As ações da Vale (VALE3) registraram uma valorização de 3% nesta sexta-feira (17), alcançando R$ 54,22. A alta é explicada por uma combinação de fatores positivos, incluindo a recuperação do minério de ferro e a atualização de projeções pelo JPMorgan, que reforçou sua recomendação de compra para a mineradora. Este movimento ocorre em um cenário onde a China, maior consumidor de commodities, demonstrou dados econômicos mais robustos, e a Vale se beneficia de sua sólida geração de caixa e forte desempenho operacional.

Fatores-chave para a valorização das ações da Vale

Nos últimos meses, diversos fatores contribuíram para uma visão mais otimista em relação à Vale (VALE3). O principal evento que gerou confiança foi a resolução do impasse em torno do desastre de Mariana, que tinha sido uma das maiores incertezas enfrentadas pela mineradora. Com isso, o mercado passou a enxergar a Vale de forma mais favorável, resultando em uma recuperação de seu valor de mercado.

Outro ponto crucial destacado pelos analistas do JPMorgan foi a transição ordenada na gestão da empresa e o acordo final sobre a renovação da concessão ferroviária. Esses avanços indicam uma Vale mais bem posicionada para enfrentar desafios futuros. A empresa também tem apresentado um bom desempenho no setor de minério de ferro, com uma produção consistente e uma tendência de redução nos custos de operação, o que tem impactado positivamente sua rentabilidade.

O impacto do aumento no preço do minério de ferro

Além dos fatores internos da Vale, o movimento positivo nas ações também é impulsionado pela alta no preço do minério de ferro. O contrato de maio do minério de ferro, que é o mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) na China, fechou o dia com uma valorização de 1,71%, a 803,5 iuanes (109,65 dólares) a tonelada, com um aumento de 6,6% na semana. A alta nos preços reflete a resiliência da demanda chinesa, que tem superado as expectativas de analistas. Isso, por sua vez, contribui para a melhora nas perspectivas para a Vale e outras mineradoras.

Atualização positiva do JPMorgan e projeções mais altas para a Vale

O JPMorgan, um dos maiores bancos de investimento do mundo, elevou suas projeções para as ações da Vale, destacando a forte geração de caixa e os menores riscos para a empresa. O banco revisou seu preço-alvo de R$ 77 para R$ 87, representando um potencial de valorização de 65% em relação ao preço de fechamento da última quinta-feira, quando as ações estavam cotadas a R$ 52,67. Essa revisão foi motivada pela resolução das incertezas jurídicas e operacionais que afetaram a mineradora, como o acordo relacionado ao desastre de Mariana e a renovação da concessão ferroviária.

Além disso, o banco acredita que a Vale está bem posicionada para continuar a sua trajetória de crescimento, especialmente devido à sua capacidade de gerar caixa e ao desempenho consistente em suas operações. Os analistas do JPMorgan destacam ainda a avaliação atrativa da empresa em relação aos seus pares do setor.

A desvalorização do real e o impacto nos resultados da Vale

Outro fator favorável à Vale é a desvalorização do real, que beneficia empresas exportadoras como a mineradora. Com 100% de suas vendas realizadas em dólares e aproximadamente 80% de seus custos C1 (da mina ao porto) em moeda estrangeira, a queda no valor do real frente ao dólar tende a aumentar a lucratividade da Vale. Para cada 10 centavos de depreciação do real, a mineradora vê um impacto positivo de US$ 150 milhões no seu EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

A relação entre a moeda brasileira e o dólar tem sido um dos fatores-chave no desempenho financeiro da empresa, com a Vale se beneficiando de um cenário de câmbio favorável, que eleva ainda mais suas receitas e margens.

A venda das ações pela Cosan e o fim das pressões no mercado

Outro fator relevante foi a venda das ações da Vale pela Cosan (CSAN3), que resolvia uma das últimas grandes fontes de pressão sobre o preço das ações. A saída da Cosan do capital da Vale trouxe alívio para os investidores, que agora podem focar mais nas perspectivas de crescimento da mineradora, sem as incertezas relacionadas a essa participação no capital da empresa.