A busca por mais saúde e longevidade deixou de ser apenas tema de ficção científica e ganhou espaço nos maiores laboratórios e startups do mundo. Entre elas, uma chama a atenção por sua ousadia: a Retro Biosciences.

Apoiada por Sam Altman, CEO da OpenAI, a Retro Biosciences promete acrescentar 10 anos de vida saudável às pessoas com terapias inovadoras. Seu projeto mais ousado é a chamada “pílula do rejuvenescimento”, que reforça o objetivo da empresa de redefinir os limites da longevidade humana.

Mas será que estamos diante de uma revolução real ou apenas de mais um hype tecnológico? O Melhor Investimento conta a origem, os projetos e as perspectivas dessa iniciativa que une biotecnologia e inteligência artificial.

Origem e missão da Retro Biosciences

A Retro Biosciences foi fundada em 2021 com uma missão clara: estender a vida saudável em pelo menos 10 anos.

Diferente de pesquisas que apenas buscam retardar o envelhecimento, a proposta da Retro é reverter processos biológicos ligados ao declínio físico e cognitivo.

Sua estratégia inicial foca em três áreas principais:

  • Restaurar a autofagia (o processo de reciclagem celular);
  • Rejuvenescer células-tronco do sangue;
  • Desenvolver terapias para o sistema nervoso central.

A visão da empresa é ousada: criar medicamentos e terapias que não apenas tratem doenças específicas, como Alzheimer ou Parkinson, mas que redefinam a biologia humana para um estado mais jovem e funcional.

A relação da Retro Biosciences e Sam Altman

O envolvimento de Sam Altman é um dos fatores que mais despertam atenção para a startup. Conhecido por liderar a OpenAI e estar à frente de projetos de impacto global, Altman já declarou que seu objetivo é apoiar iniciativas capazes de mudar profundamente a vida das pessoas.

Ele investiu US$ 180 milhões do próprio bolso no lançamento da Retro Biosciences e agora participa ativamente da captação de novos recursos.

Além do financiamento, há uma conexão tecnológica essencial: a empresa utiliza modelos de inteligência artificial desenvolvidos pela OpenAI para acelerar suas descobertas em biotecnologia.

Em resumo, a Retro é uma extensão da visão de Altman sobre o futuro: unir IA e biologia para criar soluções disruptivas.

Quem é Joe Betts-LaCroix?

Apesar da fama de Altman, quem realmente conduz a Retro Biosciences é Joe Betts-LaCroix, CEO e cofundador. Ele não é um novato nesse campo.

Betts-LaCroix foi um dos fundadores da Halcyon Molecular, uma empresa voltada para sequenciamento genético, e tem experiência tanto em biotecnologia quanto em tecnologia.

Além disso, já colaborou em iniciativas científicas inovadoras, transitando entre pesquisa acadêmica e startups.

Com seu perfil de cientista-empreendedor, ele representa o lado técnico da Retro, equilibrando o peso midiático e financeiro de Altman.

Sua visão é clara: não basta desacelerar o envelhecimento, é preciso “resetar a biologia para uma idade mais jovem”.

Financiamento inicial e valorização esperada

O aporte inicial de US$ 180 milhões feito por Sam Altman foi suficiente para tirar a empresa do papel e dar início às pesquisas pré-clínicas.

No entanto, a Retro Biosciences mira muito mais alto: já anunciou que pretende levantar US$ 1 bilhão em uma rodada Série A ainda em 2025.

Esse capital será direcionado principalmente para:

  • Ensaios clínicos em larga escala;
  • Expansão do uso de IA para análise de dados biológicos;
  • Construção de infraestrutura laboratorial e computacional robusta.

No mercado, há expectativa de que a Retro atinja rapidamente um valuation bilionário, caso consiga resultados promissores nos testes clínicos.

Isso a colocaria no mesmo patamar de rivais como a Altos Labs (apoiada por Jeff Bezos), que já captou US$ 3 bilhões.

Principais programas de pesquisa

A Retro Biosciences aposta em três frentes que podem transformar radicalmente o futuro da saúde e da longevidade.

Cada programa tem como objetivo atacar um ponto crítico do envelhecimento humano, indo além de tratamentos paliativos para buscar rejuvenescimento celular real.

RTR242 – Foco na autofagia (a chamada “pílula do rejuvenescimento”)

O RTR242 é um composto experimental projetado para reativar a autofagia, o processo celular de reciclagem que tende a falhar com a idade.

A hipótese é que restaurar essa “faxina” celular ajude a reduzir o acúmulo de proteínas danificadas associado a doenças neurodegenerativas, por exemplo, Alzheimer e Parkinson.

A empresa declarou a intenção de iniciar um ensaio clínico inicial (fase 1) na Austrália até o fim de 2025.

Importante: os potenciais efeitos de reversão em humanos ainda não estão demonstrados e dependem dos resultados dos ensaios clínicos.

RTR890 – Rejuvenescimento de células-tronco sanguíneas

O RTR890 mira nas células-tronco hematopoiéticas com o objetivo de restaurar sua função “juvenil”.

Em teoria, isso poderia melhorar a renovação sanguínea e a resposta imune, com aplicação potencial em doenças hematológicas como leucemia e em condições associadas ao envelhecimento do sistema imunológico.

Trata-se de um programa pré-clínico cujo benefício clínico e segurança só poderão ser avaliados em fases posteriores de desenvolvimento.

RTR888 – Terapias para o sistema nervoso central

O RTR888 busca utilizar abordagens baseadas em células-tronco para reparar ou substituir tecidos do sistema nervoso central.

O objetivo é desenvolver tratamentos capazes de restaurar funções em doenças neurológicas ou em lesões, áreas nas quais a medicina convencional ainda tem limitações importantes.

Assim como os outros programas, o RTR888 está em estágio inicial e sua eficácia em humanos é incerta até provas clínicas.

Um passo além do tratamento: medicina regenerativa universal

Esses projetos são apresentados pela Retro como parte de uma estratégia integrada de medicina regenerativa, apoiada por ferramentas de inteligência artificial para acelerar descoberta e design.

No entanto, é importante distinguir entre resultados pré-clínicos ou promissores em laboratório e eficácia/safety comprovadas em humanos.

Para investidores e leitores, o ponto-chave é que os programas representam hipóteses científicas promissoras que ainda precisam passar por testes clínicos rigorosos e aprovação regulatória antes que qualquer benefício amplo possa ser confirmado.

Modelos tecnológicos e parcerias estratégicas

Um dos grandes diferenciais da Retro é o uso intensivo de inteligência artificial. Em parceria com a OpenAI, foi criado o GPT-4b micro, um modelo de IA treinado com dados biológicos.

Esse sistema já conseguiu resultados impressionantes: aumentou em 50 vezes a expressão de marcadores de reprogramação celular, um passo crucial para transformar células envelhecidas em versões mais jovens.

Além disso, a empresa busca alianças estratégicas com:

  • Data centers, para ampliar sua capacidade computacional;
  • Laboratórios globais, que possam conduzir ensaios clínicos de forma ágil;
  • Investidores de risco, interessados no setor de longevidade.

Esse ecossistema fortalece a Retro como uma ponte entre biotecnologia de ponta e capital de inovação.

Riscos e desafios para investidores

Apesar do entusiasmo, é importante destacar os riscos envolvidos:

  • Incerteza científica: as terapias ainda estão em fase pré-clínica e podem falhar nos testes em humanos.
  • Burocracia regulatória: aprovar medicamentos antienvelhecimento é um desafio, já que não existe um protocolo definido pelas agências de saúde.
  • Concorrência intensa: gigantes como Altos Labs e Isomorphic Labs (do Google) estão na mesma corrida.
  • Longo prazo de retorno: investidores podem esperar anos (ou décadas) até ver resultados concretos.

Esses fatores tornam a Retro uma aposta de alto risco, mas também de alto potencial de retorno para quem acredita no futuro da biotecnologia.

Estratégias de expansão financeira

Para bancar pesquisas caras e longas, a Retro aposta em várias frentes práticas e complementares:

  • Levantar grandes investimentos: buscar rodadas de aporte (investidores de risco e fundos) para pagar testes clínicos, laboratórios e computadores.
  • Vender ou licenciar invençõe: transformar patentes e descobertas em contratos com outras empresas, recebendo pagamentos ou royalties sem abrir mão de tudo.
  • Parcerias com farmacêuticas: juntar forças com empresas já estabelecidas para dividir custos, acelerar testes e facilitar a produção e venda dos futuros tratamentos.
  • Oferecer a tecnologia de IA: se a plataforma de inteligência artificial for valiosa, a Retro pode vendê-la ou usá-la em parcerias, gerando renda enquanto os medicamentos ainda estão em desenvolvimento.
  • Negociar acesso a poder computacional: fazer acordos com provedores de data centers para reduzir gastos com máquinas caras necessárias para rodar as IAs.
  • Buscar dinheiro que não dilui participação: subvenções, incentivos fiscais e doações ajudam a pagar pesquisa sem reduzir a fatia dos fundadores e primeiros investidores.
  • Planejar saídas para investidores: ter caminhos claros para retorno (venda da empresa, entrada na bolsa ou venda de partes do portfólio) torna a aposta mais atraente para quem coloca dinheiro agora.

A Retro combina captação de recursos, parcerias e venda de tecnologia para manter a pesquisa em andamento sem depender de uma única fonte de dinheiro.

Pílula da longevidade ou pílula do rejuvenescimento?

Muito se fala sobre a chamada “pílula do rejuvenescimento”, mas o termo ainda gera debates.

De um lado, a Retro Biosciences prefere falar em adicionar 10 anos de vida saudável, não em criar imortalidade. O foco é manter as pessoas mais ativas, com menos doenças e declínio cognitivo.

De outro, o imaginário popular já batizou a terapia de “pílula da longevidade”, levantando expectativas quase milagrosas.

Portanto, a Retro caminha na fronteira entre ciência e sonho. Se conseguir entregar resultados, pode redefinir o conceito de envelhecer no século XXI.

O futuro da Retro Biosciences

A Retro Biosciences, startup de Sam Altman, é um símbolo da nova era em que inteligência artificial e ciência da vida se encontram para enfrentar um dos maiores desafios da humanidade: o envelhecimento.

Com programas promissores, financiamento bilionário e uma equipe de ponta, a empresa tem potencial para marcar época.

Porém, os riscos são altos, e o caminho até a aprovação de uma pílula do rejuvenescimento ainda é longo e incerto.

Para investidores, acompanhar a evolução da Retro é mais do que uma curiosidade; pode ser uma oportunidade de participar de uma das maiores revoluções científicas do nosso tempo.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.