O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça (17) e quarta-feira (18) para decidir o novo patamar da taxa Selic no Brasil. A decisão, que afeta diretamente a economia do país, tem dividido opiniões entre os gestores multimercados. Segundo uma pesquisa recente da XP, metade dos especialistas aposta em aumento para 15%, enquanto a outra metade espera manutenção em 14,75%.

Divergência entre gestores sobre o próximo patamar da Selic

A pesquisa XP ouviu 27 gestores de fundos macro entre os dias 4 e 12 de junho, revelando um cenário de incerteza para a próxima reunião do Copom. Metade dos gestores acredita que a taxa básica de juros será elevada em 0,25 ponto percentual, chegando a 15%. A outra metade projeta que os juros permanecerão no nível atual de 14,75%.

Esse empate reflete as diferentes avaliações sobre a inflação, o desempenho da economia global e a situação fiscal do Brasil. A decisão do Copom é aguardada com atenção pelo mercado financeiro, já que a Selic influencia diretamente o custo do crédito, os investimentos e o consumo.

Expectativas para a Selic ao fim de 2025 e impacto na economia

Apesar da divergência quanto ao próximo aumento, a média das projeções dos gestores para a Selic no fim do ano está em 14,83%, ligeiramente acima dos 14,77% previstos na última pesquisa de maio. Essa leve alta nas expectativas indica um cenário ainda de juros elevados, mas com possível estabilidade ao longo dos próximos meses.

Além disso, a pesquisa XP também apontou que a expectativa para a inflação em 2025 caiu para 5,35%, abaixo da estimativa do mercado, que está em 5,44%, conforme relatório Focus. Essa revisão para baixo reflete a redução das pressões cambiais sobre os preços.

No âmbito do crescimento econômico, os gestores elevaram a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2,11% para 2,38% em 2025, indicando uma visão mais otimista para a recuperação da economia brasileira.

Mudanças no mercado de juros e estratégias dos gestores

O levantamento mostrou um aumento na posição neutra dos gestores no mercado de juros, tanto em juros nominais quanto reais. Esse movimento pode indicar que o ciclo de alta da Selic está próximo do fim.

Outro destaque foi a mudança na exposição cambial. As posições compradas em dólar despencaram de 70% em janeiro para apenas 5% em junho, enquanto as posições vendidas aumentaram para 95%. Por outro lado, 100% dos gestores que atuam em euro estão comprados, o que destaca a Europa como um dos principais destinos para o fluxo global de investimentos.

Essa mudança tática reflete uma busca por desdolarização e diversificação em um cenário de incertezas internacionais.

Perspectiva dos gestores sobre a economia global e brasileira

A visão dos gestores em relação à economia global melhorou significativamente. A percepção negativa caiu de 68% para 41%, enquanto as visões neutras e positivas aumentaram para 44% e 15%, respectivamente. O principal fator apontado para essa melhora foi o “alívio das tensões comerciais” entre grandes economias.

No cenário nacional, a percepção negativa também recuou de 35% para 22%, com aumento das visões neutras e positivas. Essa melhora no sentimento pode influenciar positivamente o ambiente de investimentos no Brasil.

Mercado de ações no Brasil e no exterior

No mercado de ações dos Estados Unidos, a maioria dos gestores (52%) mantém uma posição neutra, apesar do aumento na compra de ações, que passou de 23% para 37%. Em relação ao mercado brasileiro, também houve leve crescimento nas posições compradas, de 42% para 44%

No restante do mundo, 85% dos gestores adotam uma postura mais cautelosa, sinalizando atenção aos riscos globais, mas também disposição para aproveitar oportunidades.