PPI dos EUA sobe 0,3% em setembro após atraso por shutdown; energia puxa alta

Núcleo do PPI fica abaixo do esperado e economistas avaliam efeitos das tarifas de Trump.

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Última atualização:  25 de nov, 2025 às 16:30
PPI EUA SETEMBRO Foto: Reprodução Agrimídia

A divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI, também chamado de IPP) dos Estados Unidos referente a setembro de 2025 saiu nesta terça-feira (25) devido ao shutdown de 43 dias que paralisou parte do governo americano e empurrou para frente uma série de indicadores econômicos.

O dado mostrou alta de 0,3%, exatamente em linha com as projeções de mercado, revertendo a queda de 0,1% registrada em agosto. Em 12 meses, o índice acumula avanço de 2,7%, indicando pressão moderada, porém persistente, sobre os preços ao produtor.

Núcleo do PPI fica abaixo do esperado

O núcleo do PPI (que exclui alimentos, energia e serviços de comércio) subiu 0,1%, abaixo da estimativa de 0,2%. Em 12 meses, acumula 2,9%, também menor do que o esperado pelos analistas.

Energia lidera alta; serviços ficam estáveis

O resultado mensal foi puxado pelos bens de demanda final, que avançaram 0,9%, com destaque para o salto de 11,8% na gasolina. Também contribuíram as altas em carnes, energia elétrica residencial e veículos.

Já os serviços de demanda final ficaram estáveis: a alta em transporte e armazenagem foi compensada pela queda nas margens do varejo e do atacado.

Pressões no estágio intermediário preocupam

Nos bens e serviços intermediários, considerados um termômetro importante para pressões futuras de inflação, houve avanço em todas as categorias:

  • Bens processados: +0,4%
  • Bens não processados: +0,1%
  • Serviços intermediários: +0,1%

Gasolina, milho e serviços de atacado figuram entre os principais responsáveis pela aceleração.

O que diz o mercado: tarifas e combustíveis no radar

Para Mônica Araujo, economista-chefe da InvestSmart XP, o resultado veio exatamente como o mercado esperava e reforça a leitura de que o choque está concentrado em energia:

“O PPI de setembro veio em linha, em 0,3%, revertendo a queda de agosto. Os custos de combustível pesaram mais e puxaram o índice cheio. Já o núcleo subiu só 0,1%, abaixo do esperado”, afirma.

A economista destaca ainda que, embora o número seja defasado por conta do shutdown, é relevante acompanhar como as tarifas comerciais impostas pelo presidente Trump estão afetando a economia real:

“O mercado corporativo está se adaptando e limitando o repasse integral do aumento de custos de componentes importados. Isso é um ponto-chave para entender a dinâmica de preços nos próximos meses”, diz.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.