Inflação em alta: tomate e alimentos frescos impulsionam o IPCA-15 de abril
O IPCA-15 de abril registrou uma variação de 0,43%, refletindo a alta nos preços de alimentos, com destaque para o tomate, que subiu 32,67%.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de abril, a prévia da inflação oficial do Brasil, registrou uma variação de 0,43%. Esse número, embora abaixo do índice de março (0,64%), ainda mantém acesa a preocupação com a aceleração dos preços em determinados setores da economia. A pressão sobre a inflação foi especialmente sentida nos alimentos, com destaque para o tomate, que teve um aumento expressivo de 32,67% no mês.
Aumento no preço dos alimentos
O grande vilão da inflação de abril foi o preço do tomate, que subiu 32,67%, já vindo de uma alta de 12,57% em março. O aumento foi significativo dentro do grupo “Alimentação no Domicílio”, que registrou uma alta geral de 1,29%, contra 1,25% no mês anterior. O tomate sozinho contribuiu com 0,08 ponto percentual para o índice geral do IPCA-15. O aumento da hortaliça impacta diretamente o orçamento das famílias brasileiras, que já enfrentam os reflexos de uma alta generalizada nos preços dos alimentos.
Esse aumento não é isolado, e outros alimentos também mostraram tendência de alta. O café moído teve um aumento de 6,73%, e o leite longa vida subiu 2,44%. Além do tomate, essas variações têm pressionado o bolso do consumidor, especialmente nas classes de alimentos essenciais e frescos, que compõem uma parte significativa do consumo doméstico.
Pressões em outros setores e queda nos combustíveis
Apesar do aumento nos alimentos, alguns setores mostraram alívio. O preço dos combustíveis, por exemplo, foi uma das boas notícias do mês, refletindo a queda no preço do petróleo. A deflação nas passagens aéreas (-14,38%) também ajudou a moderar a inflação de abril. Esses elementos, embora importantes, não foram suficientes para equilibrar o impacto dos alimentos no índice geral.
Os “Bens Industriais” também apresentaram aceleração, passando de 0,17% para 0,53%, uma reação ao fim dos descontos da Semana do Consumidor. O aumento de preços no setor industrial reflete um fenômeno conhecido, onde promoções e descontos temporários influenciam a percepção da inflação, mas não alteram a trajetória estrutural dos preços.
Desafios para o Banco Central e expectativa de ação no próximo período
O Banco Central (BC) segue atento ao comportamento da inflação e suas implicações para a política monetária. Embora o IPCA-15 de abril tenha ficado abaixo de março, economistas ainda acreditam que o BC manterá uma postura cautelosa nas suas reuniões. O núcleo da inflação, que exclui itens mais voláteis, também seguiu estável, registrando uma variação de 0,47%. O Banco Central tem se preparado para novas elevações da taxa de juros, com uma previsão de alta de 0,50 ponto percentual na reunião de maio, alcançando 14,75% ao ano.
Esse aumento pode ser o último do ciclo atual, mas ainda é uma medida necessária para controlar a inflação, que continua pressionada principalmente por alimentos e serviços. Economistas alertam para a necessidade de cautela, pois a inflação de serviços e bens industriais permanece em patamares elevados. O IPCA de abril mostrou que a pressão inflacionária não se limita aos bens mais voláteis, como combustíveis e passagens aéreas, mas também persiste em produtos do dia a dia, como alimentos.