Em um cenário de crescente instabilidade econômica no Brasil, a XP Investimentos está recomendando a diversificação das carteiras de seus clientes com uma alocação mínima de 15% em investimentos internacionais. A orientação, divulgada recentemente, representa uma mudança de postura importante da corretora, que agora defende uma estratégia de alocação global como pilar estrutural e não mais apenas como resposta a eventos pontuais de risco.

Nova estratégia da XP reforça importância dos investimentos internacionais

A recomendação da XP Investimentos de direcionar ao menos 15% do portfólio dos investidores para o exterior surge em meio às incertezas fiscais e políticas que afetam a economia brasileira. Para a gestora, a diversificação geográfica é fundamental para proteger o patrimônio dos clientes e acessar oportunidades que vão além das fronteiras nacionais.

Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP, explicou que essa nova abordagem não deve ser vista como uma reação momentânea ao cenário atual, mas como uma estratégia de longo prazo. “A diversificação internacional deixou de ser uma alternativa. Agora, ela se torna uma necessidade estrutural”, afirma o executivo.

Essa diretriz passa a valer para todos os perfis de clientes da XP, inclusive os investidores de varejo, com patrimônio entre R$ 100 mil e R$ 300 mil, ampliando o acesso aos mercados globais de maneira acessível e eficiente.

Proteção contra riscos locais motiva mudança de estratégia

Segundo a XP, manter 100% do portfólio concentrado no Brasil significa assumir riscos que não são mais compensadores. A instabilidade fiscal e as limitações estruturais do mercado local tornam os investimentos internacionais uma forma de blindagem contra a volatilidade e a imprevisibilidade da economia nacional.

Além disso, há a preocupação com a valorização cambial e a inflação. Com uma parte da carteira exposta ao dólar, o investidor consegue reduzir os impactos da desvalorização do real e proteger seu poder de compra, especialmente considerando que boa parte dos produtos e serviços consumidos no Brasil são dolarizados.

Brasileiro ainda investe pouco fora do país

Apesar dos benefícios da diversificação internacional, a XP aponta que o investidor brasileiro ainda possui pouca exposição ao mercado externo. Dados internos revelam que clientes de varejo da corretora possuem, em média, apenas entre 3% e 4% do patrimônio alocado no exterior, concentrados em poucos ativos.

Essa concentração representa não só um risco excessivo, como também a perda de acesso a mais de 98% das oportunidades de investimento disponíveis globalmente. Afinal, o mercado de capitais brasileiro representa cerca de apenas 2% do total global.

Para mudar esse cenário, a XP aposta em estratégias educativas e na simplificação do processo de acesso a ativos internacionais. Hoje, o investidor consegue abrir uma conta internacional integrada e investir em ativos globais com poucos cliques, sem precisar recorrer a estruturas como offshores.

Etapas para uma alocação internacional segura e eficiente

A XP reforça que a migração de parte do patrimônio para o exterior deve ser feita de forma gradual e planejada. A corretora sugere um processo de alocação em até cinco anos, com etapas progressivas que respeitam o perfil de risco e os objetivos de cada investidor.

Sgavioli compara o processo com a primeira viagem internacional: “No início pode parecer difícil ou caro, mas com o tempo se torna algo simples e até prazeroso”.

A recomendação vale tanto para quem busca proteção quanto para quem deseja explorar setores inovadores e empresas de crescimento acelerado, como as de tecnologia, biotecnologia e inteligência artificial — segmentos com forte presença nas bolsas norte-americanas e europeias.

Acesso facilitado amplia oportunidades no exterior

Nos últimos anos, o acesso aos investimentos internacionais foi amplamente democratizado. Com plataformas integradas, o investidor brasileiro pode comprar ações, fundos, ETFs e títulos emitidos no exterior com a mesma facilidade com que investe no mercado local.

Além disso, a XP disponibiliza conteúdos educativos e ferramentas de análise para ajudar na construção de uma carteira internacional balanceada e alinhada com os objetivos de longo prazo.