No mundo dos negócios, poucos nomes ecoam tão poderosamente quanto o de Jeff Bezos. Afinal, ele é a mente por trás da transformação de uma modesta livraria online em um império global, elevando-se ao patamar das pessoas mais ricas do mundo, ao lado de figuras há muito consagradas como Bill Gates e Warren Buffett.

Dominante no mercado varejista online, o dono da Amazon, em seu auge, até mesmo ultrapassou ambos, alcançando o título de homem mais rico do mundo. A jornada de Bezos é pontuada por proezas, conquistas, desafios e controvérsias. 

A soma de todos esses elementos é o que torna interessante explorar mais sobre sua trajetória e os caminhos que o conduziram a acumular uma fortuna que ultrapassa com folga a marca dos bilhões. 

Neste artigo, o Melhor Investimento fala um pouco mais sobre os distintos detalhes da trajetória de Bezos, incluindo aspectos de sua biografia, fortuna e perfil de investidor. 

Quem é Jeff Bezos?

Jeff Bezos é um empresário estadunidense amplamente conhecido por ser o fundador da Amazon, gigante do e-commerce, que hoje ocupa lugar de destaque entre as cinco maiores empresas globais de tecnologia. Esse protagonismo é compartilhado com outras multinacionais do setor, como o Google e a Apple. 

Com um crescimento exponencial, a empresa se tornou uma das maiores e mais influentes do mundo no comércio eletrônico. Hoje, mais da metade das compras online realizadas nos EUA são atribuídas, de alguma forma, a Bezos.

Além de ser o fundador da Amazon, o empresário também é proprietário do The Washington Post, um dos jornais e com maior circulação nos Estados Unidos, que também figura entre um dos mais antigos do mundo. Fundado na segunda metade do século XlX, o jornal foi adquirido por Bezos em 2013. 

Hoje, com 60 anos, Jeff Bezos possui um vasto portfólio de negócios que incluem serviços de streaming, computação na nuvem e até mesmo exploração espacial. Segundo o ranking da Forbes, em 2024, o bilionário é o terceiro homem mais rico do mundo, mas frequentemente alterna entre a 2ª e 3ª posição com o empresário sul-africano Elon Musk.   

A História de Jeff Preston Bezos

Nascido em Albuquerque, município situado no estado do Novo México (EUA), Jeffrey Preston Bezos veio ao mundo em 12 de janeiro de 1964, quando sua mãe Jacklyn Gise tinha apenas 17 anos.

Naquela época, Jacklyn estava casada com Ted Jorgensen, o pai biológico de Bezos. Contudo, o relacionamento não perdurou, resultando em uma separação quando Bezos ainda era um bebê. Desde então, após o divórcio de seus pais, Bezos não teve mais contato com Ted. 

Foi somente em 2012 que Ted descobriu que seu filho, a quem ele havia deixado, era dono de uma enorme empresa do varejo, e possuía uma fortuna de bilhões. Quando encontrado pelo jornalista Brad Stone, autor do livro The Everything Store: Jeff Bezos and the Age of Amazon”, Ted nem sequer sabia que o filho estava vivo, tampouco que tinha alcançado o sucesso financeiro. 

Em declarações feitas ao jornalista, Ted expressou o desejo de se reunir com seu filho. No entanto, o encontro nunca aconteceu, e a história chegou a um fim definitivo com o falecimento de Ted em 2015.

O nome “Bezos” não deriva da linhagem biológica do empresário. Quando ele tinha cerca de quatro anos, sua mãe se casou com Miguel “Mike” Bezos, um imigrante cubano que se tornou seu pai adotivo. O sobrenome foi transferido para Jeff, em 1968, quando foi oficializado o casamento entre Jacklyn e Mike. 

Bezos acabou crescendo no Texas (EUA), visto que seu pai adotivo, engenheiro de petróleo na época, foi transferido para Houston, a capital do estado. Mais tarde, a família se mudaria para Miami, onde Jeff passou sua adolescência concluiu o equivalente ao Ensino Médio nos Estados Unidos. 

Durante esse período, Jeff Bezos chegou a trabalhar no McDonald ‘s, e também criou uma escola de verão voltada para alunos do ensino fundamental, chamada Dream Institute. 

Vida universitária 

Seguindo os passos de seu pai, Bezos optou por cursar Engenharia e frequentou a Universidade de Princeton, uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas dos Estados Unidos. 

Por lá, ele se formou com honras em Ciência da Computação e Engenharia Elétrica, obtendo seu diploma em 1986. Durante seus anos em Princeton, Bezos foi membro da Phi Beta Kappa, uma prestigiosa fraternidade que exigia excelência acadêmica. 

Além disso, Bezos também participava ativamente de atividades extracurriculares, com destaque para quando presidiu o diretório de Princeton de um grupo de exploração e desenvolvimento espacial. Esse fato já sinalizava seu interesse pelo acesso ao espaço, um setor atualmente explorado por ele através de sua empresa, a Blue Origin.

Carreira profissional 

Após sua graduação, Bezos foi cotado por diversas empresas do mercado tecnológico, como Intel, Bell, entre outras. No entanto, ele decide trilhar seu caminho na Fitel, uma Startup de telecomunicações. Por lá, ele chegou a ser diretor de relacionamento com o cliente.

Mais tarde, decide mudar para o setor financeiro em Wall Street, onde ocupou a função de gerente no Bankers Trust, entre 1988 e 1990. Em 1994, com apenas 30 anos, Bezos alcançou a posição de vice-presidente da D. E. Shaw & Co., empresa de hedge funds.

Foi durante seu tempo na D. E. Shaw & Co. que Bezos começou a conceber a ideia que eventualmente se tornaria a Amazon. Após conduzir uma pesquisa para a empresa, Bezos descobriu que o uso da internet crescia exponencialmente, a uma taxa de aproximadamente 2.300% ao ano.

Diante desse cenário, no mesmo ano em que assumiu a vice-presidência, Bezos optou por arriscar-se no mundo dos negócios, deixando seu cargo na D. E. Shaw & Co. para iniciar sua jornada empreendedora.

Um visionário da Tecnologia

Para muitos, Jeff Bezos é um notório visionário, em grande parte, devido a sua percepção quanto ao potencial disruptivo da internet de transformar o comércio varejista. 

Com a ideia de apostar no futuro da internet, Bezos decidiu deixar seu emprego seguro e embarcar em uma jornada empreendedora incerta, apostando tudo em sua visão de criar uma livraria online. O risco era evidente, de modo que até o próprio já declarou que a chance de dar errado era de 70%. 

Em sua busca por investimentos, Bezos defendia que os livros seriam o produto ideal para iniciar o negócio, argumentando que possuíam um preço unitário baixo e eram de difícil estocagem, tornando-os ideais para vendas online. 

Com essa visão em mente, em 1994, Bezos conseguiu um bom capital proveniente de seus pais e outros investidores, e fundou a empresa que viria a ser chamada de Amazon. Inicialmente, a empresa era uma livraria online sediada em sua própria garagem.

A escolha de um nome adequado representava algo fundamental. Segundo o empresário, no meio online, é crucial que a marca em si seja forte. O nome “Amazon” faz referência ao Rio Amazonas, o que representou algo “exótico” e “diferente” para Bezos. 

Talvez a maior influência para escolha do nome reside no fato de que a palavra Amazon começa com a letra “A”. Na época, os diretórios na internet eram listados em ordem alfabética, o que significava que uma empresa cujo nome começasse com “A” apareceria no topo dessas listas, potencialmente aumentando sua visibilidade e acessibilidade para os clientes.

Para surpresa até do próprio Bezos, logo nos primeiros meses o negócio já sinalizava expressivos bons resultados, com vendas acima de US$ 20.000 por semana, e encomendas sendo entregues em mais de 46 países. No final de 1999, a empresa fechou suas vendas anuais em uma cifra superior a US$ 1,6 bilhão. 

Em 15 de maio de 1997, a Amazon abriu seu capital na bolsa de valores A oferta pública inicial (IPO) foi feita na Nasdaq, a US$ 18 por ação. Inicialmente a oferta foi recebida com ceticismo por alguns investidores devido à falta de lucratividade da empresa naquele momento. 

No entanto, a visão de longo prazo de Jeff Bezos e a promessa de revolucionar o comércio varejista através da internet eventualmente conquistaram a confiança dos investidores.

Desde então, a Amazon se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo, sendo também responsável por transformar radicalmente a indústria do comércio varejista. No início de 2024, o valor de mercado da empresa chegou próximo à marca de US$ 1,6 trilhão.

Qual a fortuna de Jeff Bezos?

Conforme informações da conceituada revista Forbes, atualmente, a fortuna de Jeff Bezos gira em torno de US$ 194 bilhões. A cifra coloca o empresário norte-americano no top 3 do ranking de homens mais ricos do globo. 

Como mencionado anteriormente, no momento, não é possível determinar com precisão a posição exata de Bezos no ranking. Isso ocorre porque ao longo do ano, ele alternou várias vezes entre a segunda e a terceira posição com Elon Musk, o proprietário da Tesla e da SpaceX. 

O bilionário, nascido na África do Sul e naturalizado estadunidense, possui atualmente uma fortuna estimada em US$ 195 bilhões, segundo a Forbes. O primeiro lugar tem sofrido menos alterações, sendo hoje ocupado pelo empresário francês Bernard Arnault, com uma fortuna de US$ 233 bilhões. 

O verdadeiro CEO da Amazon

Ao contrário do que muitos ainda pensam, Jeff Bezos não ocupa mais a função de CEO (Chief Executive Officer) da Amazon. Atualmente, seu papel na gigante do varejo é mais nos bastidores, no cargo de presidente-executivo do conselho de administração

Após 27 anos à frente da empresa que fundou, em julho de 2021, ele deixou definitivamente o cargo de CEO. Sua saída da Amazon foi motivada, sobretudo, pelo desejo de se dedicar a outros empreendimentos, como a Blue Origin, sua empresa de exploração espacial, e o jornal The Washington Post, além de outras iniciativas filantrópicas, como o Day One Fund e o Earth Fund.

Enfim, como seu sucessor, Bezos escolheu seu homem de confiança, Andy Jassy, que assumiu o cargo de diretor-executivo (CEO). O novo chefão não é uma figurinha nova na Amazon, visto que ele está na empresa desde 1997, três anos após a fundação da loja de livros online. 

Jessy é formado na renomada faculdade de Harvard, e teve um papel fundamental no crescimento da empresa. Antes de assumir como CEO, por 18 anos, ele esteve à frente da Amazon Web Services (AWS), uma divisão da empresa que fornece serviços de computação em nuvem. 

Bezos expressou confiança em seu sucessor, que já dedicou 27 anos de sua vida à Amazon, dos seus 56 anos totais. Durante grande parte desse período, Jessy atuou como uma espécie de conselheiro de Bezos, participando regularmente de reuniões de alto nível e importância na empresa.

Perfil de Jeff Bezos e sua gestão agressiva

Como gestor, Bezos já foi frequentemente descrito como alguém altamente orientado por dados ao tomar decisões. No entanto, sua gestão e métodos agressivos nos negócios enquanto estava à frente da Amazon receberam críticas substanciais. Nesse contexto, ele não hesitava em cortar laços com fornecedores que não conseguiam atender às demandas da empresa.

Durante sua gestão na Amazon, Bezos não tinha o hábito de agendar reuniões muito cedo, pois preferia encontros com um número limitado de pessoas por vez. Outra característica marcante de Bezos como gestor era sua confiança nas novas contratações, optando por sempre selecionar novos funcionários que se destacam acima da média de seus subordinados.

Em geral, o bilionário é conhecido por adotar determinados princípios em sua gestão. Um exemplo é sua convicção de que a empresa deve concentrar-se no cliente, colocando-o à frente de outros pontos de foco, como concorrentes, produtos, tecnologia, entre outros.

Outro princípio essencial para Bezos é manter as prioridades no futuro, estabelecendo metas de longo prazo em vez de buscar lucros de curto prazo apenas para satisfazer os analistas de Wall Street, como ele defende.

Para conceber estes e outros princípios que guiam sua gestão, Bezos destaca como referência outros empresários que obtiveram sucesso nos negócios, como Walt Disney, Warren Buffett, e Jamie Dimon.  

Aquisição The Washington Post

Como já mencionado, o jornal The Washington Post, hoje, faz parte da lista de empresas de Jeff Bezos. Fundado ainda no século XlX, o tradicional veículo de comunicação foi adquirido pelo empresário em agosto de 2013. 

Em uma transação pessoal, que não envolveu a participação da Amazon, o pioneiro do mercado de e-books desembolsou US$ 250 milhões para adquirir a divisão de jornais do Washington Post. O negócio representou o fim do período de 80 anos, em que a família Graham esteve à frente do diário.

Após a mudança de comando, o jornal passou por uma transformação significativa, com investimentos em tecnologia, expansão de sua presença digital e uma abordagem inovadora para a cobertura de notícias. Três anos após a chegada da equipe de Bezos, o Washington Post enfim saiu do vermelho e voltou a lucrar em 2016.

Neste mesmo ano, o jornal introduziu um sistema de assinatura digital. Em 2020, alcançou a notável marca de 3 milhões de assinantes, um resultado impressionante, apesar de ter registrado uma queda nos anos seguintes, com o número diminuindo para cerca de 2,5 milhões em 2023.

Jeff Bezos x Elon Musk

A disputa entre Musk e Bezos não se restringe ao título de homem mais rico do mundo no setor da tecnologia. Ambos os bilionários possuem o ambicioso desejos para o futuro da humanidade no espaço e estão competindo para alcançar marcos significativos.

A “nova corrida espacial” entre Elon Musk, fundador da SpaceX, e Jeff Bezos, fundador da Blue Origin, tem sido um ponto focal emocionante na exploração do espaço, em tempos contemporâneos.

Estabelecida em 2000, a Blue Origin ainda está atrás da SpaceX nesta competição, ao tudo indica. Em 2023, buscando corrigir essa lacuna, Bezos optou por trocar de CEO, trazendo para o cargo um colaborador de confiança da Amazon, Dave Limp, que liderou a introdução da Alexa em 2014.

De acordo com críticos, a empresa de Bezos ainda precisa enfrentar desafios, atrelados a burocracia lenta e uma execução deficiente. No histórico dos últimos anos, a Blue Origin passou por diferentes contratempos, incluindo a paralisação do foguete New Shepard que apresentou falhas em pleno voo. 

De acordo com o portal O Globo, o ápice da rivalidade entre Musk e Bezos ocorreu quando a Blue Origin perdeu para a SpaceX na licitação para construir o módulo de pouso da NASA para levar humanos à Lua. O acontecido resultou em um processo público que a Blue Origin não venceu.

Polêmicas envolvendo Jeff Bezos 

Em grande parte de sua trajetória, Jeff Bezos apresentou um perfil mais reservado, longe dos holofotes. Contudo, ao longo dos últimos anos o bilionário vem colecionando polêmicas, especialmente, devido a sua maior exposição na mídia. 

Na última década, Bezos adotou uma postura menos discreta, tornando-se mais presente em entrevistas e nas redes sociais. Esse aumento de visibilidade trouxe à tona demandas pelo seu interesse em pautas filantrópicas e preocupações sobre as condições de trabalho nos armazéns da Amazon.

Em 2014, Bezos chegou a ser taxado de “pior chefe do mundo”, em meio a críticas voltadas às condições de trabalho nos ambientes da Amazon. 

Dado seu histórico, Bezos raramente se envolvia em polêmicas nas redes sociais. No entanto, essa dinâmica mudou em meio a diversos debates que o bilionário passou a ter, sobretudo no Twitter.

Nesse contexto, merecem destaque as discussões entre Jeff Bezos e o atual presidente dos EUA, Joe Biden, sobre as estratégias para reduzir a inflação nos Estados Unidos. Biden propôs que uma maneira de alcançar esse objetivo seria por meio de impostos mais justos para empresas de grande porte. 

Embora Bezos tenha concordado em debater a questão dos tributos corporativos, ele contestou a conexão entre os impostos e a inflação, acusando Biden de disseminar desinformação. Ainda cabe citar mencionar a separação de Bezos de sua ex-esposa Mackenzie, que ocorreu em 2019, e foi reconhecida como o divórcio mais caro da história. 

Apesar das controvérsias que envolvem seu nome, Jeff Bezos continua sendo amplamente reconhecido e respeitado por seus notáveis feitos e contribuições para a inovação em diversos setores, incluindo, tecnologia, jornalismo e negócios. 

Obras que ilustram a carreira

Para aqueles que desejam se aprofundar na história e trajetória de Jeff Bezos, selecionamos algumas obras que envolvem esse intrigante personagem. 

  • The Everything Store: Jeff Bezos and the Age of Amazon: Livro biográfico escrito por Brad Stone que narra a ascensão de Jeff Bezos e a história da Amazon, desde sua fundação em 1994 até se tornar uma das empresas mais poderosas do mundo.
  • Jeff Bezos: Amazon.com Architect: biografia escrita por Tom Robinson que aborda a vida e a carreira de Jeff Bezos, desde sua infância até sua ascensão como fundador e CEO da Amazon.com.
  • O depósito de tudo: documentário de 2013 que explora a ascensão e o desenvolvimento da Amazon, sob a liderança de Jeff Bezos. A obra envolve uma série de entrevistas com Bezos, e funcionários da empresa.
Lucas Machado

Redator do Melhor Investimento e psicólogo de formação, com mais de dois anos de experiência em redação de artigos relacionados aos mais variados assuntos e campos do saber.