O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, nesta segunda-feira (17), trouxe uma série de atualizações importantes sobre as projeções econômicas para 2025. Analistas reduziram as estimativas para inflação, PIB e o valor do dólar, indicando ajustes nas expectativas para o cenário econômico do próximo ano. As mudanças nas projeções refletem as previsões ajustadas para os principais indicadores econômicos do Brasil e podem impactar o planejamento das empresas e dos consumidores no futuro próximo.

Redução nas projeções para 2025: o que esperar para o PIB, inflação e dólar?

De acordo com o Boletim Focus, as expectativas para o desempenho da economia brasileira em 2025 foram ajustadas, refletindo um cenário de crescimento mais moderado. As projeções para inflação, dólar e PIB sofreram revisões, sendo o PIB o indicador com a maior redução.

A inflação para 2025 foi ligeiramente revisada para baixo, passando de 5,68% para 5,66%. Essa leve queda reflete a expectativa de um cenário mais controlado para os preços, embora a projeção ainda esteja acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Em relação ao dólar, a previsão para 2025 foi ajustada de R$ 5,99 para R$ 5,98, apontando uma expectativa de valorização do real em relação à moeda americana, mas de forma gradual.

O PIB também teve uma revisão negativa, caindo de 2,01% para 1,99%, o que sugere um crescimento mais tímido da economia brasileira no próximo ano. Esses ajustes nas projeções refletem a continuidade de desafios econômicos, como a inflação persistente e a instabilidade externa, com impacto direto no desempenho das empresas e no poder de compra dos consumidores.

Expectativas para a inflação e os preços administrados

Em relação à inflação em anos subsequentes, a projeção para 2026 subiu de 4,40% para 4,48%, o que sugere uma ligeira aceleração nos preços no médio prazo. Para 2027, a projeção foi mantida em 4,00%, enquanto para 2028, a estimativa subiu de 3,75% para 3,78%. Esse aumento nas expectativas de inflação pode refletir a continuidade de pressões sobre a economia, especialmente em um cenário internacional volátil.

Uma parte importante da inflação é composta pelos preços administrados, que são ajustados pelo governo, como combustíveis e tarifas públicas. As projeções para os preços administrados no IPCA também foram ajustadas para 2025, subindo de 4,99% para 5,05%. Para 2026, a estimativa passou de 4,19% para 4,21%. Essa alta nas projeções reflete a expectativa de um cenário mais pressionado para os consumidores, com ajustes nos custos de bens e serviços essenciais.

Além disso, a projeção para o IGP-M, índice importante para o mercado imobiliário, foi mantida em 5,62% para 2025. O IGP-M é utilizado para reajustar contratos de aluguel, sendo um indicador-chave para os inquilinos e proprietários de imóveis. As estimativas para 2026 aumentaram ligeiramente, de 4,54% para 4,55%, enquanto para 2027 e 2028, a inflação do IGP-M permaneceu em 4%.

PIB: expectativas de crescimento e desafios para a economia brasileira

A projeção para o PIB em 2025 reflete um cenário de crescimento mais contido. A expectativa de crescimento de 1,99% para 2025 é uma revisão para baixo em relação à previsão anterior de 2,01%. Para os anos subsequentes, a mediana das projeções para o PIB de 2026 caiu de 1,70% para 1,60%, enquanto para 2027 e 2028, a estimativa se manteve em 2%. Esse crescimento moderado reflete uma série de fatores, como a desaceleração da economia global, os desafios fiscais internos e a necessidade de reformas estruturais no Brasil.

O impacto desses ajustes no PIB será significativo para o mercado de trabalho, investimentos e a capacidade de consumo das famílias. A expectativa de crescimento mais baixo coloca em destaque a necessidade de políticas econômicas mais assertivas e reformas que possam impulsionar o potencial produtivo do país.

Selic: o que esperar para os juros nos próximos anos?

A taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 15% para 2024, sem mudanças nas projeções das últimas semanas. Para os anos seguintes, as estimativas indicam uma desaceleração na taxa de juros, com a Selic projetada em 12,50% para 2026, 10,50% para 2027 e 10% para 2028. Essas estimativas sugerem que o Banco Central deve adotar uma postura cautelosa, mantendo os juros elevados por um período mais longo para controlar a inflação, mas com um cenário de redução gradual à medida que a economia se estabiliza.

As perspectivas para a Selic são importantes para o custo do crédito no Brasil, afetando diretamente os empréstimos e financiamentos tanto para consumidores quanto para empresas. A estabilidade da Selic também indica um cenário de juros altos, que pode manter a inflação sob controle, mas também representar um desafio para o crescimento econômico.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.