistou reconhecimento internacional ao vencer o LEED Home Awards, premiação que destaca três projetos em cada uma de suas quatro categorias, além de eleger um vencedor como Projeto do Ano. O edifício LLUM Batel, localizado em Curitiba e desenvolvido pela construtora Laguna, recebeu a principal honraria da edição.

Como funcionam os condomínios sustentáveis

Para que uma casa ou condomínio seja classificado como sustentável ou ecológico, ele deve reunir determinadas características que não apenas refletem seu compromisso ambiental, mas também ilustram seu modo de funcionamento. Esses aspectos incluem: 

Tecnologias de Energia Renovável

Equipado com tecnologias de ponta, a ideia de um condomínio ecológico é concebida para otimizar o consumo de energia. Entre os instrumentos utilizados para tal estão: iluminação LED, isolamento térmico e equipamentos de alta performance e consumo reduzido, 

Os condomínios sustentáveis também costumam utilizar fontes de energia limpa, como a solar e a eólica, para reduzir a dependência de eletricidade proveniente de fontes não renováveis e diminuir as emissões de carbono. 

Painéis solares instalados nos telhados ou fachadas são comumente utilizados para gerar eletricidade para áreas comuns, como corredores, garagens e sistemas de segurança. Em alguns casos, a energia gerada pode até ser direcionada para unidades residenciais, reduzindo significativamente os custos de eletricidade para os moradores. 

Gestão e Reaproveitamento de Água

A gestão de água é uma prática central nos condomínios sustentáveis. Sistemas de captação de água da chuva são instalados para armazenar e reutilizar essa água em atividades como a irrigação de jardins, limpeza de áreas comuns e até mesmo nas descargas dos banheiros. 

Além disso, muitos condomínios utilizam tecnologias de tratamento de águas cinzas (águas provenientes de pias, chuveiros e lavanderias) para reaproveitamento em áreas menos exigentes. Com esses sistemas, é possível reduzir o consumo de água potável, economizar recursos e ainda manter a estética e a funcionalidade dos espaços verdes no empreendimento.

Paisagismo ecológico dos novos empreendimentos

O paisagismo ecológico nos condomínios sustentáveis vai além da estética, integrando-se ao ecossistema local e favorecendo a biodiversidade. As áreas verdes podem ser compostas por espécies nativas e adaptadas ao clima, exigindo menos água e manutenção.

O paisagismo sustentável também envolve a criação de áreas de sombra natural e o uso de técnicas de drenagem permeável para reduzir o escoamento superficial da água, minimizando o risco de enchentes e preservando o solo.

Gestão de Resíduos dos condomínios sustentáveis

Outra característica muito presente em condomínios ecológicos é o gerenciamento adequado dos resíduos gerados no local. Esses empreendimentos incentivam a coleta seletiva, oferecendo áreas específicas para separar materiais recicláveis, resíduos orgânicos e rejeitos, o que facilita a destinação correta de cada tipo de lixo e reduz o impacto ambiental.

Muitos empreendimentos também adotam sistemas de compostagem para resíduos orgânicos, produzindo adubo para os jardins e reduzindo a quantidade de lixo enviada aos aterros. Além disso, a conscientização dos moradores sobre práticas de reciclagem e redução de desperdício é promovida regularmente.

Benefícios dos condomínios sustentáveis

Além dos benefícios já conhecidos, como a preservação ambiental e a economia de recursos, as práticas sustentáveis em condomínios proporcionam uma série de vantagens adicionais, tais como:

  • Valorização imobiliária: os empreendimentos tendem a valorizar mais no mercado imobiliário em virtude da crescente demanda por habitações ecológicas, atraindo compradores que buscam um estilo de vida responsável.
  • Redução dos custos aos moradores: a eficiência energética e a gestão eficiente de recursos resultam em menores despesas. A utilização de tecnologias como painéis solares e sistemas de reaproveitamento de água pode gerar economia significativa nas contas de energia e água.
  • Potenciais descontos: muitas cidades oferecem incentivos fiscais para estimular a adoção de práticas sustentáveis. Em Salvador, por exemplo, o programa IPTU Verde concede descontos de até 10% para empreendimentos que adotarem medidas como reuso de água, energia renovável e bicicletários.
  • Promoção de maior qualidade de vida: a presença de áreas verdes, espaços de convivência e um ambiente saudável contribui para o bem-estar dos moradores, promovendo um estilo de vida ativo e equilibrado.
  • Ambiente mais agradável e limpo: a gestão eficiente de resíduos e o paisagismo ecológico resultam em um ambiente mais limpo e harmonioso, melhorando a estética e a saúde do local.
  • Educação ambiental: condomínios sustentáveis costumam promover iniciativas de conscientização e educação ambiental entre os moradores, incentivando práticas sustentáveis e criando uma comunidade mais informada e engajada.

Construtoras que estão investindo em condomínios sustentáveis

Diferentes construtoras brasileiras têm se destacado na exploração da demanda por empreendimentos residenciais sustentáveis. Entre os principais exemplos estão: 

Even Construtora e Incorporadora 

A Even é conhecida por integrar sustentabilidade em todos os seus projetos. Exemplos incluem o True Chácara Klabin, que possui telhado verde, coleta seletiva e sistemas de armazenamento de resíduos. 

“Nos orgulhamos de seguir boas práticas ESG (Environmental, Social and Governance), mantendo a sustentabilidade em nosso DNA e registrando indicadores que confirmam o compromisso com o meio ambiente, a comunidade e o desenvolvimento sustentável”, diz a empresa em seu site. 

Construtora Convisa 

No mercado há mais de 30 anos, a Convisa é uma construtora descrita como uma empresa vanguardista, porém sempre alinhada às últimas tendências da construção civil.  

O Edifício Serena em Joinville (SP) é um exemplo de como a Convisa integra sustentabilidade em seus empreendimentos. Lançado este ano, a construção se destaca por fornecer um sistema central de filtragem de água por meio de um filtro de zeólitas. 

“A Convisa é a primeira construtora no país a utilizar essa tecnologia que filtra a água com zeólitas em todos os pontos do prédio, seja da área comum ou dos apartamentos, desde o chuveiro até a máquina de lavar roupas. Com o sistema, o morador tem acesso à água sempre pura e filtrada, em qualquer local do empreendimento”, declarou a gestora de marketing da empresa, Maria Julia Garcia de Souza.

Construtora H. Marcato 

O Edifício Alameda América, também em Joinville, é outro exemplo de empreendimento sustentável, destacando-se pela integração de práticas ESG em todas as fases do projeto.

Sobre o empreendimento, Camila Marcato Frank, sócia da Otto House Lar e Patrimônio, comenta que “A sustentabilidade na construção civil contribui para a criação de ambientes mais saudáveis e confortáveis para os moradores e trabalhadores”

Empresas de energia em parcerias

O crescimento do mercado ecológico condominial também tem implicado em parcerias e soluções fornecidas por empresas do segmento energético. 

Entre os exemplos desse movimento, está a Oby Energy, empresa que se destaca por criar projetos personalizados que atendem às necessidades específicas de cada condomínio, buscando fornecer economia imediata sem a necessidade de investimento inicial. 

“Além dos benefícios ambientais claros, a adoção de energias renováveis pode reduzir significativamente os custos de energia para os moradores do condomínio, tornando-o um investimento inteligente”, comenta Claudio Freire, co-fundador da companhia. 

Outra empresa que ganhou notabilidade no setor é a Zletric.  Especializada em infraestrutura para veículos elétricos, a Zletric tem se associado a diversos condomínios para instalar pontos de recarga para carros elétricos e híbridos nas áreas comuns. 

Segundo Pedro Schaan, CEO da empresa, “a experiência que proporcionamos ao usuário é a de que ele possa se deslocar da mesma forma que fazia com um carro movido a gasolina, sem a necessidade de se preocupar em planejar uma recarga”

Valorização imobiliária x Custos

A adoção de práticas sustentáveis em condomínios representa um equilíbrio entre custos iniciais e benefícios a longo prazo. A valorização imobiliária e a economia de recursos são fatores que tornam esses empreendimentos atraentes tanto para moradores quanto para investidores. 

A implementação de práticas sustentáveis pode exigir um investimento inicial significativo. Tecnologias como painéis solares, sistemas de reaproveitamento de água e materiais de construção ecológicos geralmente têm um custo mais elevado.  

 Ainda vale considerar que a gestão de um condomínio sustentável pode ser mais complexa e exigir uma manutenção mais rigorosa.  Apesar do custo inicial e das complexidades operacionais, as práticas sustentáveis frequentemente resultam em economia a longo prazo. A redução no consumo de energia e água, por exemplo, pode diminuir significativamente as despesas mensais do condomínio.

Em geral, o investimento em empreendimentos sustentáveis é bem-visto por especialistas, principalmente devido ao potencial de valorização desses imóveis. Pesquisas indicam que propriedades sustentáveis podem alcançar, inclusive, uma valorização imediata no mercado.  Além disso, a imagem positiva associada à sustentabilidade, somada à crescente demanda por esse tipo de imóvel, tende a acelerar o processo de negociação e venda.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.