O Inter adiou sua expectativa para o início do ciclo de cortes da Selic de dezembro de 2025 para janeiro de 2026. A decisão acompanha o tom mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) na última ata, que reforçou a necessidade de manter os juros em 15% por mais tempo. Segundo a economista-chefe do banco, Rafaela Vitória, mesmo com sinais de queda da inflação e valorização do real, não haverá tempo suficiente para que o Banco Central mude sua comunicação e permita cortes já em dezembro.

Leia também:

Expectativa de cortes da Selic e política monetária

O Inter mantém a projeção de um ciclo total de redução de 3 pontos percentuais, o que levaria a Selic para 12% ao final de 2026. Apesar da queda, a taxa continuaria em nível restritivo, acima da estimativa do Banco Central para a inflação de 3,4% no horizonte relevante.

“A decisão do Copom demonstra prudência diante do cenário econômico. Manter a Selic em 15% por mais tempo é necessário para consolidar a desinflação”, afirma Rafaela Vitória.

O adiamento do início do ciclo de cortes reforça que a política monetária brasileira continuará sendo monitorada de perto pelos investidores, dado o impacto direto sobre crédito, investimentos e consumo. Esse ajuste na expectativa do Inter reflete uma análise cuidadosa da trajetória da economia e das decisões do Banco Central, que busca equilibrar crescimento e controle da inflação.

Projeções revisadas de inflação e câmbio

O banco também revisou suas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 e 2026. A expectativa para 2025 caiu de 4,8% para 4,7%, enquanto para 2026 passou de 4,2% para 4,1%.

A revisão positiva é sustentada por fatores como o câmbio mais favorável, com a estimativa do dólar passando de R$ 5,55 para R$ 5,40 no próximo ano, além da queda nos preços de alimentos e da acomodação dos preços das commodities.

No entanto, o Inter alerta que o processo de desinflação tende a avançar de forma mais lenta a partir de 2026, em razão do aumento esperado dos gastos fiscais. A dinâmica de preços permanece, portanto, sensível a variações externas e a decisões de política econômica internas.

Cenário de atividade econômica e crescimento do PIB

No campo da atividade econômica, os primeiros dados do terceiro trimestre de 2025 indicam uma desaceleração. A retração da indústria e do varejo sugere que o Produto Interno Bruto (PIB) do período poderá registrar queda de cerca de 0,2%.

Apesar desse desempenho mais fraco no trimestre, o Inter mantém a projeção de crescimento de 2% para 2025, apoiada pelo resultado positivo do primeiro semestre. Já para 2026, a expectativa é de uma expansão mais moderada, de 1,8%, influenciada pela manutenção de uma política monetária restritiva.

Os setores que devem sustentar o crescimento incluem serviços e comércio, enquanto a indústria deve enfrentar desafios ligados à menor demanda e ao custo do crédito mais alto.

Achou este conteúdo útil?
Siga o Melhor Investimento nas redes sociais:  Instagram | Facebook | Linkedin