A Vale (VALE3) atualizou suas projeções para a produção de aglomerados de minério de ferro — que incluem pelotas e briquetes — para o ano de 2025. A companhia anunciou uma redução significativa na estimativa, que caiu de 38–42 milhões de toneladas para 31–35 milhões. Apesar dessa revisão para baixo, especialistas indicam que o impacto nas perspectivas gerais da Vale deve ser limitado, já que o minério de ferro convencional, principal produto da empresa, mantém suas projeções intactas. Neste artigo, explicamos o que motivou essa mudança, como o mercado reagiu e o que esperar do desempenho da Vale no próximo trimestre.

Revisão na produção de pelotas e seu impacto nas perspectivas da Vale (VALE3)

A revisão da Vale (VALE3) foi divulgada no início de julho de 2025, quando a empresa também anunciou a antecipação de manutenções na usina de pelotização de São Luís, no Maranhão, previstas para o terceiro trimestre. O pellet feed, inicialmente destinado à produção de pelotas, será direcionado para a venda de finos de minério de ferro, o que justifica parte da redução da estimativa para o segmento de aglomerados.

Analistas do mercado avaliam que essa revisão, apesar de relevante para o segmento, terá efeito pontual e limitado para a companhia. Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a produção de pelotas representa uma parcela menor do portfólio da Vale, e a principal fonte de receita da companhia — o minério de ferro — mantém sua produção e vendas conforme previsto.

A Ativa Investimentos reforçou essa visão, destacando que, mesmo com menor geração de caixa no segmento de pelotas e um ambiente de prêmios estruturais mais pressionados, a redução na produção anual será moderada. O segmento de pelotas responde por uma parte limitada do Ebitda consolidado da Vale, o que dilui o impacto geral da revisão.

Mercado reage positivamente com alta no preço do minério de ferro

Após o anúncio da revisão da Vale (VALE3), as ações da companhia subiram 3,6% no pregão, alcançando o valor de R$ 55,28. Esse movimento foi impulsionado pela alta nos preços futuros do minério de ferro nos principais mercados globais, com destaque para a Bolsa de Cingapura, onde o minério de referência para agosto avançou 1,82%, chegando a US$ 94,9 por tonelada.

A Everbright Futures, corretora especializada, reportou que os embarques dos maiores produtores mundiais diminuíram, contribuindo para a redução da oferta global. Em contrapartida, a produção de ferro-gusa segue em crescimento, o que fortalece o sentimento otimista dos investidores.

Além disso, a atividade fabril chinesa, principal consumidora do minério, apresentou crescimento em junho, com indicadores PMI mostrando a maior produção desde novembro de 2024. Esse cenário contribui para sustentar a demanda e os preços do minério de ferro, beneficiando a Vale.

Projeções para o segundo trimestre de 2025 e desempenho esperado da Vale (VALE3)

O desempenho da Vale no segundo trimestre de 2025 também gera expectativa positiva entre os analistas. O Bradesco BBI projeta que o Ebitda da companhia deverá alcançar US$ 3,6 bilhões no período, uma alta de 12% em relação ao trimestre anterior. Apesar do avanço, o valor deve ficar 10% abaixo do registrado no segundo trimestre de 2024, influenciado pelos preços menores do minério de ferro.

A produção prevista para o trimestre é de 82 milhões de toneladas de minério de ferro, representando um crescimento de 22% sobre o primeiro trimestre e um leve aumento de 2% na comparação anual. Já os volumes de vendas devem totalizar 80 milhões de toneladas, crescimento de 21% no trimestre, porém estáveis frente ao mesmo período do ano anterior.

No segmento de Metais Básicos, que inclui outros minerais além do minério de ferro, a projeção do Bradesco BBI é de um Ebitda de US$ 518 milhões, com queda de 6% em relação ao primeiro trimestre, mas avanço de 27% em base anual.

O que a revisão da Vale (VALE3) significa para investidores e o mercado?

Embora a redução na estimativa de produção de pelotas seja um fato relevante, a repercussão para a Vale e para seus investidores tende a ser contida. O minério de ferro convencional, que responde pela maior parte do faturamento, segue com suas metas e projeções de produção e vendas mantidas, protegendo o desempenho da companhia.

Investidores podem se manter atentos aos próximos resultados trimestrais da Vale, especialmente no que diz respeito ao segmento de pelotas, que deverá apresentar uma produção menor em 2025 devido à antecipação das manutenções. O impacto no Ebitda e na geração de caixa da companhia será limitado, mas pode influenciar a dinâmica dos preços e dos volumes vendidos.