O ano de 2024 iniciou com um cenário de cautela na bolsa americana, mas a expectativa é de que essa postura hesitante possa se transformar ao longo desta semana. A temporada de balanços e os anúncios dos planos de recompra de ações, programados para os próximos dias, surgem como elementos-chave que poderão moldar o rumo do mercado. Os investidores, confiantes de que tais medidas podem impulsionar a recuperação observada no ano anterior, estão atentos a possíveis sinais de sustentação desse cenário.

Os otimistas que depositam suas expectativas na Bolsa dos EUA vislumbram esse apoio como uma possível âncora, especialmente diante da postura defensiva adotada por fundos de hedge e investidores de varejo. Esse comportamento é uma reação ao robusto rali no final do ano passado e às crescentes preocupações relacionadas ao timing dos cortes nas taxas do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

Brian Reynolds, estrategista-chefe de mercado da Reynolds Strategy, conhecido por antecipar a queda decorrente da crise financeira global de 2008, compartilha sua perspectiva otimista para 2024. Ele prevê uma jornada desafiadora nos próximos meses, destacando a postura pessimista das instituições. Reynolds enfatiza que, assim que as vendas se estabilizarem, as empresas poderão adotar estratégias de recompra de ações para impulsionar seus valores.

Desafios nas recompras de ações

No entanto, as empresas norte-americanas têm mostrado relutância em efetuar recompras de ações, principalmente devido ao aumento das taxas de juros pelo Fed, visando combater a inflação e, consequentemente, elevando os custos dos empréstimos. Segundo a Bloomberg Intelligence, as recompras diminuíram por cinco trimestres consecutivos após atingirem um recorde em 2022.

Com o Fed sinalizando uma possível redução nas taxas e a perspectiva de melhoria no crescimento dos lucros, os investidores agora aguardam uma maior aplicação de capital no mercado de ações por parte das empresas.

Perspectivas para a bolsa americana 2024

Embora o destino da Bolsa americana não dependa exclusivamente das recompras, elas representam uma das maiores forças compradoras, totalizando quase US$ 1 trilhão por ano. As empresas do S&P 500 desembolsaram quase US$ 800 bilhões em recompras no ano passado, uma queda de quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Bloomberg.

Segundo dados preliminares da S&P Dow Jones, que utiliza uma metodologia diferente, espera-se que as empresas do S&P 500 destinem pelo menos US$ 840 bilhões para recompras em 2024. No terceiro trimestre, as recompras corporativas totalizaram uma queda de 18% em relação ao ano anterior, conforme apontado por Wendy Soong, analista sênior da Bloomberg Intelligence.

Panorama atual

No quarto trimestre, mais de 40 empresas do S&P 500 anunciaram recompras, totalizando cerca de US$ 163 bilhões, quase um terço a menos do que no ano anterior. Entre essas empresas estão a Cigna Group e a Adobe, ambas com recursos disponíveis após não concluírem aquisições planejadas.