Taxa de juros de longo prazo recua com queda nos rendimentos dos Treasuries e apetite estrangeiro
Investidores mantêm a expectativa de alta de 100 pontos-base na Selic, o que garante estabilidade nas taxas de DIs de curto prazo, influenciando o mercado financeiro brasileiro.

Na quinta-feira (13), as taxas dos DIs fecharam com queda expressiva nos vencimentos a partir de janeiro de 2027, refletindo o recuo dos rendimentos dos Treasuries após novas ameaças de tarifas por parte dos Estados Unidos e o crescente interesse de investidores estrangeiros pela renda fixa local.
Externamente, as preocupações sobre a guerra tarifária entre os EUA e seus principais parceiros comerciais continuaram a influenciar o mercado. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que imporia uma tarifa de 200% sobre vinhos e outros produtos alcoólicos provenientes da União Europeia, caso o bloco não retirasse as tarifas sobre o uísque norte-americano.
Guerra tarifária e seus efeitos nos mercados globais
Na quarta-feira (12), a Comissão Europeia havia informado que aplicaria tarifas sobre 26 bilhões de euros em produtos norte-americanos a partir do próximo mês, como resposta às tarifas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio, intensificando a guerra comercial.
Esse cenário de disputas tarifárias aumentou os temores de inflação elevada nos EUA, o que inicialmente deu suporte aos yields dos Treasuries pela manhã. Contudo, à tarde, os rendimentos caíram, com investidores comprando títulos dos EUA e vendendo ações na Europa e nos EUA.
O apetite por renda fixa local impulsiona as taxas dos DIs no Brasil
No Brasil, as taxas dos DIs com vencimentos mais longos acompanharam a queda dos yields, refletindo também um maior apetite pela renda fixa local. Em seu leilão de títulos prefixados, o Tesouro Nacional vendeu 27 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e 6 milhões de Notas do Tesouro Nacional — Série F (NTN-Fs). Operadores de bancos de investimentos destacaram que a quantidade colocada foi surpreendente.
Em leilões dessa natureza, investidores que compram títulos geralmente recorrem ao mercado de DIs para fazer hedge, o que normalmente resulta em alta das taxas da curva. No entanto, nesta quinta-feira, investidores estrangeiros e locais realizaram vendas de DIs, com muitos buscando aplicar na renda fixa brasileira. Esse apetite pelo mercado local, combinado com um cenário fiscal sem grandes novidades, contribuiu para a queda das taxas de vencimentos mais longos.
Nos contratos de curto prazo, os movimentos foram mais moderados, com as taxas praticamente estáveis. No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,725%, com leve variação frente ao ajuste de 14,714% do dia anterior. Já a taxa para janeiro de 2027 registrava 14,505%, contra o ajuste anterior de 14,589%.
Nos vencimentos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 era de 14,56%, com queda de 17 pontos-base em relação ao ajuste anterior de 14,727%, enquanto o contrato para janeiro de 2033 marcava 14,57%, contra 14,735%.
Expectativa de alta da Selic mantém estabilidade na ponta curta da curva de DIs
Na ponta curta da curva, a operação foi mais limitada, com os investidores mantendo a expectativa de uma alta de 100 pontos-base na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para a próxima semana. Próximo do fechamento, o mercado precificava uma probabilidade de 96% para a alta de 100 pontos-base na Selic. Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano.