O Investimento Estrangeiro Direto (IED) é um termo pouco difundido, porém, de grande utilidade. O IED desempenha um papel de extrema importância na economia globalizada de hoje, especialmente para países receptores, como o Brasil.

Você provavelmente já se deparou com algum caso de Investimento Estrangeiro Direto, porém, ainda não se deu conta do que se tratava.

Pensando nisso, o artigo de hoje no Melhor Investimento aborda em detalhes o que é o IED, sua influência no mercado e outros aspectos relacionados. Continue a leitura!

O que é o Investimento Estrangeiro Direto – IED?

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) refere-se ao investimento de uma empresa ou indivíduo de uma localidade em negócios ou ativos em outro país, com o objetivo de estabelecer controle ou influência significativa sobre a empresa receptora. Segundo o Banco Central do Brasil, o IED é considerado direto quando o investidor estrangeiro adquire pelo menos 10% do capital da empresa brasileira.

Um exemplo prático desse tipo de investimento é a aquisição da cervejaria brasileira Ambev pela multinacional belgo-brasileira InBev em 2004. Essa transação resultou na InBev adquirindo uma participação majoritária na Ambev, consolidando sua presença no mercado brasileiro de bebidas.

Segundo o Banco Mundial, entre os benefícios do IED estão:

  • Geração de Empregos
  • Transferência de competências e desenvolvimento
  • Transferência de tecnologia
  • Acesso a redes de marketing internacionais
  • Fonte de financiamento externo
  • Balanço de pagamentos
  • Efeito de transbordamento na economia doméstica
  • Desenvolvimento da infraestrutura

Qual a principal característica de um IED?

A principal característica do IED é o controle ou influência direta que o investidor/empresa estrangeira adquire sobre a empresa receptora. Isso pode ser alcançado através da aquisição de participações acionárias, parcerias estratégicas ou até mesmo do estabelecimento de subsidiárias no país receptor.

Outro exemplo prático foi o investimento da montadora norte-americana Ford no Brasil. Ao estabelecer fábricas e subsidiárias no país, a Ford adquiriu controle sobre suas operações no mercado brasileiro, influenciando diretamente suas estratégias de produção e marketing, sendo muito influente em solo brasileiro desde então.

Como funciona o Investimento Estrangeiro Direto (IED)?

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) é um processo complexo que envolve diversas formas de movimentação de capital e recursos entre países. Essas transações são voltadas para investimentos que visam estabelecer uma presença duradoura em um país estrangeiro. O IED pode se manifestar de várias maneiras, incluindo:

  • Criação de operações: Isso pode incluir a abertura de uma filial estrangeira de uma empresa em outro país. Por exemplo, uma empresa dos Estados Unidos decide estabelecer uma filial no Brasil para expandir suas operações no mercado latino-americano.
  • Aquisição de parte de uma empresa: Um investidor estrangeiro pode adquirir uma participação significativa em uma empresa existente em outro país. Por exemplo, uma empresa chinesa compra uma participação majoritária em uma empresa de tecnologia brasileira.
  • Fusões entre empresas de diferentes países: Duas empresas de países diferentes podem decidir fundir suas operações para criar uma nova entidade. Por exemplo, uma empresa alemã se funde com uma empresa japonesa para expandir sua presença global.
  • Construção de novas instalações: Um investidor estrangeiro pode optar por construir novas instalações em outro país para iniciar suas operações. Por exemplo, uma empresa sueca decide construir uma nova fábrica no México para fabricar seus produtos para o mercado local.
  • Reaplicação de lucros obtidos no exterior: Os lucros obtidos por uma empresa em operações no exterior podem ser reinvestidos para expandir ainda mais suas atividades no país estrangeiro. Por exemplo, uma empresa britânica reinveste os lucros de suas operações na Índia para abrir novas lojas e expandir sua rede de varejo.
  • Empréstimos entre companhias do mesmo grupo econômico: Empresas multinacionais muitas vezes fornecem empréstimos entre suas subsidiárias em diferentes países para financiar projetos e operações. Por exemplo, uma empresa americana empresta dinheiro para sua subsidiária no Brasil para financiar a expansão de suas instalações de produção.

Portanto, quando uma empresa estrangeira investe em uma empresa local em outro país, seja através da aquisição de participação acionária, estabelecimento de operações ou outras formas de investimento, isso representa um Investimento Estrangeiro Direto. Essas movimentações de capital podem criar empresas multinacionais e impulsionar o crescimento econômico nos países receptores.

É importante pontuar que os pequenos negócios, como startups, também podem se beneficiar significativamente do Investimento Estrangeiro Direto, especialmente quando possuem propostas de negócio inovadoras. A entrada de capital estrangeiro pode fornecer recursos adicionais para o crescimento e expansão dessas empresas, facilitando sua entrada em novos mercados e impulsionando a inovação e competitividade.

Dados recentes sobre Investimentos Estrangeiros no Brasil

Março de 2022: O Banco Central anuncia que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 9,59 bilhões. Este valor representa um aumento em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando os investimentos totalizaram US$ 7,34 bilhões. Além disso, é o maior montante registrado para o mês de março desde 2012, quando alcançou US$ 14,96 bilhões.

Primeiros trimestres de 2024: Dados oficiais indicam que nos três primeiros meses do ano corrente, os investidores estrangeiros trouxeram US$ 23,3 bilhões em investimentos ao país. Esse número representa um aumento de 11% em comparação ao mesmo período de 2023, que registrou US$ 21 bilhões em investimentos.

Motivos para o aumento dos investimentos: Economistas apontam que um dos motivos para o Brasil atrair mais investimentos estrangeiros é a manutenção do cenário de crescimento econômico. A atividade produtiva no país continua em um bom nível e o mercado de trabalho está aquecido. Esses fatores contribuem para uma percepção mais positiva por parte dos investidores estrangeiros, que veem no Brasil uma oportunidade maior de rentabilidade para seus investimentos financeiros.

Como investir em empresas internacionais estando no Brasil?

No Brasil, há diversas formas de investir em empresas internacionais. Os interessados podem adquirir ações de empresas estrangeiras listadas em bolsas internacionais, investir em fundos globais ou estabelecer parcerias comerciais com empresas estrangeiras. Além disso, há opções de investimento em portfólio, como ações e títulos estrangeiros, fundos mútuos internacionais e mercados de câmbio estrangeiros.

Um tipo de investimento internacional relativamente comum e recente são os fundos de índice (ETFs) que acompanham o desempenho de mercados estrangeiros, como o S&P 500 nos Estados Unidos ou o FTSE 100 no Reino Unido. Esses fundos oferecem aos investidores exposição diversificada a mercados internacionais, sem a necessidade de selecionar ações individuais.

Para informações detalhadas sobre investimentos no exterior, leia os artigos:

Qual é a diferença entre exportação e investimento direto estrangeiro?

Enquanto a exportação envolve a venda de bens e serviços de um país para outro, o investimento direto estrangeiro implica em um controle mais substancial sobre os ativos ou negócios no país receptor. Enquanto a exportação é uma transação única, o IED estabelece uma presença duradoura e contínua no mercado estrangeiro.

Um exemplo prático dessa diferença é a exportação de commodities agrícolas do Brasil, como soja e carne bovina, para a China. Enquanto as exportações proporcionam uma fonte de receita imediata para os produtores brasileiros, o investimento direto estrangeiro na agricultura brasileira envolveria a aquisição de terras ou estabelecimento de operações agrícolas no país.

Quais os riscos do investimento direto estrangeiro?

Já vimos as vantagens deste tipo de investimento, agora, para uma visão assertiva, é necessário analisas os riscos do investimento direto estrangeiro, que incluem questões políticas, econômicas e regulatórias no país receptor, flutuações cambiais, instabilidade social, mudanças nas políticas governamentais e concorrência local.

Esses fatores podem afetar negativamente o desempenho e a rentabilidade dos investimentos estrangeiros.

Trazendo em termos mais próximos, podemos usar como exemplo a recente crise política e econômica na Argentina, que afetou significativamente os investimentos estrangeiros no país. As políticas governamentais instáveis e as restrições cambiais causaram incerteza e volatilidade nos mercados financeiros argentinos, impactando os retornos dos investidores estrangeiros.

Diferenças entre investimento estrangeiro direto e indireto

Apesar da nomenclatura similar, investimento estrangeiro direto (IED) e investimento estrangeiro indireto (IEI) são duas formas de investimento que diferem em vários aspectos:

  1. Natureza do Investimento:
  • IED: Refere-se à aquisição de ativos tangíveis ou intangíveis em um país estrangeiro, como fábricas, equipamentos, tecnologia, propriedade intelectual ou participação majoritária em empresas locais.
  • IEI: Envolve a compra de títulos financeiros de empresas estrangeiras, como ações ou títulos de dívida, sem necessariamente adquirir controle direto sobre as operações da empresa.
  1. Controle e Gestão:
  • IED: Geralmente implica controle direto ou significativo sobre as operações da empresa no país de destino. Os investidores estrangeiros têm influência na tomada de decisões estratégicas e operacionais.
  • IEI: Os investidores não têm controle direto sobre as operações das empresas nas quais investem. Eles têm voz limitada nas decisões de gestão e operacionais.
  1. Riscos e Benefícios:
  • IED: Os investidores enfrentam riscos e benefícios associados diretamente ao desempenho da empresa no país de destino, como flutuações cambiais, mudanças regulatórias e condições econômicas locais.
  • IEI: Os riscos e benefícios estão mais ligados ao desempenho do mercado financeiro e à saúde financeira das empresas em que investem, sem exposição direta aos fatores específicos do país de destino.
  1. Impacto Econômico e Social:
  • IED: Pode ter um impacto mais direto no desenvolvimento econômico e social do país receptor, incluindo a criação de empregos, transferência de tecnologia e investimento em infraestrutura.
  • IEI: Embora também possa contribuir para o crescimento econômico, o impacto social e econômico do IEI tende a ser menos direto, já que os investidores estão mais preocupados com os retornos financeiros do que com o desenvolvimento local.
  1. Duração do Investimento:
  • IED: Geralmente é um investimento a longo prazo, com compromissos substanciais de capital e uma visão estratégica de longo prazo para expandir as operações no país de destino.
  • IEI: Pode ser mais especulativo e fluido, com investidores frequentemente comprando e vendendo títulos com base em considerações de curto prazo, como flutuações do mercado ou mudanças nas condições econômicas globais.

Em resumo

O Investimento Estrangeiro Direto desempenha um papel chave na economia global, permitindo a transferência de capital, tecnologia e conhecimento entre países. No Brasil, o IED tem sido um importante motor de crescimento econômico e desenvolvimento, impulsionando setores-chave e contribuindo para a geração de empregos e aumento da competitividade.

Porém, como todo tipo de investimento, possui seus riscos associados, sendo essencial que os países receptores adotem políticas e regulamentações adequadas para atrair e gerenciar esses investimentos de forma eficaz, garantindo benefícios mútuos tanto para os investidores estrangeiros quanto para a economia local. 

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.