Prévia de inflação reforça expectativa de Selic alta por mais tempo
A prévia da inflação para julho, medida pelo IPCA-15, veio acima das expectativas do mercado, refletindo uma variação de 0,30%, superior à mediana esperada de 0,23%. Esse cenário tem levado os economistas a preverem que o Banco Central do Brasil manterá a taxa Selic em 10,5% por um período prolongado. A surpresa nos números foi […]

A prévia da inflação para julho, medida pelo IPCA-15, veio acima das expectativas do mercado, refletindo uma variação de 0,30%, superior à mediana esperada de 0,23%. Esse cenário tem levado os economistas a preverem que o Banco Central do Brasil manterá a taxa Selic em 10,5% por um período prolongado. A surpresa nos números foi alimentada principalmente por variações inesperadas em itens voláteis e serviços subjacentes, destacando a necessidade de um ajuste contínuo na política monetária para conter a inflação.
Componentes da inflação superam expectativas
O IPCA-15 de julho revelou surpresas negativas significativas em vários componentes. Itens voláteis, como passagens aéreas e seguros de automóveis, apresentaram aumentos consideráveis. As passagens aéreas subiram 19,2%, muito acima da projeção de 8%, enquanto os seguros de automóveis também apresentaram alta inesperada. Além disso, a inflação de serviços subjacentes superou as expectativas, com uma variação de 0,58% contra uma estimativa de 0,35%, e a leitura excluindo alimentação fora do domicílio teve uma alta de 0,70%, superior à projeção de 0,36%.
Perspectiva do Banco Central
Mesmo com a deterioração nas expectativas inflacionárias, a maioria dos economistas acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter a Selic em 10,5% na próxima reunião. Mirella Hirakawa, coordenadora de pesquisa da Buysidebrazil, destaca que, apesar da composição do IPCA-15 ter vindo pior do que o esperado, não se antecipa uma discussão imediata sobre a elevação adicional dos juros. O Copom deve, no entanto, comentar sobre a deterioração da composição inflacionária na próxima reunião.
Análise de economistas
Tatiana Pinheiro, economista chefe da Galapagos Capital, atribui a surpresa no IPCA-15 a uma deflação menor em alimentos do que o esperado e ao aumento significativo em serviços, especialmente passagens aéreas e serviços bancários. Ela projeta que a inflação permanecerá elevada, reforçando a expectativa de que o Banco Central manterá a Selic alta por mais tempo. Por outro lado, Leonardo Costa, economista do ASA, revisou sua estimativa para o IPCA de julho para 0,37% e alertou que a inflação de 2024 e 2025, atualmente estimada em 4%, pode ter um viés de alta.
Expectativas para 2024 e 2025
As previsões para a inflação nos próximos anos também estão sendo ajustadas. Igor Cadilhac, economista do PicPay, mantém sua projeção de 4,3% para o IPCA em 2024, mas observa que há riscos adicionais, como a desvalorização cambial e a desancoragem das expectativas inflacionárias. Leonardo Costa ajustou suas previsões para 2024 e 2025, destacando que a inflação pode permanecer elevada devido a diversos fatores econômicos.
Perspectiva dos bancos
O Bradesco e o Itaú consideram que, apesar da inflação ter superado as expectativas, a dinâmica geral da inflação não deve mudar drasticamente, pois a surpresa foi concentrada em itens voláteis. O Bradesco projeta uma inflação de 4,1% para o ano, enquanto o Itaú espera que a inflação de serviços continue pressionada. Ambos os bancos acreditam que o cenário inflacionário não mudará de forma significativa no curto prazo.
Impactos no cenário econômico
Rafaela Vitória, economista chefe do Inter, ressalta que, apesar da inflação ter superado as expectativas, a política monetária ainda se mantém restritiva. Ela alerta que o aumento das despesas públicas e o ambiente de mercado de trabalho aquecido estão exercendo pressão sobre a inflação. Isso sugere que a Selic pode continuar alta por um período prolongado, principalmente se o governo mantiver a expansão fiscal e o mercado de trabalho continuar aquecido. A combinação de uma política fiscal expansiva e um mercado de trabalho apertado pode impactar negativamente a inflação, forçando o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa em relação à taxa de juros.