Bonds: Como Investir em Títulos do Tesouro Americano
Saiba o que são Bonds e entenda como investir nos títulos do Tesouro Americano ou em títulos de empresas privadas, sem sair do Brasil.
Sumário:
- O que são Bonds?
- Investir em Bonds Americanos: oportunidade de bons rendimentos
- Como funcionam
- Quais são os tipos de Bonds?
- Quais empresas podem emitir bonds?
- Como os valores dos bonds são definidos?
- Como são tributados?
- Quais são as vantagens e riscos de investir em Bonds?
- Como investir
É possível encontrar investimentos internacionais, como os Bonds (Títulos Tesouro Americano), sem sair do Brasil.
Da mesma forma como você investe nos títulos de renda fixa brasileiros, pode investir em títulos públicos do governo norte-americano. Trata-se de ativos seguros, com uma rentabilidade interessante e que não requerem uma conta em corretora estrangeira.
Quando negociados por corretoras brasileiras, o valor de liquidação e os ajustes diários dos Bonds estão atrelados à PTAX, a taxa de câmbio mais usada no Brasil.
Mas existe a possibilidade de fazer transações diretas, sem necessidade de uma mediadora, caso se disponha a criar uma conta numa corretora dos EUA.
A seguir, você vai entender o que são os Bonds e como funcionam os títulos do Tesouro Americano.
O que são Bonds?

Bonds são títulos de crédito cujo objetivo é arrecadar recursos para a instituição que os emite. Esses títulos de renda fixa podem ser emitidos pelo governo de um país, empresas privadas ou instituições financeiras.
Em tradução livre, o nome desses títulos seria “obrigação”: ou seja, a instituição emissora é obrigada a pagar aquela dívida.
Podemos compará-los com alguns produtos financeiros que temos no Brasil, como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), que servem para atrair fundos para as empresas desses setores.
Eles também são semelhantes a ativos como CDBs e debêntures (trataremos das diferenças entre debêntures e Bonds mais adiante).
Via de regra, uma instituição põe títulos à venda para captar investimentos e, como contrapartida, oferece um prêmio aos investidores, de acordo com regras pré-definidas.
Veja também:
Investir em Bonds Americanos: oportunidade de bons rendimentos
Ao investir nesses títulos, o investidor faz um aporte financeiro e, como recompensa, recebe o valor acrescido. Inclusive, os Bonds têm uma particularidade que inexiste no mercado brasileiro: a possibilidade de remuneração antecipada (os chamados Coupon).
Outra peculiaridade interessante é a possibilidade de resgatar o valor em dinheiro ou convertê-lo em ações.
Além disso, esses títulos não têm valor de face (a quantia recebida na data de vencimento) nem valor de compra (pago no momento da emissão). Assim, têm potencial tanto de gerar uma rentabilidade alta quanto baixa, dependendo das movimentações do mercado.
Alguns dos principais exemplos são os títulos do Tesouro Americano, que funcionam de maneira semelhante ao nosso Tesouro Direto, mas com algumas peculiaridades. Trata-se de títulos públicos, de renda fixa, emitidos pelo Estado norte-americano.
Mas, além de emprestar dinheiro para o próprio governo americano, é possível emprestar também para empresas. Nesse caso, uma organização privada emite títulos de dívida para captar recursos para investir, expandir sua atuação ou colocar novos produtos/serviços no mercado.
Diferença entre Bonds e Debêntures
Você deve ter notado que os Bonds funcionam de modo bem parecido com as brasileiríssimas debêntures. De fato, os chamados Corporate Bonds, ou Bonds corporativos, operam da mesma forma.
A diferença é que, aqui no Brasil, usamos o termo debênture apenas para nos referir a títulos de empresas privadas.
Nos Estados Unidos, contudo, Bonds pode designar qualquer título de crédito, independentemente de ser público ou privado, emitido por uma corporação ou pelo governo. Assim, tanto os títulos do Tesouro Americano quanto títulos empresariais são classificados como Bonds.
Nesse sentido, podemos considerar que todas as debêntures são Bonds, mas nem todos os Bonds são debêntures.
Leia em detalhes no artigo:
Bonds vs Outros investimentos de Renda Fixa
| Característica | Bonds (EUA) | Tesouro Direto (Brasil) | CDB |
|---|---|---|---|
| Emissor | Governo/Empresas dos EUA | Governo Federal do Brasil | Bancos |
| Moeda | Dólar (USD) | Real (BRL) | Real (BRL) |
| Rentabilidade | Fixa, prefixada ou variável | Prefixada, IPCA ou Selic | Prefixada ou pós-fixada |
| Garantia | Não possui FGC | Garantia do Tesouro Nacional | FGC até R$ 250 mil |
| Tributação | Ganho de capital | Tabela regressiva IR | Tabela regressiva IR |
| Liquidez | Variável, depende do título | Diária (alguns) ou no vencimento | Variável |
| Exposição cambial | Sim | Não | Não |
| Acessível a partir de | US$ 1.000 a US$ 50 mil | R$ 30 | R$ 100 |
Como funcionam os Bonds?
Os Bonds funcionam como um crédito, uma espécie de “empréstimo” que o investidor faz a um governo ou empresa. Por meio deles, o emissor do título consegue captar recursos para financiar seus projetos.
Em troca, o investidor recebe uma remuneração: o valor investido, acrescido de juros, que variam conforme a negociação.
Em geral, os Bonds são títulos pré-fixados e atrelados à taxa de juros norte-americana. O vencimento pode variar conforme o título: existem opções de curto, médio e longo prazo. No entanto, quanto mais tempo o dinheiro fica aplicado, maiores costumam ser os rendimentos.
Quanto ao modo como a remuneração é realizada, também depende do tipo de título escolhido. Há Bonds que só podem ser pagos no vencimento e outros que pagam juros periódicos. Outros, podem ser convertidos em ações. E existe, ainda, a possibilidade de pagamento antecipado da recompensa.
Qual é o valor mínimo para investir em Bonds?
Os valores mínimos para investir em Bonds dependem do produto financeiro escolhido e da corretora de valores escolhida. Mas, de modo geral, trata-se de um investimento que exige um capital inicial alto, a partir de US$1.000. Isso se deve à alta procura por esse tipo de ativo.
Quais são os tipos de Bonds?
Como já mencionamos, há diferentes tipos de títulos, e é preciso conhecer as diferenças entre eles para fazer a melhor escolha.
Os principais tipos de Bonds são:
Government Bonds (Títulos do Tesouro Americano)
Trata-se de títulos emitidos pelo governo. Eles também são conhecidos como Treasuries (os famosos Títulos do Tesouro Americano).
Quando falamos em EUA, há três subdivisões:
- os T-Bills, com prazo de um ano;
- os T-Notes, com prazos entre dois e dez anos;
- e os T-Bonds, ativos de longo prazo (até 30 anos).
Corporate Bonds (Títulos Corporativos)
São títulos emitidos por empresas. Em geral, as companhias optam por emitir títulos de crédito em vez de pedir um empréstimo para o banco, já que os Bonds oferecem condições mais vantajosas e taxas de juros menores.
Municipal Bonds (Títulos municipais)
Trata-se de títulos emitidos por estados, municípios e condados. Em certos casos, eles oferecem aos investidores rendimentos livres de taxas.
Outras variações existentes
Os Bonds estão disponíveis em muitas variações e são classificados quanto à taxa, a maneira como o pagamento é feito, o momento em que o resgate pode ser realizado, entre outras características. Algumas das classificações mais usuais no mercado são:
- Coupon: títulos que pagam juros semanais aos investidores;
- Zero-Coupon: títulos que remuneram o investidor somente na data do vencimento;
- Convertible Bonds: títulos que podem ter seu valor convertido em ações da empresa que recebeu o dinheiro do investidor;
- Callable Bonds: títulos que podem ser recomprados pelas empresas antes de vencerem;
- Putable Bonds: títulos que podem ser postos à venda pelo investidor antes de seu vencimento.
Quais empresas podem emitir bonds?
De modo geral, as empresas que têm a capacidade de emitir Bonds são aquelas consolidadas no mercado, que contam com uma boa reputação, com um histórico financeiro sólido. Afinal, elas precisam garantir que terão como arcar com a dívida e remunerar os investidores no futuro.
A emissão de Bonds é uma maneira muito frutífera de levantar fundos para financiar novos projetos. Assim, expandir para outros mercados, adquirir outras companhias, comprar equipamentos, investir em tecnologias mais avançadas, entre outros propósitos.
Como os valores dos bonds são definidos?
Os valores dos títulos são determinados com base em suas características. Assim como ocorre com qualquer ativo, eles sofrem influência da oferta e da demanda, bem como das movimentações do mercado financeiro.
Um fator que afeta bastante os valores dos Bonds são as variações nas taxas de juros das economias, pois os preços dos títulos são inversamente proporcionais a elas. Quando a taxa aumenta, o preço dos títulos cai e vice-versa.
O preço também varia conforme o prazo do resgate. Por exemplo, se o investidor espera o vencimento do título, recebe o valor inicial acrescido de juros.
Mas não necessariamente ele precisa manter o investimento até o fim do prazo. É possível vender os títulos no mercado aberto, sujeito às flutuações de preço.
Como os Bonds são tributados?

Agora, vamos falar dos custos envolvidos! É importante ter em mente que os Bonds devem ser declarados no Imposto de Renda. Afinal, a Receita Federal considera que os rendimentos de aplicações em títulos do Tesouro Americano são ganhos de capital, portanto, não são isentos de tributos.
A alíquota do tributo depende da diferença entre o valor de compra e o valor de venda do título, conforme a seguinte tabela progressiva:
- até R$ 5 milhões: alíquota de 15%;
- entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões: alíquota de 17,5%;
- de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões: alíquota de 20%;
- mais do que R$ 30 milhões: alíquota de 22,5%.
Vale lembrar que só há incidência de imposto se o ganho de capital for superior a R$35 mil. Em caso de prejuízo, não existe cobrança.
É preciso considerar também que não há recolhimento de imposto na fonte, como ocorre com outros investimentos de renda fixa. A responsabilidade de apurar e declarar é do próprio investidor.
Quais são as vantagens e riscos de investir em Bonds?
Como todo investimento, os Bonds apresentam prós e contras que precisam ser muito bem avaliados. Confira, a seguir, algumas das vantagens e riscos de investir em Bonds e nos títulos do Tesouro Americano.
Vantagens
Há várias vantagens em se investir em Bonds, e é importante conhecê-las. Entre elas, podemos citar:
- grau menor de risco, por se tratar de títulos de renda fixa;
- dependendo do título, uma boa liquidez;
- possibilidade de rendimento de juros semestrais;
- possibilidade de obter um bom retorno no longo prazo;
- praticidade de investir no exterior com segurança;
- oportunidade de dolarizar a carteira de investimentos e protegê-la das flutuações cambiais;
- menos burocracia por não exigir uma conta em corretora estrangeira;
- retorno previsível;
- exposição do capital a uma economia consolidada;
- acesso a líderes mundiais;
- diversificação da carteira.
Riscos
Embora considerados relativamente seguros, Bonds, como os títulos do Tesouro Americano, não são totalmente isentos de risco (assim como qualquer tipo de investimento!). Antes de decidir aplicar seu dinheiro nesses títulos, conheça os riscos envolvidos:
- risco de crédito (a possibilidade de que o emissor do título não arque com o pagamento);
- risco de mercado (o risco de oscilações no valor do título);
- risco de reinvestimento (risco de perder dinheiro ao resgatar os recursos num prazo menor do que o esperado);
- risco de liquidez (risco de que o título sofra desvalorização na hora da venda);
- risco cambial (possibilidade de desvalorização do título por conta das oscilações de câmbio);
- rentabilidade limitada: em geral, quanto mais seguro for o investimento, menor será o seu potencial de gerar retornos vultosos.
Além disso, ao contrário dos títulos do Tesouro brasileiro, protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), os títulos do Tesouro Americano não contam com essa garantia. Portanto, existe a chance de que o investidor não seja recompensado, embora o governo americano seja considerado um bom pagador.
Como investir em Bonds / Títulos do Tesouro Americano
Você pode investir em Bonds sem sair do Brasil. Há várias maneiras de fazer isso. Uma delas é aplicar em fundos de investimento em renda fixa internacional por uma corretora ou banco.
Outra possibilidade é optar por ETFs de renda fixa internacional, que podem ser negociados na própria B3.
Além disso, há a possibilidade de investir em BDRs, certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil, mas que representam ações de empresas do exterior.
Tanto os BDRs quanto os ETFs são negociados nas plataformas de home broker das instituições financeiras sob a forma de ações de empresas. Como você pode ver, investir em títulos do Tesouro Americano e em Bonds, de modo geral, pode ser muito vantajoso.
FAQ – Perguntas frequentes sobre investimento em Bonds
Quais plataformas online oferecem as melhores taxas para compra de Bonds?
Corretoras brasileiras como XP e BTG Pactual são ótimas opções para acessar Bonds internacionais através de fundos e ETFs.
Se você está pensando em comprar diretamente no exterior, plataformas como Interactive Brokers, Charles Schwab, TD Ameritrade e eToro são bastante populares.
Antes de decidir, é fundamental comparar as taxas de corretagem, o spread cambial, o capital mínimo exigido e o acesso ao mercado secundário.
Qual o melhor tipo de Bond para um investidor de baixo risco?
Investidores mais conservadores costumam preferir títulos do governo dos Estados Unidos, como T-Bonds e T-Notes, que garantem alta segurança e pagamento regular de juros.
Como posso diversificar minha carteira de investimentos incluindo Bonds?
Você pode diversificar sua carteira investindo em ETFs de renda fixa internacional listados na B3, como BNDX11 e USDB11, em fundos internacionais de renda fixa, BDRs de títulos e empresas estrangeiras, ou até mesmo comprando Bonds diretamente por meio de corretoras internacionais.