Preços do café disparam no Brasil: aumento de até 30% a partir de 2024
A partir de 2024, os consumidores brasileiros enfrentarão aumentos de até 30% nos preços do café, devido à escassez do grão causada por condições climáticas adversas.

O mercado de café no Brasil enfrentará aumentos significativos nos preços a partir de 2024. As principais torrefadoras, como a JDE Peet’s, 3Corações e Melitta, já confirmaram que irão reajustar os preços em até 30% devido a uma combinação de fatores, incluindo uma colheita prejudicada por condições climáticas adversas e a alta nos preços globais do café. Este impacto no preço do café, que afeta diretamente os consumidores brasileiros, é resultado de uma crise que atinge tanto o Brasil quanto o Vietnã, os dois maiores produtores de café do mundo.
O que está por trás dos aumentos de preços no café?
As principais torrefadoras de café no Brasil anunciaram que, a partir de janeiro de 2024, os preços dos produtos de café sofrerão aumentos significativos. A JDE Peet’s, responsável por marcas conhecidas como L’Or, Jacobs e Douwe Egberts, aumentará os preços em média 30%. Já a 3Corações, uma das líderes do setor, aplicará reajustes de 11% em janeiro, depois de já ter aumentado os preços em 10% em dezembro de 2023. A Melitta, por sua vez, registrou um aumento de 25% neste mês.
Os ajustes nos preços são motivados por uma série de fatores, mas a principal razão apontada pelas empresas de café é a crise climática. O Brasil e o Vietnã, que juntos representam mais de 50% da produção mundial de café, enfrentaram condições climáticas adversas em 2023, o que impactou diretamente as safras e levou à escassez do grão. A seca prolongada e as temperaturas extremas prejudicaram as colheitas, fazendo com que os preços disparassem.
Quando os preços começarão a subir?
Os consumidores brasileiros começarão a perceber os aumentos de preços no início de 2024, à medida que as novas políticas de preços das torrefadoras entram em vigor. As marcas, que já haviam anunciado aumentos em seus preços nas últimas semanas de 2023, ajustaram seus preços em resposta ao impacto da escassez do grão verde, que subiu cerca de 30% nas últimas cinco semanas. Os aumentos não estão restritos apenas ao mercado brasileiro. As torrefadoras também devem implementar ajustes em outros países, especialmente no final de março de 2024, quando os contratos de longo prazo com os varejistas expirarem.
Por que os preços do café subiram tanto?
A escalada nos preços do café verde tem sido impulsionada por uma combinação de fatores climáticos e econômicos. No Brasil e no Vietnã, os maiores produtores de café do mundo, a seca e o clima irregular têm prejudicado as colheitas, resultando em uma oferta reduzida do grão. Além disso, a demanda por café tem se mantido alta, enquanto os custos de produção e transporte aumentaram, forçando as torrefadoras a repassarem esses custos aos consumidores.
Os preços globais do café atingiram níveis recordes, com um aumento de cerca de 80% neste ano. Esse cenário não é exclusivo do Brasil: mercados internacionais também enfrentam preços elevados, e a expectativa é que os consumidores de supermercados e outros pontos de venda sintam os efeitos já no final de março de 2024.
O impacto para os consumidores e o mercado de café no Brasil
Apesar de o consumo de café ser, em geral, inelástico, ou seja, os consumidores não costumam reduzir o consumo substancialmente com o aumento de preços, especialistas apontam que os preços elevados podem desencadear uma reação no mercado, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Com a alta dos preços, é possível que os consumidores busquem alternativas mais baratas, como cafés de marcas menos conhecidas ou mesmo outras bebidas.
Além disso, a crise de custo de vida e a inflação também afetam o poder de compra da população, o que pode reduzir o consumo de produtos premium, como os cafés em cápsulas. Como resultado, as empresas de café podem enfrentar desafios na hora de repassar completamente os aumentos de preços para os consumidores, o que pode levar a uma desaceleração nas vendas e a uma reavaliação das estratégias de marketing.
O que esperar de grandes empresas de café?
Grandes torrefadoras como a Nestlé e a JDE Peet’s já enfrentam dificuldades. Ambas as empresas registraram quedas significativas em suas ações em 2023, em torno de 20%, devido à pressão sobre as margens de lucro. A Nestlé, maior empresa de café do mundo, também teve que lidar com a perda de participação de mercado e crescimento mais lento nas vendas, o que levou à demissão do chefe da divisão de café. A situação reflete as dificuldades do setor em um contexto de aumento de preços e mudança nos hábitos dos consumidores.
Embora o mercado de café continue a crescer globalmente, os próximos meses serão desafiadores para as empresas que dependem da venda de café para supermercados e outros pontos de venda. As torrefadoras terão que encontrar formas de equilibrar a necessidade de aumentar os preços com a demanda por preços mais acessíveis, especialmente em tempos de incerteza econômica.
Como as empresas de café estão respondendo ao aumento de preços?
As torrefadoras brasileiras e globais têm reagido ao aumento dos preços do café com ajustes nos estoques e nos contratos com os varejistas. A JDE Peet’s, por exemplo, tem revisado sua estratégia de preços para tentar equilibrar os custos de produção e a demanda do mercado. De acordo com traders, as empresas também estão fazendo ajustes em seus portfólios de produtos para mitigar os impactos dos aumentos de preço, oferecendo mais opções de café de menor custo ou ajustando as embalagens para manter os preços acessíveis.