Natura (NTCO3) despenca quase 20% após resultados decepcionantes do 4T24
As ações da Natura (NTCO3) caíram 20% após o anúncio dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), que ficaram bem abaixo das expectativas do mercado.
Natura (NTCO3) despenca quase 20% após resultados decepcionantes do 4T24
A Natura (NTCO3) enfrentou um revés significativo no mercado após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). A ação da empresa despencou quase 20%, sendo negociada a R$ 10,97 às 10h20 (horário de Brasília), após um desempenho abaixo das expectativas do mercado. O principal fator responsável pela queda foi o aumento nas despesas, que comprometeram a rentabilidade, apesar das boas perspectivas de receita líquida.
Desempenho financeiro do 4T24 e os principais fatores de decepção
A Natura apresentou no 4T24 um Ebitda ajustado até 35% abaixo das previsões do mercado, resultando em um impacto direto no preço das ações da empresa. Embora a receita líquida tenha superado as expectativas, o aumento significativo das despesas foi o principal responsável pelo desempenho abaixo do esperado. Mesmo com um lucro por ação ajustado de R$ 0,17, que reverteu as perdas do ano anterior, a expectativa de R$ 0,24 foi frustrada.
De acordo com o JPMorgan, os ajustes e a inclusão de despesas relacionadas aos investimentos em TI e sistemas capitalizados anteriormente contribuíram para esse cenário. O banco também destaca que, apesar dos ganhos fiscais e do impacto positivo das operações de hedge nas despesas financeiras, a margem bruta foi impactada por um mix de categorias menos rentáveis e esforços promocionais da empresa. O JPMorgan mantém a recomendação de “compra”, com preço-alvo de R$ 21, mas ressalta que o desempenho abaixo do esperado no 4T24 traz riscos de baixa para as expectativas de curto prazo.
Impacto da dívida líquida e do fluxo de caixa no desempenho da Natura
A Natura enfrenta desafios em sua estrutura financeira, com uma dívida líquida que atingiu R$ 3 bilhões no 4T24. Isso resultou em uma relação dívida líquida/Ebitda de cerca de 2 vezes (considerando o financiamento de fornecedores), acima do alvo de estrutura de capital da empresa de 1,5 vez. Esse cenário gera uma pressão sobre os dividendos futuros, dado o consumo de caixa de R$ 41 milhões no trimestre.
Além disso, a companhia está lidando com ajustes devido à reincorporação da Avon International e aos esforços de integração das operações na América Latina, o que ainda limita a visibilidade sobre a geração de fluxo de caixa. Apesar disso, o Bradesco BBI observou que a dívida líquida da Natura foi reduzida de R$ 3,7 bilhões no 3T24 para R$ 2,4 bilhões, o que representa uma melhoria, mas com impacto negativo no índice de dívida líquida/Ebitda, devido à queda do Ebitda.
Vendas da Natura Brasil e desafios na recuperação das operações da Avon
No lado positivo, a Natura Brasil continuou a apresentar bom desempenho nas vendas, especialmente no mercado interno e na América Latina. No entanto, a margem bruta da empresa sofreu uma desaceleração inesperada, caindo para 63,2%, impactada por um mix de produtos menos rentáveis (como presentes) e a necessidade de promoções. As despesas operacionais também foram mais altas do que o esperado, especialmente os custos com TI, que foram convertidos em despesas operacionais, afetando negativamente a margem Ebitda ajustada.
Ao mesmo tempo, a Avon América Latina ainda enfrenta dificuldades na recuperação de suas vendas, o que impactou diretamente o desempenho global da Natura&Co. O BTG Pactual observou que, ao excluir a Avon International dos resultados, os números ficaram abaixo das expectativas do banco, com destaque para o aumento das despesas gerais e administrativas (SG&A) e a fraca margem bruta.